Point da intelectualidade recifense, a Rua Mamede Simões, no bairro de Santo Amaro, transformou-se em cenário da violência urbana na madrugada da quinta para sexta-feira (7). O artista Andreyvson Richard da Silva, 25 anos, foi esfaqueado após uma discussão. Ele era conhecido como Japa Rua, numa referência à sua atuação pelas ruas da cidade, recitando poesias nos ônibus, na rua e no metrô, participava de grupos de grafitagem e de batalhas de hip hop. A morte do jovem chama atenção para a insegurança no Centro do Recife (em especial Santo Amaro) e também provocou revolta de movimentos sociais pela morte precoce de um jovem negro que lutava por justiça social.
Segundo testemunhas, o crime aconteceu por volta das 23h30 da quinta-feira (6) e Japa morreu na madrugada da sexta-feira (7). Japa e o agressor teriam discutido e depois o agressor fugiu. Japa correu atrás dele, mas depois voltou e se sentou em uma cadeira. Foi só nesse momento que o artista percebeu que estava ferido. Nem as pessoas em volta nem ele mesmo percebeu o golpe de faca que seria letal.
Ainda de acordo com testemunhas, uma pessoa amiga colocou uma camisa no ferimento para estancar o sangue e socorrem Japa em um carro particular. Ele chegou a ser levado ao Hospital da Restauração, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Revoltado, o pai do rapaz Luciano Izidio de Melo Silva diz que quer justiça pelo filho, a mesma justiça que se daria a um jovem branco que enfrentasse a mesma situação.
INQUÉRITO POLICIAL
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que será aberto inquérito para investigar o caso. Até a postagem desta matéria nenhum suspeito havia sido preso pelo crime. "As investigações foram iniciadas e seguem até elucidação do crime", afirma a Polícia Civil.
Nas redes sociais o tema gerou repercussões. Movimentos do hip hop publicaram uma nota pedindo justiça pela morte de Japa. "O assassinato de Japa sinaliza como a cidade do Recife se importa com as vidas negras, principalmente numa rua que é extremamente simbólica por ser frequentada por grande parte da branquitude recifense. Nos perguntamos como teria sido a comoção e intervenção se o mesmo tivesse ocorrido com um jovem branco de classe média que frequenta esses mesmos bares", afirma o movimento.
O enterro de Andreyvson será neste domingo (9), às 10h, no Cemitério da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes.
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