ENTREVISTA - ZILDA CAVALCANTI

"Esse ano tivemos que lidar com a imprevisibilidade da saúde", diz a secretária, sobre avanço de Srag entre crianças menores

Durante debate na Rádio Jornal, a secretária de Saúde, Zilda Cavalcanti, disse que a doença está saindo da fase de pico e as filas em busca de vagas nas UTIs devem diminuir.

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JC

Publicado em 23/05/2024 às 19:23 | Atualizado em 24/05/2024 às 7:33
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A secretária de Saúde de Pernambuco, Zilda Cavalcanti, foi a convidada desta quinta-feira (23) da Primeira Página da Rádio Jornal, com a comunicadora Natalia Ribeiro. Ela falou sobre a situação crítica na saúde do Estado, com o crescimento de casos e de óbitos de Síndrome Respiratória Aguda (Srag) Infantil.

O grande número de crianças de 0 a 9 anos doentes, expôs o déficit de UTIs pediátricas e neonatais e a falta de equipes especializadas para atender a emergência médica. Nesta esntrevista, Zilda reconhece o momento desafiador e aponta as medidas que vem sendo tomadas para evitar o agravamento da situação. Ao longo do ano dez crianças já morreram de Srag em Pernambuco. 

FALTA PEDIATRIAS EM MOMENTO CRÍTICO

A sazonalidades da Pediatria é um assunto extremamente desafiador. Eu também acho que é importante ressaltar que esse ano tivemos que lidar com a imprevisibilidade da saúde. Quem é da área de Saúde sabe que nós lidamos com isso. A população mais acometida foi de crianças menores e de bebês de até seis meses de idade. Isso demanda uma especificidade ainda maior dos profissionais de saúde que precisam ser especializados em cuidar dessa faixa etária. Isso dificulta conseguir viabilizar equipes de saúde especializadas em atender essa população específica. Não é simples, especialmente nesse período de sazonalidade. Nessa época os profissionais de saúde já estão com suas agendas geralmente lotadas com outros serviços, porque a demanda não é só do serviço público de saúde, mas também do serviço privado.

NOVOS LEITOS DE UTIs

Nós já abrimos 200 leitos pediátricos, entre UTI e enfermaria, e estamos capacitando profissionais ao longo de todo o Estado. Também reforçamos as UPAs 24 Horas, inclusive com leitos de assistência ventilatória, e estamos trabalhando com teleinterconsulta de pediatras. Foram mais de 1.300 atendimentos, com pediatras 24 horas orientando os médicos generalistas ao longo de todo o Estado. O plano de contingência que divulgamos previamente em fevereiro está todo em andamento. As ações estão em andamento e concluídas. Seguimos abrindo mais leitos, dependendo da estruturação de alguns serviços de saúde, que têm reformas em andamento e estamos tentado acelerar para disponibilizar os leitos o mais rápido possível. Hoje (quinta/23), abriremos mais oito leitos de enfermaria em Limoeiro. Então, hoje são 200 e serão 208 até o final do dia. E seguimos tentando viabilizar mais leitos.

FILA DE ESPERA POR UTI X TRATAMENTO 

É importante dizer que todas as crianças que hoje aguardam em fila de espera, não estão desassistidas. Elas estão em unidade de saúde e, se precisam de procedimentos como intubação, uso de antibióticos.... Tudo está sendo feito enquanto elas aguardam a disponibilização de um leito de UTI. Elas seguem sendo assistidas nas unidades de origem onde estão. A fila de espera tem sido acompanhada de perto por especialistas para que se possa priorizar as crianças mais graves. Dessa forma, a gente tem é conseguido manter um atendimento dentro do que é possível às crianças que estão na fila. 

SAÍDA DO PICO DA DOENÇA 

A gente observa que existe uma redução do número médio de crianças na fila de UTI, em relação à semana passada, por exemplo. Sabemos que epidemiologicamente, ou pelo menos torcemos, que estamos saindo da fase de pico da doença. Então a fila vai reduzir. Ao mesmo tempo estamos abrindo mais leitos de UTI, sendo 30 só esta semana.  

INCIDÊNCIA MAIOR ENTRE CRIANÇAS 

Os epidemiologistas que estudam o comportamento das doenças não conseguem dar uma explicação exata sobre o porquê de a incidência ser maior entre as crianças menores. O que se sabe é que, muitas vezes, o tipo de vírus que circula é diferente. A virulência, quer dizer, a agressividade do vírus também pode mudar, a temperatura pode influenciar. São várias questões, mas não se tem uma explicação exata.  

PROTEÇÃO AOS BEBÊS

Eu faço aqui um apelo à população para que possam ser multiplicadores e falem aos pais e responsáveis para proteger os bebês neste momento. Especialmente crianças menores de 2 anos, que tendem a fazer os quadros mais graves de bronquiolite. Os bebês menores de seis meses mais ainda.  Pedimos às pessoas que mantenham a vacinação em dia para proteger contra outros outros vírus, que dificultam e também confundem nesse período. Evitem sair com bebês em aglomerados, como shopping, feiras e outros locais. Quem está doente em casa também precisa evitar ficar perto das crianças sem lavar as mãos e sem usar máscara. Se está com alguma doença, o recomendado é se isolar.  

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