PATRIMÔNIO NACIONAL

DIA NACIONAL DA CAATINGA: Centro de Instrução de Operações na Caatinga busca proteger o único bioma exclusivamente brasileiro

CIOpC, fração orgânica do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BI Mtz), tem sede na cidade de Petrolina, no Sertão de Pernambuco

Filipe Farias
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Filipe Farias
Publicado em 28/04/2023 às 7:27
ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - FOTO: ST Edmilson - CMNE

Bioma exclusivo do Brasil - ocupa 11% do território nacional -, a Caatinga é sem dúvida motivo de orgulho do povo nordestino. Apesar de estar presente também no norte de Minas Gerais, é no Nordeste que predomina a maior concentração desse ecossistema com características homogêneas. Para celebrar a importância desse bioma para o meio ambiente, nesta sexta-feira (28), se comemora o Dia Nacional da Caatinga.

A data comemorativa foi criada em 2003 - esse ano completa 20 anos -, em homenagem a João Vasconcelos Sobrinho, pesquisador pioneiro em estudos ambientais. O clima na Caatinga é tropical semiárido, com temperaturas elevadas e longos períodos de seca. A vegetação que predomina é rasteira, com arbustos. As árvores com galhos retorcidos, formando uma vasta floresta acinzentada, são características da região. A paisagem ganha cor e muda um pouco quando chove.

Em 2010, a Caatinga foi declarada Patrimônio Nacional. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, pesquisas indicam a existência de 3,2 mil espécies de plantas, 371 de peixes, 224 de répteis, 98 de anfíbios, 183 de mamíferos e mais de 500 de aves.

CENTRO DE INSTRUÇÃO DE OPERAÇÕES NA CAATINGA

Diante da importância da Caatinga para o ecossistema do País, o Exército Brasileiro criou o Centro de Instrução de Operações na Caatinga (CIOpC), fração orgânica do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º BI Mtz), com sede na cidade de Petrolina, no Sertão de Pernambuco.

Além de proteger o único bioma exclusivamente brasileiro, o CIOpC também possui um campo de instrução para as atividades de formação do combatente de caatinga através de dois cursos: Estágio de Adaptação à Caatinga (EAC) e o Estágio de Adaptação e Operações na Caatinga (EAOC).

"O Batalhão é posicionado estrategicamente nessa região porque é no coração do Nordeste. Nosso Centro de Instrução de Operações na Caatinga faz a formação de todos os combatentes de Caatinga do Exército Brasileiro. E, após essa formação, os militares estão aptos para difundir a doutrina da Caatinga em suas Organizações Militares", explicou o Coronel Matheus, comandante do 12º Batalhão de Infantaria da Caatinga.

ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE
ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE
ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE
ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE

O Estágio de Adaptação à Caatinga (voltado para a sobrevivência no ambiente) tem duração de uma semana e o Estágio de Adaptação e Operações na Caatinga (destinado além da sobrevivência, a parte de operações) dura duas semanas.

"Temos 49 militares aptos para a linha de ensino com conhecimento técnico e experiência, que contribuem para formação do combatente de Caatinga. Os estagiários tem toda uma formação, desde a seleção, com todos passando por uma inspeção de saúde e testes físicos. Somente após estarem aptos é que eles são matriculados nos estágios", contou Capitão Erich, instrutor chefe do CIOpC.

Nesses estágios, os militares são testados de todas as formas. "Trabalhamos com três itens: cognitiva, que consiste no conhecimento técnico do estagiário (tem de estudar previamente para iniciar o estágio); afetiva, que avaliamos o equilíbrio emocional, resistência em situação de estresse, ter de raciocinar em ambiente estressante; e a psicomotora, que é a parte física, sendo testado carregando peso, com mochila nas costas, cansados", detalhou Capitão Erich.

Diferentemente do uniforme tradicional do Exército Brasileiro, a vestimenta do combatente de Caatinga é inspirada no vaqueiro sertanejo. "Aqui utilizamos o Gibão, que é um uniforme adaptado com couro justamente para proteger da vegetação espinhenta que temos na Caatinga, como cactos e galhos secos. Além disso, vestindo esse uniforme especial de couro conseguimos nos camuflar, pois a cor se assemelha a da vegetação e do solo seco do sertão", falou o instrutor chefe do CIOpC.

PARQUE ZOOBOTÂNICO DA CAATINGA

Além do Centro de Instrução de Operações na Caatinga (CIOpC), os militares também atuam na manutenção do Parque Zoobotânico da Caatinga, levando também a educação ambiental para a população local.

"O parque foi criado em 2007, com a proposta inicial de resgatar a fauna dos animais da transposição do Rio São Francisco. As obras da transposição geraram alguns impactos ambientais e esses animais resgatados das obras foram trazidos para o parque. Hoje, depois de mais de 15 anos, o parque trabalha em várias frentes, uma delas é na educação ambiental. Recebemos mensalmente várias escolas e visitação para o público geral, pois o parque já faz parte do roteiro oficial de Petrolina. Aqui explicamos a importância dos animais, a diversidade da caatinga e a preservação da fauna e da flora da Caatinga", disse o Tenente Dantas, que também é formado em Biologia.

ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE
ST Edmilson - CMNE
BATALHÃO/CAATINGA/ PETROLINA - ST Edmilson - CMNE
TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Batalhão Caatinga Petrolina - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Batalhão Caatinga Petrolina - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Batalhão Caatinga Petrolina - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

Atualmente, o Parque Zoobotânico da Caatinga tem em torno de 26 espécies diferentes, entre 80 e 100 indivíduos dessas espécies. "Temos aqui a onça parda suçuarana, o macaco-prego galego, que é uma das espécies mais ameaçadas no mundo em extinção. Há também carcará, seriema, asa branca, algumas espécies de serpentes, como: jiboia, cascavel e jararaca. E um detalhe, todos animais que temos aqui são nativos da Caatinga, ou que são daqui, mas que também são de outros biomas brasileiros, mas nenhum externo", esclareceu o Tenente Dantas.

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