Naufrágio em Pernambuco: Comandante segue desaparecido e famílias esperam por respostas

A tragédia marítima em Ponta de Pedras deixou quatro mortos e um desaparecido; Marinha intensifica buscas pela vítima que ainda não foi encontrada

Publicado em 17/09/2024 às 16:10 | Atualizado em 17/09/2024 às 17:36

Com informações dos repórteres Emerson Pereira e Juliana Oliveira, da TV Jornal

O naufrágio do navio cargueiro Concórdia, ocorrido no último domingo (15) próximo à praia de Ponta de Pedras, em Pernambuco, gerou uma intensa comoção e dor entre os familiares das vítimas.

Com quatro mortos confirmados e um desaparecido - o comandante Edriano Gomes de Miranda, de 48 anos -, a expectativa e o sofrimento aumentam à medida que as buscas continuam.

A embarcação, que seguia em direção a Fernando de Noronha, transportava alimentos e materiais de construção quando ocorreu uma tragédia. Quatro pessoas conseguiram ser resgatadas com vida.

Famílias e últimos contatos

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Imagem de tripulantes do Navio Concordia - Reprodução TV Jornal

Bruna Silva, esposa do comandante Edriano, contou que no sábado, poucas horas antes do naufrágio, o marido entrou em contato via WhatsApp.

Nas mensagens, Edriano expressou preocupação com a estabilidade do embarque e comentou que estava retornando ao Recife por precaução. Ele informou ainda que a carga havia virado e o navio estava sem leme.

As palavras de Edriano para a esposa foram um aviso que, infelizmente, se concretizou na tragédia.

Desde então, Bruna aguarda notícias do marido. No início da tarde desta segunda-feira (17), ela recebeu a confirmação de que nenhum dos quatro corpos levados ao Instituto Médico Legal (IML) do Recife era de Edriano.

Vítimas com décadas de trabalho no mar

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Imagem de partes Navio Concordia - Reprodução TV Jornal

Entre as vítimas fatais está Marcos Antônio Viana Coragem, assistente de máquinas, profissional especializado.

O genro de Marcos Ribeiro, Fabiano Soares, emocionado, contou que o sogro era um homem acostumado com viagens marítimas desafiadoras, sempre cauteloso. “Ele tinha mais de 30 anos de experiência, sabia como lidar com essas situações, embora tenha sido muito rápido, como um dos sobreviventes relatou", lamenta.

Já o filho de Marcos Coragem, Airton de Assis, não esconde a indignação. Segundo ele, o navio estava sobrecarregado e com falhas que podem ter contribuído para o naufrágio.

“A gente sabia que era um navio velho, que estava acostumado a levar excesso de carga” afirmou em entrevista à TV Jornal, ressaltando que a segurança da tripulação foi negligenciada.

Sobrevivente relata momentos

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Imagem de partes Navio Concordia - Reprodução TV Jornal

Entre os quatro sobreviventes está Mozart Gomes da Fonseca, de 57 anos, imediato do navio, auxiliar direto do comandante. Ele relata que a situação se tornou desesperadora quando a carga, ao molhar, triplicou de peso, desestabilizando o navio.

“Entramos em consenso junto com o comandante: Vamos voltar para o Recife. Porque ao chegar na ilha, íamos encontrar uma corrente d'água muito forte. Na metade do caminho de volta, aconteceu o inesperado, nós ficamos sem o leme”, contou.

Trabalho de resgate

A Marinha continua com as buscas ativas para encontrar o a última vitima desaparecida. Moradores e pescadores da região de Ponta de Pedras, como Pyeri Bandeira, se uniram ao esforço de resgate.

Foi Pyeri quem localizou os quatro corpos das vítimas no mar, utilizando um barco de pescadores locais. “Encontrei os corpos próximos uns aos outros, com a carga espalhada", revela o mergulhador.

No entanto, o comandante Edriano Gomes de Miranda permanece desaparecido, aumentando a angústia dos familiares, que se revezam entre o IML e as praias, aguardando qualquer notícia que possa trazer um desfecho, mesmo que doloroso, para essa tragédia.

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