Tubarão

ATAQUE DE TUBARÃO: Por que tem tantos tubarões na orla de Pernambuco?

Diante do extenso litoral nordestino, por que os tubarões atacam com tanta frequência, principalmente no Grande Recife? Biólogos ouvidos pelo JC explicam

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Adriana Guarda

Publicado em 06/03/2023 às 18:43 | Atualizado em 07/03/2023 às 15:12
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Os três ataques de tubarão que aconteceram no Grande Recife nas três últimas semanas, levantam o questionamento sobre por que os incidentes com esses animais são tão frequentes na costa de Pernambuco.

Diante do extenso litoral nordestino, por que os tubarões atacam com tanta frequência, principalmente no Grande Recife? 

"Os tubarões estão mais concentrados em Pernambuco devido a nossa geografia acidentada. Nós temos um canal (que os animais usam para se locomover e se alimentar) passando próximo à faixa de areia, que é a praia. Em alguns locais esses canais ficam tão próximos, que estão a apenas 50 metros de distância", esclarece o biólogo André Maia.

"E esse canal se estende da Praia do Paiva até aproximadamente a entrada de Paulista, no Janga. E esse canal é que faz com que esses indivíduos possam ter uma mobilidade bem próxima à nossa faixa de areia", acrescenta.

No último dia 20, o surfista André Luiz Gomes da Silva, 32 anos, foi atacado por um tubarão cabeça-chata de 2,5 metros na Praia dos Milagres, em Olinda, no Grande Recife.

DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM
Tubarão cabeça-chata - DIEGO NIGRO/ACERVO JC IMAGEM

Com lesões na perna esquerda, o rapaz passou por uma cirurgia no Hospital da Restauração, que durou mais de cinco horas. André teve alta no dia 1º de março.  

Nesta segunda-feira (6), um novo ataque de tubarão foi registrado na praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. Desta vez, a vítima foi uma adolescente de 15 anos, nas proximidades do flat Golden Beach.

 

De acordo com o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), o ataque de tubarão ocorreu em um trecho de mar aberto, sem proteção de arrecifes. A espécie ainda não foi confirmada. A adolescente perdeu parte do braço esquerdo e sofreu outras lesões menores.

Esse novo ataque aconteceu num curtíssimo espaço de tempo em relação ao incidente do domingo (5), quando um outro adolescente, de 14 anos, foi vítima de ataque de tubarão também em Piedade

O ataque aconteceu no trecho em frente à igrejinha de Piedade, local onde o banho de mar é proibido. O menino foi atendido no Hospital da Restauração, mas precisou amputar a perna direita, em função das lesões.

 

RECORRÊNCIA DE ATAQUES DE TUBARÃO EM PIEDADE

O biólogo Leandro Alberto explica os motivos dos frequentes ataques de tubarão nas proximidades da Igrejinha de Piedade.

Segundo ele, de dois a três metros da faixa de areia existe um canal que passa ali e dá acesso a esses animais, com profundidade de 6 metros a 6,5 metros, fazendo com que esse animal gere o seu ecossistema e faça alimentação de peixes. 

"É muito importante saber que nessa mesma região da Praia de Piedade, nós temos um comércio muito atuante e, principalmente, em finais de semana e feriados. Ou seja, as pessoas acabam descartando lixo, material orgânico, latinhas de alumínio e outros tipos de utensílios, que chamam a atenção deste animal. Como qualquer animal, ele vai se perceber do ambiente e fazer algumas investidas, acontecendo assim os acidentes com tubarão", pontua.

Leonardo também destaca que desde julho de 2021, a orla de Piedade está interditada para evitar acidentes.

"Mais uma vez nós percebemos casos de negligência das pessoas em não respeitar a orientação das autoridades competentes sobe o assunto", alerta. 

ATAQUES DE TUBARÃO EM PERNAMBUCO

De acordo com o Cemit, desde 1992, quando se registrou o primeiro caso em Pernambuco, houve 77 ocorrências envolvendo tubarões no Estado, das quais 67 no continente e outras 10 na ilha de Fernando de Noronha.

O Estado está sem realizar o monitoramento da costa pernambucana para acompanhar o comportamento dos tubarões desde 2014. O governo estadual tinha uma parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mas foi cancelada. Diante da frequência dos ataques, o governo do Estado se comprometeu a retomar o monitoramento, mas não informou datas nem detalhou como fará.   

 

 

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