INCÊNDIO RECIFE: Veja estado de saúde das crianças que ficaram feridas no incêndio em abrigo no Recife
Duas pessoas morreram no local do incidente. Outras 15 foram socorridas até unidades de saúde, mas duas chegaram sem vida
Atualizada às 18h20
Das oito crianças que foram vítimas do incêndio na Instituição de Caridade Lar Paulo de Tarso, no Recife, na manhã desta sexta-feira (14), e que foram internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Restauração (HR), seis continuam em estado gravo e continuam intubados.
Duas crianças foram encaminhadas para o Hospital Brites de Albuquerque, em Olinda. Elas estão na UTI, com quadro estável para acompanhamento e vigilância clínica.
Segundo a pediatra do HR, Alexsandra Costa, elas não apresentam lesões graves na pele por causa das queimaduras, mas estão na UTI pela quantidade de fumaça que inalaram.
“As crianças chegaram graves por terem inalado uma quantidade muito grande de fumaça. Essa é uma forma grave de queimadura, que pode levar à asfixia e à morte. Todas estão sendo assistidas com equipe multidisciplinar - fisioterapeuta, cirurgião pediátrico”, afirmou.
Ao todo, quatro pessoas morreram no incidente - duas delas faleceram ainda no local do incêndio, a cuidadora Margareth José da Silva, de 62 anos, e um menino de 8 anos.
Ao todo, quinze pessoas foram socorridas, mas duas crianças morreram a caminho do HR.
Já o Hospital Geral de Areias recebeu quatro crianças e um adulto. De acordo com as informações da Secretaria Estadual de Saúde, duas dessas crianças foram transferidas para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a vigilância clínica, do Hospital Maria Lucinda, no bairro da Jaqueira.
As outras duas crianças foram encaminhadas ao IMIP, no bairro dos Coelhos. A paciente adulta está em observação na emergência clínica.
INCÊNDIO EM ABRIGO NO RECIFE
O incêndio começou na sala da Instituição de Caridade Lar Paulo de Tarso, localizada no Ipsep, Zona Sul do Recife, na madrugada desta sexta-feira (14), quando 15 crianças e duas cuidadoras estavam no imóvel.
Antes mesmo das equipes de salvamento chegarem, moradores da região ajudaram a retirar as crianças da unidade.
O eletrotécnico Arthur Fagner foi o primeiro a chegar no local. Ele foi acordado pela esposa no meio da madrugada, que ouviu um barulho vindo da rua. Ao chegar na varanda, viu que o abrigo estava pegando fogo e desceu para ajudar.
"Deparei-me com uma criança na janela, que era gradeada, pedindo socorro. Peguei uma extensão e uma máquina para serrá-la. Enquanto isso, outros moradores foram se juntando para tentar ajudar. Conseguimos resgatar uma boa quantidade de crianças até os bombeiros chegarem", disse o morador.
O lar, fundado há quase 32 anos, em 27 de maio de 1991, funcionava há cerca de 3 anos na localização atual. Ele acolhe crianças de 2 a 11 anos que são afastadas das famílias por sofrerem algum tipo de violência ou por viverem em vulnerabilidade.
A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), por meio da Delegacia do Ipsep, abriu investigação para apurar o caso. Ainda não se sabe o que pode ter provocado o fogo.
O perito Fernando Luiz coletou imagens de câmeras de segurança para serem analisadas. À TV Jornal, ele afirmou que nenhuma hipótese pode ser confirmada ou descartada no momento, e que o trabalho da perícia deve continuar na próxima semana
LOCAL TINHA APENAS UMA SAÍDA
O sargento Willams Lins, do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE), afirmou que uma perícia técnica ainda é necessária para determinar se a estrutura da unidade estava condizente com as normas e que essa investigação já foi iniciada. Mas, "à primeira vista", disse ter achado "um local pequeno, muito fechado e com apenas uma saída".
O profissional se emocionou ao comentar o cenário que encontrou no local: "várias crianças deitadas no meio da rua tentando respirar e sem conseguir".
"Sou bombeiro há 16 anos, tenho um preparo técnico e psicológico para isso, mas como ser humano é impossível não se abalar. São vidas, mas sobretudo são crianças. Então abala muito. A criança que eu socorri tem a mesma idade que a minha menor", disse.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) alegou que a administração das casas de acolhimento é de responsabilidade direta do município ou de ONGs, que recebem recursos das respectivas prefeituras.
Ainda, que cabe ao TJPE, junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), fazer fiscalizações periódicas e tomar providências cabíveis caso alguma irregularidade seja constatada. Contudo, alegou que os laudos sanitários, dos Bombeiros e o alvará de funcionamento do Lar Paulo de Tarso estavam todos em dia.
DOAÇÃO PARA RECONSTRUÇÃO DO ABRIGO
Segundo o TJPE, a instituição se responsabilizará por garantir apoio psicológico e retirada de segunda via de documentos perdidos para as vítimas do incêndio. O TJPE terminou o comunicado relatando que "O momento é de dor, mas também de ações urgentes e de muita união".
O MPPE montou um ponto de coleta de doações para o abrigo na administração do Ed. Roberto Lyra, na Rua do Imperador Pedro II, 473, no bairro de Santo Antônio, no Centro da cidade.
COMO DOAR DIRETAMENTE PARA O LAR PAULO DE TARSO:
- Pix: 35.618.933/0001-21 (CNPJ)
- Razão social: Instituição de Caridade Lar Paulo de Tarso
- Banco: Banco do Brasil (001)
- Agência: 1245-9
- Conta corrente: 119346-5
TRAGÉDIA EM ABRIGO NO RECIFE
PREFEITURA E GOVERNO LAMENTAM TRAGÉDIA
O prefeito do Recife, João Campos (PSB), afirmou que a gestão trabalha para dar suporte às vítimas e que segue mobilizada para "prestar todo apoio nesta hora tão difícil".
"O momento é de dor e de solidariedade. Desde cedo, nossas equipes, num trabalho integrado de várias secretarias, coordenam o suporte às vítimas do incêndio ocorrido no Lar Paulo de Tarso, no bairro do Ipsep. A ONG atua há mais de 30 anos no acolhimento de crianças e adolescentes em situação de risco social. Seguimos mobilizados para prestar todo apoio nesta hora tão difícil", disse, por nota.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) também se pronunciou sobre o caso. "Pernambuco está de luto com o que aconteceu nesta madrugada no Recife, no Instituto de Caridade Lar Paulo de Tarso. Desde a notificação do incêndio, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil estão atuando, bem como nossas equipes de saúde", disse.