Recife anuncia R$ 315,5 mi para inverno e promete estrutura de emergência para chuvas extremas
Prefeitura do Recife anunciou Plano de Intervenção na Macrodrenagem do Rio Tejipió como ponto central da Ação Inverno, mas não deve ser finalizado este ano. Para mitigar emergências, prefeito garante até 30 abrigos
A Prefeitura do Recife anunciou, nesta terça-feira (19), que investirá R$ 314,5 milhões na Ação Inverno de 2024, conjunto de intervenções para minimizar danos durante a estação. Ainda, garantiu ter um protocolo de emergência montado para enfrentar uma eventual chuva extrema que coloque em evidência os problemas de drenagem e moradia existentes - como a de 2022, que deixou dezenas de mortos na cidade.
A principal novidade apresentada foi o início, até julho, das obras do Plano de Intervenção na Macrodrenagem do Rio Tejipió. Contudo, mesmo sendo um serviço relevante, já que há décadas os moradores dos arredores da bacia do rio sofrem com alagamentos, não deverá ficar pronto até este inverno.
No plano, estão previstas obras de dragagem, construção de reservatórios e de parques alagáveis, que devem beneficiar bairros como Ipsep, Barro, Areias e Imbiribeira e comunidades como Beirinha e Jardim Uchôa. A previsão é que sejam investidos R$ 500 milhões na bacia nos seis anos do Programa ProMorar, criado com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
"Pela primeira vez esse número passa da casa dos 300 milhões. A gente vai ter uma melhoria na vida das pessoas porque esse impacto vai ser sentido. Estamos falando de obra concreta e de melhoria concreta que vai ser feita na cidade inteira", disse o prefeito João Campos (PSB).
Também estão inclusas no plano obras de dois parques alagáveis: um já em construção na Avenida Recife, entre os bairros do Ipsep e Areias, de 3,9 mil m², e outro ainda sem data de início informada, que ficará no Campo do Sena, no bairro do Barro. As intervenções visam armazenar água, reduzir o pico de vazão, facilitar o escoamento e dificultar inundações.
Ainda foi anunciada a construção, para a partir de julho deste ano, de 2 km de reservatórios, distribuídos prioritariamente próximos aos principais pontos de alagamentos dos bairros, como ruas transversais às avenidas Mascarenhas de Morais e Recife. Em julho de 2024, começará o alargamento de 1 km e a dragagem do rio Tejipió.
A secretária de Infraestrutura do Recife, Marília Dantas, respondeu ao JC que não haverá risco de aumento das inundações enquanto essas obras durarem - como aconteceu com a construção ainda inacabada do Canal do Fragoso, em Olinda. Pelo contrário: “quando a gente faz implantações de micro reservatórios, a gente já consegue retardar essa vazão para não acontecer isso de potencializar os alagamentos, porque a ideia dessas soluções de drenagem o principal é não aumentar a vazão”, afirmou.
OUTRAS OBRAS
A Defesa Civil deve entregar 40 obras de contenção de encostas em localidades como Jardim Monteverde, Milagres, Ibura, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Dois Unidos, Linha do Tiro e Brejo da Guabiraba. Parte das intervenções será realizada por meio de um convênio firmado entre o município e o Governo Federal. Ainda, finalizar do canal Ibiporã e iniciar serviços nos canais Santa Rosa, ABC e Parnamirim.
Serão realizados seis Simulados de Preparação para Emergência e Desastres e
três Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUPDECs). A Ação Inverno 2024 contempla, também, a roçagem, capinação, poda e remoção de árvores não recomendadas para áreas de risco, bem como a retirada de entulho e limpeza de canaletas.
Seis pontos de alagamento serão atacados neste ano: Rua Gonçalves Maia, Rua Imperial com Avenida Sul, Rua Castro Alves, Avenida Mascarenhas de Moraes (trecho do aeroporto), Mercado de Nova Descoberta e Mercado de Afogados e entorno. Importantes obras de drenagem também serão executadas, como na Avenida Mário Melo e na Rua do Lazer.
A Gerente de Programas da Habitat Brasil, Mohema Rolim, uma das especialistas que estudou os erros cometidos por Pernambuco em 2022, vê de forma positiva as obras apresentadas pela Prefeitura do Recife, mas cobra agilidade nos serviços do Rio Tejipió, a fim de que a população usufrua dos benefícios já em 2025. Ainda, pediu a ampliação no investimento de R$ 6,5 em macrodrenagem, que considerou ínfimo, e mais ações estruturantes, a fim de reduzir as emergências tratadas pela Defesa Civil.
"Algumas ações, como a colocação de geomantas, são pontuais. É importante que a Defesa Civil tenha uma ampliação de recursos, mas elas são proporcionalmente importantes a medida que ações estruturantes são feitas. Com a melhora da infraestrutura da comunidade, no saneamento, na melhoria da moradia, proteção de encostas, as ações da Defesa Civil vão ficando menos importantes. O ideal é que a gente consiga avançar", pontuou.
SOCORRO A VÍTIMAS
Uma das principais críticas em relação à gestão municipal na tragédia de 2022 foi a falta de prontidão para atender às emergências. O prefeito João Campos (PSB), contudo, explicou que isso não irá se repetir: que haverá de prontidão, caso necessário, até 30 abrigos, que vão oferecer alimentação, colchões, kits de higiene entre outros itens.
“Em virtude da chuva de 2022, tomamos a decisão de criar uma central de operações e construir protocolos de gestão para todas essas situações. Hoje temos vagas permanentes abertas, prontas para qualquer tipo de incidente [...] Nós já temos mapeados todos os locais para serem abrigos, já tem um protocolo de treinamento com as equipes da área e nós já temos mantimentos para isso”, afirmou.
De início, estarão disponíveis 450 vagas temporárias para situações de emergência. Também estarão à disposição da população 80 veículos em caso de necessidade de remoção de famílias e seus pertences. A lista de Abrigos Ativos estão disponíveis no portal Conecta Recife. Lá, também é possível solicitar vistorias e a colocação de lonas, e ainda saber mais sobre ações educativas e operacionais em execução pela Prefeitura.
ALERTAS
Pelo Conecta Recife é possível se cadastrar na ferramenta Alerta Chuvas, desenvolvida pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e pela Empresa Municipal de Informática (Emprel). Ela envia avisos da previsão de chuva, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) e de mudanças de estágio de risco (alerta e alerta máximo) para as pessoas cadastradas.
Há quatro estágios de risco na cidade: mobilização, atenção, alerta e alerta máximo. No último, a Prefeitura do Recife orienta a população a permanecer em casa, exceto se houver risco de deslizamento, inundação ou desabamento. Nestes casos, é necessário entrar em contato urgente com a Defesa Civil pelo número 0800-081-3400. A ligação é gratuita e a central funciona 24h para atender as chamadas.
Os alertas de risco serão enviados pelo Centro de Operações do Recife (COP), que vai articular as ações de 13 secretarias e órgãos municipais para atuar no gerenciamento de crise, que articula 13 secretarias e órgãos municipais para atuar no gerenciamento de crise, especialmente em situações de emergência como deslizamentos, alagamentos e ocorrências de trânsito.