Chuvas no Recife: bióloga aponta necessidade de reforçar escoamento de águas para minimizar transtornos
De acordo com Soraya El-Deir, professora da UFRPE, motivos dos transtornos passam por questões estruturais, geográficas e sociais.

A bióloga e professora de gestão ambiental da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Soraya El-Deir explicou, em entrevista à Rádio Jornal, o motivo do Recife ser tão impactado por alagamentos quando chove.
Segundo a especialista, os problemas têm origem no desenvolvimento urbano da cidade. "Esse transtorno que acontece aqui no Recife é porque trata-se de uma cidade que era uma área de absorção de água, basicamente restinga e mangue, e agora, tudo aterrado, tudo impermeabilizado, a gente acaba tendo as águas sem possiblidade de escorrer. Então a gente está passando por um processo que é recorrente", explicou.
Soraya El-Deir vê como positivas as obras que estão sendo realizadas pela Prefeitura do Recife nas áreas de morros, com o objetivo de evitar deslizamentos, mas acredita que é necessário reforçar as ações voltadas para o escoamento das águas para minimizar os transtornos.
"O governo municipal deu um passo na hora que começou a fazer jardins que acabam absorvendo a água, áreas de sumidouro, mas veja, ainda não é suficiente, porque a gente ainda tem um agravante: há determinadas áreas da nossa cidades, determinadas ruas, que estão abaixo do nível médio da maré mais alta", ressalta.
De acordo com a professora, quando a maré atinge de 2,20 m a 2,25 m de altura, é natural que essas ruas alaguem, o que é potencializado pelas chuvas.
Educação ambiental
A bióloga também aponta, além dos problemas estruturais e geográficos da cidade, a questão social. Para ela, há um analfabetismo ambiental na população, que não consegue compreender as consequências das suas ações para o meio ambiente. "As pessoas não têm consciência de que o lixo, quando é jogado na rua, não desaparece. Ele fica, e acaba sendo canalizado exatamente para as vias de drenagem, entupindo estas", lamentou.
Soraya El-Deir apontou ainda que o déficit habitacional faz com que algumas pessoas precisem construir de forma irregular na beira dos rios, o que também gera impactos ambientais.