Barragens

Chuvas em Pernambuco: duas barragens ainda sem recursos para conclusão 10 anos após promessa

A tragédia das chuvas, com 130 mortes, impõe a urgência de investimentos preventivos nas áreas de risco e morros na área urbana e das barragens no interior.

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Adriana Guarda

Publicado em 16/06/2022 às 19:40 | Atualizado em 16/06/2022 às 19:44
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As chuvas na Mata Sul de Pernambuco acendem o alerta para a necessidade de conclusão das obras de quatro barragens prometidas desde a enchente de 2010 na região. Com 10 anos de atraso e muitos percalços pelo caminho, apenas duas delas avançaram. As demais aguardam que o governo do Estado consiga captar recursos da ordem de R$ 200 milhões para serem finalizadas. A tragédia das chuvas, com 130 mortes, impõe a urgência de investimentos preventivos nas áreas de risco e morros na área urbana e das barragens no interior. 

As barragens para a Mata Sul foram prometidas pelo ex-governador Eduardo Campos e pelo ex-presidente Lula, com divisão 50% - 50% na aplicação dos recursos. Eduardo chegou a discursar que fariam cinco barragens em quatro anos. A guerra de argumentos entre governo federal e estadual foi grande para justificar de quem era a culpa pelos empreendimentos não terem andado. A União apontou projetos malfeitos, o Estado falou em falta de repasse e depois a sucessão de crises econômicas que começou em 2015 e depois ainda emendou com a pandemia. 

A barragem que ficou pronta em 2017 foi a de Serro Azul, em Palmares, com R$ 300 milhões de dinheiro azul e branco e R$ 200 milhões do governo federal. Os convênios para as demais barragens chegaram a ser cancelados e as obras já iniciadas ficaram pelo caminho, perdidas na paisagem das pequenas cidades.  Além de Serro Azul foram prometidas as barragens de Panelas II, em Cupira; de Gatos, em Lagoa dos Gatos; de Igarapeba, em São Benedito do Sul e de Barra de Guabiraba, em Barra de Guabiraba. 

Sgundo a Secretaria de Infraestrutura e Recursos Hidricos (Seinfra), em dezembro de 2021, o governo retomou os convênios para a construção das baragens de Panelas II e Gatos. "Publicamos nos meses de abril e maio, os editais para contratação de empresas responsáveis pelas obras de conclusão da Barragem de Panelas II e Gatos. As iniciativas contarão, respectivamente, com recursos da ordem de R$ 44,2 e R$ 37 milhões. As duas Barragens integram o sistema de contenção de cheias na bacia do Rio Una e, atualmente, estão com os respectivos percentuais executivos de 50% e 20%", informa, por meio de nota.

A Seinfra explica, ainda, que as obras remanescentes estão em fase de contratação e a previsão é de que sejam iniciadas durante o segundo semestre deste ano. A expectativa é que a realização dos serviços em Panelas II aconteça no prazo de 15 meses, já para Gatos o prazo estimado de duração é de 12 meses. As obras irão beneficiar uma população de, aproximadamente, 200 mil pessoas de cidades como: Cupira, Lagoa dos Gatos, Belém de Maria, Catende, Palmares, Água Preta e Barreiros.

"É importante destacar que, devido à intensa crise financeira que tem afetado o país nos últimos anos, sobretudo a partir de 2015, Pernambuco optou por investir na finalização e entrega da Barragem de Serro Azul, concluída em 2017. Na ocasião, foram investidos R$ 300 milhões por parte do Governo do Estado, do total de R$ 500 milhões correspondentes ao valor da obra", afirma.

Sobre as barragens de Igarapeba, em São Benedito do Sul, e Barra de Guabiraba, o Governo do Estado informa que segue com os esforços para viabilizar a conclusão das estruturas. No momento, a Seinfra trabalha para captar os recursos necessários para a conclusão destas barragens e para posterior abertura de novos processos licitatórios. As obras de construção dos reservatórios estão atualmente com os percentuais executivos de 38% e 25%, respectivamente.

O questionamento é se, diante de uma nova realidade climática, com chuvas mais frequentes e de maior intensidade, a população poderá esperar tantas décadas pela conclusão se obras essenciais. O que as pessoas às pessoas, esperar a próxima tragédia?

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