Falta de segurança, imóveis desocupados e ociosos, degradação da infraestrutura e esvaziamento econômico são problemas que se enraizaram no Centro do Recife há, pelo menos, 30 anos. Para que a região volte a ser o coração da cidade, a gestão do prefeito João Campos se diz mergulhada num trabalho cuja missão é revitalizar a área central da cidade, com atração de investimentos, incentivo à moradia e preservação do patrimônio histórico e cultural.
Em entrevista neste sábado (12), ao programa Debate Cidade, da Rádio Jornal, a chefe de Gabinete do Centro do Recife, Ana Paula Vilaça, destacou que o programa Recentro tem tratado das dinâmicas territoriais do centro histórico da cidade, com foco nos bairros de Santo Antônio, São José e do Recife, área prioritária do Recentro.
"Ao longo de um ano e meio, conseguimos avançar em muitas pautas. Talvez o legado mais importante seja estabelecer uma instância de governança, unindo diversos atores: comerciante popular, CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Fecomércio, Porto Digital, moradores, academia universitária e forças de segurança", disse Ana Paula.
Ela acrescentou que, dentro da instância de governança, há um comitê integrado para tratar especificamente da segurança do Centro. "Era a demanda que mais aparecia nas escutas. Temos a Guarda militar, a Polícias Militar e Civil."
No quesito da zeladoria do Centro, Ana Paula ressaltou que é feito monitoramento junto à Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). "Acompanhamos o Mercado de São José, o Camelódromo e a realização de eventos, como o Viva Guararapes, que tem trazido as pessoas de volta para o nosso centro histórico."
A gestora sublinhou, durante o programa na Rádio Jornal, que o Recentro tem o braço de atração de investimentos. "O que queremos é ocupar o nosso centro. Temos feito o mapeamento de imóveis ociosos no Centro para irmos atrás de investidores. A gente tem alguns cases de sucesso, como o prédio da Datamétrica, inaugurado recentemente no bairro de Santo Antônio e que vai chegar a dois mil funcionários trabalhando todos os dias da semana", frisou.
A empresa de call center Datamétrica foi instalada num imóvel que estava fechado. A operação recebeu investimentos na ordem de R$ 20 milhões. O empreendimento, segundo Ana Paula, é um exemplo de que o Centro da cidade pode ser um destino de investidores.
"Nosso movimento também tem sido no sentido de atrair moradia para que nosso Centro tenha vida todos os dias da semana, 24 horas por dia, e nos fins de semana também."
De acordo com Ana Paula, que é arquiteta, focar na moradia é essencial para atrair empreendimentos. "O nosso desafio é atrair a moradia para todas as faixas de renda: moradia de interesse social, moradia para classe média, para classe alta, para que a gente tenha essa diversidade de uso, de pessoas usufruindo esse território. Temos ações concretas nesse sentido."
O Gabinete do Centro do Recife tem realizado o portfólio de levantamento dos imóveis do território quanto ao tipo de uso e possibilidade de reocupação.
O órgão já levantou mais de 400 edificações no Bairro do Recife (quase 100 delas fechadas). Com os dados do portfólio, o Gabinete do Centro apresenta aos investidores as áreas disponíveis no território e coloca proprietários em contato com os empreendedores interessados.