Projeto do Zeppelin no Marco Zero será focado na 'valorização da arte e cultura pernambucana', diz empresa
Segundo comunicado da REC Cultural, o projeto foi elaborado por uma equipe de especialistas em instalações prediais (elétrica, hidráulica, lógica, incêndio, climatização), estrutura e restauro
A construção de um restaurante Zeppelin na cobertura de prédios tombados no Bairro do Recife, segundo o diretor-geral do projeto, não contempla apenas isso. O REC, como é chamado o projeto, será um espaço "totalmente inclusivo e interativo, que vai ocupar dois prédios no sítio histórico do Bairro do Recife", sendo um na Avenida Rio Branco e outro na Marquês de Olinda, construções datadas das décadas de 1920 e 1930.
"Os dois edifícios, que estavam desocupados e sem uso, foram adquiridos pela EBrasil, um dos maiores players do setor de energia do país, nos anos de 2022 e 2023, com a proposta de criação de um equipamento cultural com recursos privados. O projeto do novo Centro Cultural tem como pilares principais a valorização da arte e cultura pernambucanas e a transformação de jovens e crianças através da arte e educação. O espaço irá abrigar exposições, aulas, cursos, oficinas, workshops e outras atividades, contando com uma infraestrutura que segue as exigências dos parâmetros internacionais", diz nota dos responsáveis pelo empreendimento.
ELABORAÇÃO DO PROJETO
Segundo o comunicado, o projeto foi elaborado por uma equipe de especialistas em instalações prediais (elétrica, hidráulica, lógica, incêndio, climatização), estrutura e restauro que, em conjunto com o escritório de arquitetura, "conceberam um projeto que respeita integralmente as características e valores históricos dos imóveis".
"Ao mesmo tempo, visa revitalizar, adaptar e racionalizar o espaço para atender às necessidades contemporâneas do equipamento e do usuário. É o caso da instalação provisória, que se trata de uma estrutura totalmente desmontável e independente estruturalmente, confeccionada com perfis metálicos, paredes removíveis e lona tensionada, conectando os dois prédios e criando um ambiente de contemplação para uma das mais belas vistas do Recife, hoje sonegada pela inacessibilidade dos edifícios, além da obstrução visual proporcionada pela própria arquitetura de um dos edifícios que apresenta um terraço cercado por paredes superiores a dois metros de altura, impossibilitando a utilização do espaço como mirante", reforça.
INSTALAÇÃO DE ZEPPELIN
A instalação provisória, no formato de um zeppelin, funcionará como disfarce para a casa de
máquinas que abriga geradores, condensadoras e equipamentos para garantir a funcionalidade adequada do imóvel, preservando a leitura da coberta que se configura da quinta fachada do edifício, segundo informa a nota do REC Cultural.
As áreas dos dois edifícios, que somam 4 mil metros quadrados, contarão com espaços como auditório, salas de atividades, biblioteca, loja de design e arte regional, café, espaços para exposições permanente e temporárias. Destaca-se como principal atrativo o acervo de uma das maiores e mais relevantes coleções de arte pernambucana, que ficará disponível para a população. São nomes como Ariano Suassuna, Tereza Costa Rego, Abelardo da Hora, Lula Cardoso Ayres, Reinaldo Fonseca, João Câmara e Montez Magno.
"O projeto em debate foi desenvolvido em estreita colaboração de profissionais que tratam com muita seriedade a preservação do patrimônio histórico, além de contar com o envolvimento ativo de membros da
comunidade e especialistas em arte, cultura, turismo, arquitetura e urbanismo. Todas as preocupações e sugestões foram cuidadosamente consideradas e incorporadas ao projeto final. Nosso objetivo é contribuir para a manutenção e fomento de uma atividade cultural cada vez mais presente na vida do cidadão pernambucano e como mais uma opção para os turistas que visitam o Bairro do Recife, com a disponibilidade de um ponto de informações turísticas no principal acesso do edifício. O REC é fruto de um projeto que respeita a nossa história, memória, arte, cultura e patrimônio, gerando oportunidades econômicas e culturais, enriquecendo ainda mais o Recife e o estado de Pernambuco".
POLÊMICA ENVOLVENDO O PROJETO
O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pernambuco, Jacques Ribemboim, aprovou a construção de um restaurante zeppelin na cobertura de prédios tombados no Bairro do Recife. O projeto havia sido rejeitado com unanimidade pelos técnicos do órgão, que alegam que o empreendimento trará descaracterização ao patrimônio histórico.
No parecer, Ribemboim justificou a decisão pelo caráter econômico do projeto. "Deste modo, trata-se de um investimento privado de interesse público, reforçando a vocação do bairro do Recife como um importante cluster turístico e cultural, com geração de renda e emprego", escreveu.
Em janeiro, a Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife (Sepul), apresentou um ofício sendo favorável ao projeto, que é particular, desde que atendesse algumas orientações, como ser construído de forma "temporária"