SUSTENTABILIDADE

Catadores de sururu da Ilha de Deus, no Recife, recebem visita de designer sueca para projeto de sustentabilidade com o resíduo da pesca

Pioneira no Recife, a iniciativa pretender usar a casca do molusco - material descartado e sem valor econômico - em itens de decoração e artesanato

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Julianna Valença

Publicado em 03/12/2021 às 17:38 | Atualizado em 03/12/2021 às 18:07
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Do trabalho árduo da coleta dos sururus em meio a lama, limpeza e separação da parte comestível da dura casca, a pesca do molusco é a principal renda de grande parte dos moradores da comunidade Ilha de Deus, no bairro de Brasília Teimosa, Zona Sul do Recife. A atividade chamou a atenção da designer sueca Frida Andersson, que veio à cidade nesta sexta-feira (3) para desenvolver um projeto de sustentabilidade com o grupo.

 

ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Projeto Sururu da Ilha de Deus ganha a atenção da Enbaixada da Suécia e recebe a visita da Design Frida Andersonn para reaproveitamento das cascas de sururu. - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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Projeto Sururu da Ilha de Deus ganha a atenção da Enbaixada da Suécia e recebe a visita da Design Frida Andersonn para reaproveitamento das cascas de sururu. - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
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Projeto Sururu da Ilha de Deus ganha a atenção da Enbaixada da Suécia e recebe a visita da Design Frida Andersonn para reaproveitamento das cascas de sururu. - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Em parceria com o Consulado da Suécia no Brasil,  Andersson analisou a casa do animal - item rico em cálcio, silício, alumínio, ferro e sódio -, parte da pesca que é inteira descartada, para pensar em produtos que poderiam ser desenvolvidos a partir dela. As opções iniciais foram variadas: desde cobogós, a itens de decoração e peças de artesanato.

“A ideia é que seja desenvolvida uma peça multiuso, de valor agregado, mas que seja facilmente assimilável, pode ter finalidade de lazer, mas também decorativa. A ideia é que o mercado desperte um interesse para isso e a comunidade de catadores possa incrementar sua economia”, declarou Frida Andersson.

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Projeto Sururu da Ilha de Deus ganha a atenção da Enbaixada da Suécia e recebe a visita da Design Frida Andersonn para reaproveitamento das cascas de sururu. - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

Além do Recife, a profissional também visitou uma comunidade envolvida com a pesca de sururus em Maceió, Alagoas, para desenvolver um trabalho similar. Ambas as ações são realizadas pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) e financiadas pelo Swedish Institute.

“Esse é um projeto muito interessante e pioneiro no Recife. Essa é a primeira vez que Frida vem ao Brasil. Ela já realizou uma primeira visita na comunidade da Ilha de Deus na quinta-feira (2) e está fazendo a concepção de como será o aproveitamento dessas cascas de sururu”, afirmou o cônsul da Suécia em Pernambuco, Eric Limongi Sial, responsável pela vinda da design.

"Projeto Sururu" no Recife

Também nesta sexta-feira (3), aconteceu a segunda reunião sobre implantação do Projeto Sururu, no Recife. De acordo com a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, a ideia é implementá-lo o quanto antes. "Estamos em processo de construção e entendimento, o nosso desejo é entender que os resíduos não não são lixo e são rentáveis. Além de que eles podem sim serem ressignificados. O próximo passo é a IABS realizar construir um projeto de estudo para entender a localidade", explicou a vice-prefeita. 

Segundo Isabella, a sustentabilidade tem sido pauta importante para o desenvolvimento da economia do Recife. "Projetos como esse são importantes para damos um novo significado aos resíduos do Recife. Esses materiais deixam de ser um atrapalho para ser um composto, algo usável e que envolve a comunidade, já que gera renda", concluiu.

Economia Circular

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Projeto Sururu da Ilha de Deus ganha a atenção da Enbaixada da Suécia e recebe a visita da Design Frida Andersonn para reaproveitamento das cascas de sururu. - ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

A ação pensada pelo grupo se encaixa na prática de uma economia circular, na qual é empregado um modelo de negócio que melhor utiliza os recursos naturais. Neste modelo, a produção e comercialização dos itens é redesenhada de forma a preservar o meio ambiente.

"A economia circular ela é uma das ações estratégicas do IABS, desenvolvemos esses projetos em outras regiões do Brasil e é uma possibilidade da nós, através de ações de reciclagem de resíduos, trazermos benefícios para as comunidades. Precisamos ressignificar o nosso olhar para os resíduos e enxergar eles como oportunidade", enfatizou a diretora do IABS, Roberta Roxilene.

Na manhã desta sexta-feira (3), um webinar com o tema "Economia Circular: repensando resíduos por meio do design" foi realizado pelo IABS, através do seu canal do YouTube. A apresentação contou com a abordagem do reaproveitamento das cascas de sururu e teve a participação de Frida Andersson, Lisa Qvarfordt da embaixada da Suécia, representantes do Ecossistema Sururu Mundau, em Maceio (AL), e a vice-prefeita do Recife Isabella de Roldão. 

"Temos alegria de poder participar quanto gestão pública neste importante momento de discussão, onde a pauta de sustentabilidade deixou de ser o discurso do politicamente correto para ser o extremamente necessário e urgente. Recife precisa assumir essa pauta com muita responsabilidade e ousadia, pois é uma coisa que mexe com a vida das pessoas", afirmou Isabella de Roldão no webinar.

O ecossistema de inovação social Lagoa Mundaú, localizado em Maceió, Alagoas, é uma iniciativa conjunta realizada pelo BIDLab e pela Prefeitura De Maceió, em parceria com a Braskem, Sebrae Alagoas, Desenvolve e a Universidad Politécnica de Madrid, implementado pelo IABS. Com os resíduos do local, são produzidos vários produtos, dentre eles revestimentos e cobogós. A peça é desenhada pelos arquitetos Marcelo Rosenbaum e Rodrigo Ambrosio.

"Esses resíduos da pesca são descartados de qualquer forma na cidade e geram um problema de saúde pública. Foram feitos inúmeros seminários sobre economia circular, oficinas, cursos com a comunidade, além também de desenvolvidos projetos de pesquisa e inovação acerca dos resíduos da cadeia produtiva do sururu. Tudo isso deságua no fomento da economia local”, enfatizou Roberta Roxilen.

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