A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ter descumprido orientações do seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de evitar aglomerações por causa da pandemia de coronavírus. No pronunciamento feito no pequeno expediente da Assembleia Legislativo de São Paulo, nesta segunda-feira (16), a autora do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), classificou a atitude de Bolsonaro como um crime. “Quando autoridades têm o poder e dever para evitar um resultado danoso e assim não procedem, elas respondem por esse resultado. Isso é homicídio doloso”, declarou.
Neste domingo (15), o presidente Jair Bolsonaro saiu para cumprimentar pessoalmente os manifestantes que realizavam ato em favor do Governo Federal e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse que “faria de novo”, afirmando que existe um “superdimensionamento” do coronavírus. “O que o presidente fez ontem é inadmissível, é injustificável e indefensável, um crime contra a saúde pública”, declarou Janaina.
Durante seu pronunciamento, a deputada estadual citou diversas vezes o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão (PRDB), por ele ser a pessoa mais indicada para a conduzir a nação neste momento, segundo sua visão. “Nosso país está entrando numa guerra contra um inimigo invisível. Deixa o Mourão, que é o treinado para a defesa. Como um homem (Bolsonaro) faz uma live na quinta-feira (14), e diz para não ter protestos, e depois vai participar destes mesmos protestos? Eu me arrependi do meu voto. Que país é esse?”, completou.
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Apesar de pedir o afastamento do presidente Jair Bolsonaro, a parlamentar que também é advogada, explicou que “não há tempo para o impeachement”. “As autoridades têm que se unir e pedir para se afastar, não temos tempo para um processo de impeachment. Nós estamos sendo invadidos para um inimigo invisível e precisamos de pessoas capazes e competentes de conduzir a nação. Quero crer, que o Mourão possa fazer esse trabalho por nós”, finalizou Janaina.
Protestos no Recife
Participantes do ato em defesa de Jair Bolsonaro no Recife foram detidos, na tarde deste domingo (15), e conduzidos para a Delegacia de Boa Viagem. A Polícia Civil informou que um dos detidos seria o líder do protesto e, por isso, teria desafiado a proibição, assinada pelo governador Paulo Câmara (PSB), de realizar atos com público maior que 500 pessoas, por conta do novo coronavírus (Covid-19). A reportagem do JC esteve no protesto, que independente do decreto levou mais de 500 pessoas às ruas.
Por meio de nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que autuou o líder da manifestação em função "do descumprimento do artigo 268 do Código Penal (Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa)". A polícia lembra, também, que decisões proferidas hoje (neste domingo, 15) em plantões judiciários, determinaram a não realização de dois eventos - a Festa da Tainha, no município de Goiana, e os Fanfarrões Bora Bora, em Jaboatão dos Guararapes - pelo risco de propagação do Covid -19.
Ainda de acordo com a polícia, um segundo homem foi detido por desacato. "Neste momento, o rapaz de 21 anos sendo ouvido na Delegacia de Boa Viagem. Além dele, um homem, de 57 anos, também foi autuado e está prestando depoimento. Nesse último caso, por desacato à autoridade policial por ter invadido a delegacia e desrespeitado a equipe de servidores de plantão neste domingo", diz trecho da nota da Polícia Civil de Pernambuco. O delegado Sylvio Romero está à frente do caso.
Para os dois casos foram lavrados Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO). Os homens prestaram depoimento e foram liberados para responder em liberdade.
Filhos de Bolsonaro criticam prisão de apoiadores
Filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Carlos e Eduardo Bolsonaro, alfinetaram o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), após a notícia de que manifestantes foram detidos em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nesse domingo (15). Segundo a Polícia Civil, dois homens foram detidos. Um deles por descumprir o decreto do governo do Estado que proíbe reuniões e eventos com mais de 500 pessoas, devido à pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19), e o outro, por desacato.
Eduardo Bolsonaro (PSL), chegou a falar em "fascismo" ao comentar o assunto. "Prender um cara porque estava segurando uma plaquinha? Já sei que vão falar do coronavírus. Mas o corona só se pega em manifestação ou em estádio e ônibus também? Revolta seletiva do governador? É o Estado acima das liberdades. Se isso não é fascismo eu não sei o que é...", escreveu o deputado federal em sua conta no Twitter.
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