Habitacional do Recife apresenta risco alto na estrutura 13 anos após entrega
Moradores fizeram um protesto na manhã desta segunda-feira (25) pedindo por uma solução ao poder público
Em colaboração com Emerson Pereira, da TV Jornal
A Defesa Civil do Recife apontou que o Habitacional Zeferino Agra, em Água Fria, Zona Norte da capital pernambucana, está com grau de risco 3 na estrutura, considerado alto. Moradores, em sua maioria pessoas de baixa renda, encontram-se em desespero por não conseguir arcar com os custos da reforma necessária.
Parte deles protestou na manhã desta segunda-feira (25) pedindo uma solução do poder público. O grupo interditou os dois sentidos da Avenida Beberibe, no cruzamento com a Rua Alegre, em Água Fria, com entulhos em chamas, formando longas filas de ônibus e veículos no local.
“O que a gente pede é que a Prefeitura tome uma posição se o pessoal vai continuar morando ali mesmo com os reparos que tem que fazer, com os moradores dentro, ou que defina um auxílio moradia”, disse o vigilante José Albino.
O residencial Zeferino Agra foi financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do segundo governo Lula (PT), para acomodar famílias que ocuparam o pátio da feira de Água Fria durante quase cinco anos, até passar a receber o auxílio moradia, que à época era de R$ 151.
Então, receberam as chaves dos 128 apartamentos, distribuídos por oito blocos, em maio de 2010 pela João da Costa (PT). Mas pouco mais de um mês depois já começou a perceber os problemas nos prédios.
“Em junho, levei um documento para a Secretaria de Habitação mostrando os danos que tinha: água caia de um apartamento para o de baixo, choque elétrico, escada rachada, piso rachado; uma série de problemas que ninguém tomou as devidas providências”, afirmou o aposentado Isaac Osório dos Santos.
Após 13 anos, os problemas parecem persistir. No Bloco A do habitacional, a reportagem encontrou ferragens expostas na escada e na área comum do prédio, além do revestimento que dá acesso ao andar de cima.
No apartamento da dona de casa Ana Kaline Anacleto, alguns blocos chegaram a cair do teto justamente no quarto onde os filhos dela dormiam. As crianças tiveram escoriações na perna.
Agora, ela deixa o quarto isolado, por medo de que novos acidentes aconteçam. “Eu os coloquei para dormir e ouvi só a zoada. Quando fui ver, tinha caído [o teto] na perna deles. Tirei-os e os botei na outra cama. Não deixo eles dormirem, porque fiquei com medo. Medo que caia mesmo”, contou.
A promotora de vendas relembrou os últimos desabamentos que ocorreram no Grande Recife, de edifícios em risco em Paulista e em Olinda, e teme que a história se repita.
“O medo é de desabar. Nós dormimos aos prantos, com medo, porque está acontecendo várias vezes nos prédios afora, em Paulista e Olinda, que é o pior, a morte. Não vamos deixar isso acontecer”, pediu.
O QUE DIZ A PREFEITURA DO RECIFE
Por nota, a Defesa Civil do Recife alegou ter vistoriado o habitacional Zeferino Agra em agosto e que recomenda que sejam realizados os serviços apontados no parecer técnico, com acompanhamento de profissional qualificado.
A população deve solicitar vistoria da Defesa Civil do Recife pelo telefone 0800-0813400, que é gratuito e funciona 24h por dia.
Ainda, que a entrega dos títulos de propriedade aos moradores, feita pela gestão em 2020, "impede a Prefeitura de fazer a manutenção do habitacional".
Por isso, a Gerência Geral de Assuntos Jurídicos da Secretaria de Habitação está em estagio avançado na criação de um Projeto de Lei do Executivo que permita à Prefeitura do Recife realizar serviços de manutenção neste e em outros habitacionais onde os moradores já possuam a regularização fundiária.