Polícia começa a colher depoimentos na investigação da morte de criança de 10 anos em academia pública do Recife

Quatro pessoas prestaram depoimentos na delegacia do Cordeiro. Além do pai e da mãe do menino de 10 anos, duas pessoas que ajudaram no socorro

Publicado em 08/10/2024 às 19:28 | Atualizado em 08/10/2024 às 20:06

Com informações do repórter Yan Avelino, da TV Jornal

A Polícia Civil de Pernambuco investiga o caso da morte do menino de 10 anos, eletrocutado no último dia 2, quando brincava no espaço da Academia Recife, no bairro de Engenho do Meio, na Zona Oeste da capital. Nesta terça-feira (8), quatro pessoas prestaram depoimentos na delegacia do Cordeiro: o pai e a mãe do garoto Thomas Felipe Bandeira da Rocha, além de um jovem e um comerciante que ajudaram no socorro da criança.

Ainda de luto e bastante abalados, os pais do garoto Thomas Felipe Bandeira da Rocha chegaram à delegacia emocionados e denunciaram a falta de apoio da Prefeitura do Recife. "No dia da morte do meu filho, uma assistente social e uma psicóloga foram na minha casa e disseram que ficariam à disposição por 24h para nos ajudar nesse momento que estamos passando, mas depois disso ninguém mais apareceu. Pedimos medicação, algum remédio para ajudar a suportar a dor, algum tipo de acolhimento, que alguém nos atendesse, e não tivemos nenhum retorno. Não recebemos nenhum apoio psicológico ou psiquiátrico", denunciou Tássia Bandeira, mãe do menino, em entrevista a reportagem da TV Jornal.

Fabio Pereira da Rocha, pai do garoto, também prestou depoimento nesta terça-feira (8), e revelou os dias difíceis que tem passado após a perda do filho. "Eu sou um pai que perdeu um filho, só Deus sabe o que estou sentindo, como estou conseguindo andar na rua, sendo parado pelas pessoas. Tudo isso está mexendo comigo, com minha cabeça, estou me sentindo sufocado. É muita coisa na minha mente e alguém terá de se responsabilizar pela morte do meu filho", desabafou.

O delegado que está à frente do caso informou que as investigações ainda são prematuras, mas que a Polícia Civil está se empenhando para esclarecer tudo com brevidade. "Instauramos o inquérito policial e iniciamos com o depoimento de familiares (da criança). Ainda é muito cedo para falar um tipo penal, até porque ainda não temos nenhuma perícia sobre isso. A gente precisa das provas materiais e das provas técnicas para subsidiar as nossas investigações, pois sem elas a gente não consegue caminhar. Vamos oficiar alguns órgão públicos para esclarecer algumas situações e tudo o que for necessário para que seja esclarecido o que aconteceu naquele dia fatídico, a Polícia Civil de Pernambuco fará com muita responsabilidade", declarou o delegado João Gustavo Godoy.

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Garoto Thomas Felipe Bandeira da Rocha, de 10 anos, sofreu uma descarga elétrica e morreu quando brincava no espaço da Academia Recife, no bairro de Engenho do Meio, na Zona Oeste da capital, na última quarta-feira (2) - TV Jornal
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Garoto Thomas Felipe Bandeira da Rocha, de 10 anos, sofreu uma descarga elétrica e morreu quando brincava no espaço da Academia Recife, no bairro de Engenho do Meio, na Zona Oeste da capital, na última quarta-feira (2) - TV Jornal

Os depoimentos duraram mais de quatro horas e todos estiveram acompanhados por um advogado. Além da esfera criminal, a família também deve entrar na justiça com um pedido de indenização. "Vamos trabalhar para descobrir as pessoas que fizeram essa ligação (elétrica), porque foi um ato criminoso. Já chegou o exame que constatou a 'causa mortis', que foi choque elétrico, e agora estamos esperando o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), de criminalística, para que a gente possa finalizar, junto com os depoimentos, e entrar com ação judicial para que as pessoas possa ser responsabilizadas", disse Clevison Bezerra, advogado que representa a família.

O que dizem a Prefeitura do Recife e o Instituto de Gestão de Esporte e Cultura

Em nota, a Prefeitura do Recife, diz que, "desde o primeiro momento, colocou à disposição da família atendimento psicológico e apoio para o velório e o sepultamento". A Controladoria Geral do município determinou a abertura de um processo administrativo contra a empresa responsável pelas Academias da Cidade, o Instituto de Gestão de Esporte e Cultura (Igec). "A mãe do menino foi atendida, na segunda-feira (7), no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Eulâmpio Cordeiro e será acompanhada por profissionais de saúde mental da rede municipal. A equipe de Saúde da Família do município está ciente e fará visitas regulares à residência dela para prestar apoio à família", informa. 

Já o Instituto de Gestão de Esporte e Cultura, responsável pela administração do equipamento da PCR, diz que "os equipamentos da unidade foram manuseados pelos colaboradores do projeto, sem registro de falhas ou vazamento de corrente elétrica, e não havia fios desencapados ou expostos". 

O Instituto reforça, ainda, que se solidariza com a morte do garoto, afirmando que a vistoria e manutenção mais recente da instalação foi realizada no mês passado (setembro).

 

 

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