Mercado da Encruzilhada inicia demolição e ganha data de reabertura após incêndio
Equipamento histórico da cidade está fechado desde o domingo (3), quando sofreu um incêndio que destruiu 11 operações
A Prefeitura do Recife divulgou que iniciará, nesta terça-feira (5), a parte do Mercado da Encruzilhada que foi atingida por um incêndio, para reconstrução posterior. Ainda, afirmou que o equipamento reabrirá as portas ao público neste quarta-feira (6), após três dias fechado.
"Nossa equipe concluiu o isolamento da área atingida pelo incêndio e restabeleceu o sistema elétrico dos demais setores do equipamento”, anunciou o prefeito João Campos (PSB).
Contudo, não foi dada previsão para início da operação na área externa, que atenderá os 11 comerciantes que tiveram seus espaços destruídos pelo fogo. A eles, foi prometida a instalação de containers temporários para que continuem suas vendas.
O diretor presidente do CONVIVA Mercados e Feiras Autarquia Municipal, Gabriel Leitão, afirmou que o espaço de cada equipamento será definido ainda hoje.
"A obra de demolição da parte da estrutura comprometida para que sejam iniciadas as obras de requalificação será iniciada ainda hoje à tarde e a operação da área externa será iniciada o quanto antes. Hoje à tarde técnicos irão ao local para definir o posicionamento dos equipamentos que ficarão do lado externo do mercado”, disse.
O prefeito afirmou já ter encaminhado à Câmara Municipal o Projeto de Lei que ajudará financeiramente os comerciantes prejudicados. É previsto um auxílio emergencial mensal de R$ 3 mil até a conclusão das obras de reconstrução e a isenção da taxa dos permissionários.
Segundo a gestão, eles já constam no banco de dados da autarquia e devem receber o benefício a partir da aprovação do projeto.
Ainda, o município alegou que todo o sistema de combate e prevenção a incêndio também está sendo revisado e que serão estruturadas as criações de brigadas de incêndio nos mercados.
O Mercado da Encruzilhada funciona de segunda a sábado de 6h às 18h e, aos domingos, de 6h às 12h.
INCÊNDIO E RECONSTRUÇÃO
As obras serão acompanhadas pelo Instituto da Cidade Pelópidas Silveira, já que o Mercado da Encruzilhada — construído em 1924 — é considerado um dos Imóveis Especiais de Preservação (IEP) do município pela sua importância arquitetônica e histórica.
O fogo se alastrou pelo mercado durante a manhã do domingo (3), destruindo uma casa de ração, um restaurante e um box de sapateiro. Um dos atingidos foi o permissionário Fernando Ferreira, cuja família é dona de um box no local há 70 anos. “Vamos seguir de cabeça erguida para saber como vai ser resolvido da melhor forma, o mais rápido possível, porque a família depende disso”, afirmou.
Contudo, nem só quem teve a mercadoria consumida pelo fogo foi prejudicado. Vendedor de frios há 22 anos, Artur Lima estima ter perdido cerca de R$ 6 mil em queijos e carnes, já que a energia do mercado foi desligada por questões de segurança. “Meu freezer estava cheio de mercadorias, vou ter que sacudir tudo fora. A preocupação é que liguem para que a gente não perca tanto”, pediu.
Gabriel Leitão alegou que se mais algum permissionário estiver se sentindo prejudicado, pode procurar a gestão para dialogar.
CAUSA DO INCÊNDIO E INEFICIÊNCIA DE EQUIPAMENTOS
Testemunhas alegam que, pouco antes do foco de incêndio começar, por volta das 9h, um furto de fios de cobre foi visto no Mercado da Encruzilhada, o que pode tê-lo causado. “Tinham duas pessoas furtando fio em cima do mercado, o que terminou nos prejudicando”, narrou a comerciante Rosineide Canuto.
Contudo, a causa oficial só será determinada após investigação da Polícia Científica, da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), que afirmou já ter iniciado as diligências e que vai instaurar um inquérito policial para apurar todos os fatos. O caso está sob o comando da Delegacia do Espinheiro.
Outra denúncia é que o plano contra incêndios do mercado, elaborado há menos de 2 anos, foi ineficiente. Quando as chamas ainda eram de pequena proporção, comerciantes tentaram usar mangueiras de água e extintores de incêndio, sem sucesso. “Tinha detector de fogo, hidrantes, extintores que foram trocados há uma semana, mas que não pegaram”, disse Messias Fernandes.
O prefeito negou a ineficácia do plano durante entrevista na segunda (4). “São vários sistemas de combate ao incêndio [no mercado], entre eles os extintores, que foram trocados agora no final de agosto. Os bombeiros usaram os hidrantes quando chegaram. Tudo o que podia ser feito, foi feito.”
Além de tudo isso, o socorro ainda demorou a chegar ao local. Permissionários disseram que o número do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE), não atendia às ligações. A suspeita é que isso também tenha acontecido devido a um roubo na rede pública de fibra óptica, o qual a governadora Raquel Lyra (PSDB) alegou estar investigando. “Vamos já tomar providências para impedir que novos fatos como esse não aconteçam”, respondeu em entrevista à TV Globo.
A governadora também informou estar à disposição da Prefeitura para ajudar na reconstrução do mercado."Assim que tomei conhecimento do incêndio, liguei de imediato para o prefeito João Campos e coloquei o Governo do Estado à disposição para que a gente possa reconstruir o mercado e apoiar financeiramente, se for o caso, aqueles que perderam seus boxes", contou. "O prefeito disse que já está tomando as providências necessárias e que, se for necessário, aciona o Estado."