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Tapioqueira denuncia ação truculenta da PM no Centro do Recife; veja vídeo

Imagens mostram a tapioqueira Cristiane Santos, de 35 anos, no chão da Rua Sete de Setembro, no centro do Recife, cercada por policiais militares. Ela foi levada à delegacia por não ter fechado a barraca dentro do horário permitido para o funcionamento do comércio de rua

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Luisa Farias

Publicado em 19/06/2021 às 9:27 | Atualizado em 19/06/2021 às 9:43
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Com informações do repórter Michael Carvalho, da TV Jornal

Era por volta de 21h dessa sexta-feira (18) quando quatro policiais militares abordaram a tapioqueira Cristiane Santos, de 35 anos, afirmando que ela deveria fechar imediatamente a sua barraca, localizada na Rua Sete de Setembro, no bairro da Boa Vista, centro da capital pernambucana. As atuais restrições impostas pelo Governo de Pernambuco para o comércio de rua permitem o funcionamento até as 20h. 

Segundo Cristiane, ela já havia parado de atender, mas precisava de mais um tempo para organizar e guardar o material de trabalho, pois trabalhava sozinha e esse processo requer muito esforço. De acordo com o que ela relatou, os policiais não compreenderam a situação e alegaram que iriam levá-la para a delegacia. Em seguida, outros policiais chegaram e a teriam abordado de forma truculenta. 

"Eles disseram que já chegou o horário e eu tinha que fechar. Eu estava fechando, aí o policial falou 'a gente vai para a delegacia, que você está demorando muito'. Eu falei 'eu trabalho só e são muitos itens e não dá para ser no tempo de vocês'. Aí eles falaram: 'você quer ensinar a gente a fazer o serviço?'. Eram quatro, me puxaram com tudo, dizendo que iam me levar para a delegacia. Eu disse que eu queria até o primeiro momento, mas eu precisava primeiro fechar as minhas coisas. Eles pediram reforço, vieram umas 10 viaturas para uma trabalhadora, sendo que para um ladrão não acontece isso", afirmou, em entrevista à TV Jornal na manhã deste sábado (19). Cristiane Santos trabalha no local há pelo menos três anos.  

Em imagens enviadas para o WhatsApp da TV Jornal, é possível ver o filho de Cristiane chorando enquanto a PM aborda ela, que está no chão, cercada por pelo menos três policiais. Outros comerciantes e pessoas que passavam pelo local questionam a abordagem da polícia. 

"Eu nem me recordo, mas eu acho que eu fui empurrada. Porque era muita gente, eu ia para um lado, eu ia para outro, porque eu não estava querendo ir, eu queria primeiro fechar a minha carroça, depois da finalização da carroça, eu iria, não tinha problema nenhum eu ir", afirmou. 

Boletim de ocorrência

Ao final, ela foi encaminhada para a Central de Plantões da capital, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, e só foi liberada após o pagamento de uma fiança de R$ 1 mil. Cristiane registrou um boletim de ocorrência contra a ação dos policiais.

"Eu quero justiça, porque isso está errado. Eles têm que ter paciência, eu sou um ser humano que está tentando levar o pão de cada dia para casa, eu não estou roubando", disse. "Eu tenho um filho para sustentar. Eu queria que quando eles fossem abordar, soubessem fazer o trabalho deles direito. Eles têm noção que é muita coisa para uma pessoa sozinha, eu sou mulher, e não tinha uma mulher no local, eles vieram tudo para cima de mim, e os populares vieram todos em cima deles também". 

A TV Jornal entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar de Pernambuco solicitando posicionamento da instituição, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria. 

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