Muro de arrimo desaba sobre casa em área de morro do Recife após chuvas
Episódio no Córrego José Idalino, bairro de Brejo da Guabiraba, deixou moradores apreensivos com a possibilidade de deslizamentos no período de chuvas
As fortes chuvas registradas no Recife no último final de semana voltaram a expor a fragilidade da infraestrutura da cidade. Um murro de arrimo desabou por cima de uma residência no Córrego José Idalino, bairro de Brejo da Guabiraba, Zona Norte da capital.
Os muros de arrimo são construções que deveriam justamente conter forças como barrancos e equilibrar a pressão de um terreno. Neste caso, o desabamento atingiu diversos cômodos da casa, como área de serviço, cozinha e dois quartos. A Defesa Civil foi acionada.
Glaucia Alda, residente do imóvel, estava com a família quando ouviu o estrondo. Os seus filhos brincavam com amigos na frente da residência quando a estrutura desabou. Por sorte, ninguém ferido. "Corri de imediato para ver o que havia ocorrido. A princípio, pensei que fosse uma casa desocupada que tem aqui em cima", disse Glaucia à TV Jornal.
Tijolos, telhas, pedaços de cimento e outros entulhos invadiram o espaço. "A Defesa Civil irá enviar uma equipe para remover os entulhos, já que é um serviço perigoso para quem não tem condições de fazer. Vem uma empresa para fazer uma remoção. Depois, a gente vai ver se tem condições de voltar para o conforto do nosso lar. Estou dormindo na casa de parentes."
Apreensão
Os moradores do Córrego José Idalino estão apreensivos com a possibilidade de deslizamentos no período de chuvas. De acordo com a TV Jornal, seis pessoas morreram soterradas nesta região nos últimos anos.
Ao circular pela área, é possível avistar muitos plásticos colocados por cima de barreiras. A população se sente desprotegida. "É tapar o sol com a peneira. Esperamos o pior quando chove, né? Eu já fico com as portas abertas, porque qualquer coisa chamo minha família", disse Claudilene, outra moradora do bairro.
Chuvas
Neste final de semana, o Recife teve, em 24h, o maior volume de chuva desde o mês de maio de 2022. De acordo com a gestão municipal, até às 17h do sábado (15), foram registradas 154,3 mm na estação pluviométrica da Várzea, o equivalente a 42% da média histórica do mês de junho, que é de 361 mm.
A Defesa Civil recebeu 144 chamados em 24h, entre solicitações de vistorias e pedidos pontuais de apoio. Diante do cenário, a prefeitura mobilizou 2.827 servidores para atender à população.
O trabalho foi coordenado pelo Centro de Operações do Recife (COP), que tem se mantido reunido presencialmente desde a noite da sexta-feira (14), articulando as ações de 13 secretarias e órgãos municipais para atender as ocorrências provocadas pelas fortes chuvas.
Histórico recente
Entre os dias 28 e 31 de maio de 2022, fortes chuvas assolaram Recife e causaram deslizamentos de encostas, resultando em 140 mortes, 122 mil pessoas desalojadas, 68 mil casas danificadas e 3 mil destruídas completamente, de acordo com dados do Sistema Integrado de Informações a Desastres (S2iD) do Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional.