A chuva que caiu no Grande Recife e Zona da Mata pernambucana, entre a quarta-feira (14) e esta quinta-feira (15), foi suficiente para retirar forçadamente de casa cerca de 95 pessoas no município de Jaboatão dos Guararapes. Sobretudo nos bairros de Muribeca, Jardim Muribeca, Marcos Freire e Brasil Novo, cortados pelo Rio Jaboatão. Pelo menos mais de uma dezena de famílias tiveram as casas invadidas pelo avanço das águas.
De acordo com o superintendente da Defesa Civil do município, Rodrigo Costa, entre ontem e esta quinta-feira foram registradas 81 ocorrências pela cidade. Além dos alagamentos, 18 ocorrências de deslizamentos de barreira foram registradas, mas sem vítimas ou destruições de imóveis.
No caso dos alagamentos, a Defesa Civil explica que, historicamente, a região da Muribeca e Marcos Freire é propícia à situação, à medida que o nível do Rio Jaboatão e seus afluentes sobe.
"Por conta da proximidade do lençol freático com o solo, temos ali uma espécide de mini bacia hidrográfica, então é mais uma questão topográfica. Descendo o nível da água, como suas casas não tombaram, a população pode retonar. Basta a água voltar ao curso normal, descendo o nível, que se incia aquele trabalho que sabemos de retirar o barro, a lama... mas dá para voltar", disse Costa.
Segundo ele, apesar das ocorrências, "a situação não está pior por conta o trabalho de dragagem, limpeza de canais e canaletas. "Não estamos numa situação pior por conta desse trabalho da prefeitura, ontem com chuva com tudo as máquinas estavam lá. Que a população não contribuia jogando lixo, sofá, fogão... Vai tudo parar dentro do rio".
A PE-17, que dá acesso ao bairro da Muribeca seguia com com pontos de alagamento até o início da tarde, incusive com interdição de trechos da via.
Moradora do Jardim Muribeca, identificada apenas como Rayanne, em entrevista à TV Jornal, lamentou o fato de por mais um ano os moradores da região sofrerem por conta da chegada da chuva.
"Está com água desde ontem dentro de casa. Já faz um ano e poucos dias que ficamos alagados e agora é tudo de novo, mas nada de prefeito e nem ninguém aparecer por aqui. A casa dá mais ou menos para voltar, porque ainda está cheia de água. Não só a minha, mas a de várias pessoas", disse ela. Nas últimas 24 horas, até as 11h20, a região de Muribeca acumulava 77,46 milímetros de chuva.
O prefeito Mano Medeiros sobrevoo área atingidas em Jaboatão com o secretário de Defesa Civil, Elton Moura e chegou a ir ao encontro de moradores do Centro da cidade.
Com relevo acidentado, Jaboatão, que protagonizou junto com o Recife a tragédia marcada por mais de uma centena de mortes em ocorrências relacionadas à chuva em 2022, voltou a registrar deslizamentos de barreiras, mas sem maiores gavidades.
Na região de Jardim Monte Verde foram contablizados oito deslizamentos de terra, além de um registro de alagamento.
"Jaboatão tem 20 mil pontos de áreas de risco, cinco mil são barreiras na iminência de deslizamento. É algo natural quando considerada a topografia muito acidentada da cidade. Qualquer deslizamento que possa ter é contabilizado, mas não tivemos vítimas ou maiores problemas", reforça o superintendente.
Justamente visando evitar situações como as que já foram vistas nas áreas mais pobres da cidade, a prefeitura diz que instalou duas bases de plantão da Defesa Civil, em Monte Verde e Curado II.
Jardim Monte Verde ainda espera conclusão de obras
Apesar do acompanhamento na região, Jardim Monte Verde ainda espera conclusão de obras por parte da prefeitura. Para além das ações preventivas de colocação de lonas, a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes mantém no local três obras que ainda estão em andamento de encostas e muros de contenção que ainda estão em andamento.
Por toda a cidade, são 138 muros de arrimo já licitados, ao custo de R$ 26 milhões. "Continuamos em busca de captar mais recursos para esse tipo de proteção de encostas, temos mais de 60 projetos prontos, que totalizam R$ 200 milhões, sendo R$ 80 milhões só em Monte Verde", esclarece a gestão.
A prefeitura também diz que reforçou as equipes da Defesa Civil, "Em fevereiro, nomeamos 94 novos profissioanais. Eles se inetragram aos outros que aqui estavam. A Defesa Civil dispõe de 145 agentes de proteção de Defesa Civil. Tínhamos seis carros ano passado, hoje são 22", pondera Rodrigo costa.
SITUAÇÃO EM MORENO
O município de Moreno, ainda no Grande Recife, também foi atingido severamente pelas fortes chuvas. Até o fim da manhã, a cidade registrava aproximadamente 80 famílias desalojadas após o rio Jaboatão inundar sete bairros.
De acordo com a Defesa Civil de Moreno, 150 chamados foram recebidos. Devido ao aumento do nível do rio, os bairros de Cambonge, Galinha D'água e ABC foram os mais atingidos.
Ainda segundo a prefeitura, parte das 80 famílias desalojadas já está conseguindo voltar às residências ao longo do dia, mediante a redução do nível do rio.
