UFPE busca recursos para restaurar prédio da Sudene, que será parcialmente ocupado por parque tecnológico
Antigo sede da Sudene, que completou 50 anos nesse domingo (28), está passando por reformas que vão dar uso a cinco de seus andares
Inaugurado há 50 anos, o antigo prédio da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) deve ser, até o ano que vem, parcialmente reocupado por um parque tecnológico e área administrativa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Contudo, a instituição de ensino — que ganhou o imóvel em 2017 — ainda busca financiamento para devolver a vida ao prédio após anos de abandono.
A Sudene foi criada em 15 de dezembro de 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitscheck (1956-1961), com o objetivo de coordenar o desenvolvimento da região. Inicialmente, a Sudene funcionou em um prédio no centro do Recife.
O prédio no Engenho do Meio, Zona Oeste da capital pernambucana, foi entregue em 28 de janeiro de 1974 e foi edificado em um terreno com 68 mil m², possuindo uma área construída com diversos blocos, sendo um prédio principal, com 13 andares, e quatro anexos com biblioteca, restaurante, conselho deliberativo e serviço médico.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) repassou cerca de R$ 10 milhões para a reforma no edifício Celso Furtado, como é chamado. Segundo o pró-reitor de pesquisa e inovação da UFPE, Pedro Carelli, esses recursos vão poder recuperar cinco andares — dos quais dois servirão para atividades administrativas e três para o parque tecnológico.
“É um projeto financiado pela Finep que vai gerar um ecossistema de inovação focado nas áreas de saúde, bioeconomia e transição energética para gerar startups acadêmicas e negócios a partir das pesquisas realizadas pela universidade”, explicou. A expectativa é que já esteja em funcionamento em 2025.
Contudo, Carelli pontuou que a UFPE precisaria de cerca de R$ 100 milhões para recuperar o prédio por inteiro e que a universidade tem buscado esses recursos. “Estamos procurando parceiros no setor público ou alguns projetos ligados a área de tecnologia que poderiam ajudar na ocupação do prédio”, afirmou.
Ainda, um dos anexos onde funcionava a antiga biblioteca foi cedido para uso administrativo da Fundação de Apoio (FAD) da UFPE, com recuperação custeada pela universidade.
A intenção da reitoria, ainda de acordo com ele, é de reformar o prédio por inteiro, preservando o projeto dos arquitetos Pierre Reithler, Ricardo Couceiro, Paulo Roberto de Barros e Silva e Maurício do Passo Castro e o jardim do maior paisagista brasileiro Roberto Burle Marx. “A universidade tem interesse de recuperar todo o conjunto, mediante os recursos para tal”, disse Carelli.
TOMBAMENTO
Apesar da importância do edifício, que é considerado um dos marcos da arquitetura modernista da cidade, ele ainda não foi tombado. “Ele tem a cara da arquitetura modernista daquele tempo, por isso deveria ser protegido por tombamento”, pediu o arquiteto e urbanista Paulo Roberto, um dos que projetou o prédio.
“Cabe sim, o registro dos componentes que a diferenciam do lugar comum. É uma notável proposta de ruptura com os padrões dominantes na época, e que se mantém íntegra nesses 50 anos”, alegou.