‘Ouvi o estalo e vi o teto caindo. Salvei por sorte e tirei minha mãe dos escombros’, diz sobrevivente da tragédia no Morro da Conceição

Fábio da Silva Barros levou dez pontos na boca, está com rosto muito inchado e sente muita dor no corpo. A mãe fraturou o braço e aguarda cirurgia

Publicado em 31/08/2024 às 18:02

Todos os meses, o auxiliar de serviços gerais Fábio da Silva Barros, 39 anos, vai ao Santuário do Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, durante a distribuição de cestas básicas. No início da tarde da sexta-feira (30), quando o teto desabou, ela aguardava para receber a doação. Estava sentado, junto a outras pessoas, em um dos bancos próximos ao altar. 

"Quando aconteceu o primeiro estalo, meu primo disse que a igreja estava caindo. Eu olhei para trás, e já estava o teto todo arriado. Não teve nem para onde só ir, e eu me salvei por sorte. Caiu uma barra de ferro do meu lado, e o resto das ferragens passou pelo meu rosto", contou Fábio ao repórter Emerson Pereira, da TV Jornal, logo após receber atendimento, neste sábado (31), na Unidade de Saúde da Família (USF) José Bonifácio dos Santos, ao lado do santuário. 

A unidade está aberta, neste sábado, até as 22h. No domingo (1º), funcionará das 7h às 17h para oferecer cuidados e assistência psicológica às vítimas do desabamento. A esposa de Fábio, a balconista de padaria Flávia Souza da Silva, 38 anos, disse à reportagem do JC que o marido, logo após a queda do teto da igreja, foi socorrido no Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. Foi liberado logo depois. 

"Ele levou dez pontos na boca e está com o rosto muito inchado, sentindo muitas dores. Por isso, ele foi ao posto de saúde hoje. O médico passou um novo remédio para dor", informou Flávia. 

Ela estava trabalhando, na sexta-feira (30), quando soube do desabamento. "Eu me desesperei quando vi a mensagem da minha vizinha sobre o ocorrido. Saí gritando pela padaria, e todos de lá me ajudaram, tentaram me acalmar. Quando cheguei no Morro, meu marido já tinho sido socorrido, e a mãe dele também."

A dona de casa Lucimar da Silva Barros, 66 anos, é a mãe de Fábio. Ela estava ao lado dele durante a tragédia. Fraturou o braço direito e está internada na Santa Casa de Misericórdia do Recife, no bairro de Santo Amaro, onde aguarda a realização de uma cirurgia. 

Em meio ao desespero durante o desabamento do teto, Fábio conta que imediatamente correu, mas logo voltou quando percebeu que a mãe não estava junto. "Ela ficou sob os escombros, e eu fiquei tentando levantar uma viga de ferro para tirar ela de lá. Cortei o rosto todinho, mas foi para poder salvar minha mãe. O rosto, a coluna, as pernas... Tudo está doendo." 

ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO

Desde a sexta-feira (30), a Secretaria de Saúde do Recife iniciou a busca ativa das vítimas que receberam alta das unidades médicas para começar os acompanhamentos psicológicos na rede municipal.

Os profissionais estão de plantão na Unidade de Saúde da Família (USF) José Bonifácio dos Santos, ao lado do Santuário do Morro da Conceição, para acolher as pessoas e iniciar os acompanhamentos. Dos feridos, cinco já foram acolhidos pela equipe e iniciados os acompanhamentos.

O desabamento deixou, ao todo, 28 pessoas feridas e levou duas pessoas a óbito. O Samu Recife socorreu 20 vítimas e as encaminhou para unidades de urgência, enquanto o Corpo de Bombeiros removeu quatro pessoas.

Outras pessoas procuraram os serviços espontaneamente. Desse total, 23 já receberam alta e cinco permanecem hospitalizados, sem gravidade.

 

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