LUTO

Morre Cléo Nicéas, um dos fundadores da Asserpe, aos 76 anos, no Recife

Comunicador foi diretor da Globo Recife por 17 anos e era consultor do Grupo Nordeste até hoje

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JC

Publicado em 27/04/2024 às 14:26 | Atualizado em 27/04/2024 às 15:41
Notícia

Morreu nessa sexta-feira (26) um dos fundadores e ex-presidente da Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe), Cleomines Cisneiros Nicéas, conhecido como Cléo Niceas, vítima de um câncer no fígado aos 76 anos. Ele foi diretor da Globo Recife por 17 anos e era consultor do Grupo Nordeste até hoje.

Cleó presidiu a Asserpe por três mandatos, de 2010 a 2019, sendo responsável pelo fortalecimento institucional até a construção da mentalidade e formato de representação comercial junto aos veículos, segundo a própria instituição.

Por nota, a Asserpe e o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Sertepe) lamentaram a perda, definindo Cléo como alguém "marcado por seu espírito alegre, pujante, com entusiasmo e dedicação".

O funeral foi realizado neste sábado (27) no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.

RESULTADOS E ENGAJAMENTO

Fernando Castilho, colunista deste JC, escreveu uma homenagem para Cléo, afirmando que ele "inventou o "RP de resultados antes do que hoje chamamos de engajamento". Confira:

Das coisas que aprendi no jornalismo econômico como Cleomines Cisneiros Nicéas - que a gente se acostumou a clamar de Cléo - certamente a mais produtiva foi fazer o que ele chamava de RP de Resultados que é a arte de estar presente nos eventos importantes sem que, necessariamente, o anfitrião se sentisse obrigado a dar mais atenção do que o necessário.

O que chamo de “Técnica Cléo Nicéas” consiste em chegar no horário marcado, cumprimentar o anfitrião quando ela ainda tem um tempo mínimo necessário para nos ouvir, dar uma volta no salão de modo a ser visto pelos convidados e, discretamente, sair à francesa se modo que a ausência seja justificada pelos presentes garantindo que estivemos ali.

Ele fazia isso por necessidade profissional pelo enorme número de convites que exercia pela função de Diretor Geral da Rede Globo Nordeste quando precisava estar em todos eles. Mas o que o diferenciava é que ele sempre tinha algo importante para encantar seus ouvintes.

Foi vendo “Seu Cléo” fazer isso que entendi como ele era referenciado como a pessoa que estava onde era necessário e como ele fazia dessa função de Relações Públicas da Globo um terceiro expediente de seu trabalho.

Ouvindo-o conversar produtivamente com empresários, captei dezenas de pautas que depois eu o procurava para aprofundar o assunto. Claro que a capacidade intelectual dele ajudava, o próprio cargo na Região Nordeste fazia ele ser um grande depositário de “insider information” do que iria acontecer. Mas às vezes ele surpreendia vendo uma possível ação de negócios numa simples nota social na coluna de João Alberto da Roberta Jungmann ou do nosso saudoso Orismar Rodrigues, no Jornal do Commercio. E isso é o que a gente pode chamar da capacidade de ele fazer engajamento.

Por isso, a notícia de sua partida para o andar de cima neste sábado nos leva a um sentimento de conforto e gratidão por ter conhecido, e aprendido, tanto com ele, ainda que não fosse jornalista por profissão.

A partida do Cléo Nicéas deve ser lembrada sobre como ele ajudava a organizar boas ideias transformando-as em negócios que nem sempre se transformavam em anúncios para a emissora que lhe pagava o salário. Ele tinha essa capacidade de olhar o que você lhe mostrava e ver o que aquilo poderia se transformar. E essa é uma lição que todos os que conhecem podem atestar. Até porque ele sempre dividia o sucesso com todos em sua volta.

Mas eu vou sempre me lembrar do tempo em que “colava” na conversa de Cléo nos eventos só para “aperuar” o que ele estava se assuntando. Até porque como disso antes, ele só ficava no local o tempo necessário para fazer do anfitrião a pessoa mais importante do mundo que nem percebia quando ela sai para cumprir uma nova tarefa de RP de Resultados.

Só lamento nunca ter perguntado a ele porque seu pai, Amarílio, lhe pôs o mesmo nome do filho mais velho de Anaxândrides II que também foi pai de Leônidas de Esparta.

Viva Cleo!

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