Covid-19

Mourão diz que imprensa causa 'histeria' ao noticiar coronavírus e critica atuação da ONU e da OMS na pandemia

Declarações do vice-presidente foram dadas durante entrevista transmitida ao vivo no canal do Youtube do BTG Pactual Digital

Renata Monteiro
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Publicado em 02/04/2020 às 17:58 | Atualizado em 02/04/2020 às 18:00
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Segundo Mourão, as medidas que estão sendo tomadas pelo governo Bolsonaro não significa que o equilíbrio macroeconômico será deixado de lado - FOTO: Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Em entrevista na tarde desta quinta-feira (2), O vice-presidente da República Hamilton Mourão (PRTB) criticou as ações de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) no combate ao novo coronavírus no mundo. No bate-papo com o jornalista Augusto Nunes, transmitido ao vivo no canal do Youtube do BTG Pactual Digital, o general também afirmou que, inicialmente, o Brasil subestimou a capacidade de propagação da covid-19 e que, em algumas situações, a imprensa causa "histeria" ao tratar do assunto.

"O nosso País, assim como a maioria dos países do mundo, julgou, num primeiro momento, que esse vírus não teria a capacidade de propagação que ele mostrou. A China apresentou casos entre o fim de dezembro e o início de janeiro, nós tínhamos um Carnaval pela frente, aí vieram os países da União Europeia, notadamente Itália, França e Espanha, que estão sofrendo tremendamente com essa epidemia, mas nós começamos desde aquele momento a nos preparar. As próprias organizações multilaterais como a OMS, que demorou a classificar a covid-19 como uma pandemia, e a ONU, que até hoje não reuniu seu conselho de segurança (não estavam preparadas)", declarou Mourão.

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Questionado sobre sua visão a respeito do trabalho que a imprensa tem desempenhado na cobertura da pandemia no Brasil, o vice-presidente disse acreditar que os jornalistas têm o dever de informar o que está ocorrendo, mas que discorda do modo como alguns veículos vêm cobrindo o surto do novo coronavírus. "Eu julgo que a imprensa tem o dever de informar, mas as manchetes podem ser tratadas de outra forma, de modo que as pessoas tenham o entendimento do que são os perigos reais dessa pandemia e, ao mesmo tempo, cumprindo uma rotina, não causando uma histeria total como estamos vendo. Hoje, você toma café da manhã, almoça, janta e faz a ceia ouvindo coronavírus e isso às vezes leva uma imagem distorcida, principalmente por determinados seguimentos da população que não conseguem compreender a realidade", pontuou.

Sobre o auxílio-emergencial de R$ 600 para trabalhadores informais sancionado na última quarta-feira (1º) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Mourão disse que o Planalto já está estudando maneiras de fazer com que as famílias beneficiadas o recebam. O vice-presidente também afirmou que a prioridade do governo é o combate ao coronavírus e que esse tipo de medida não se torne permanente.

"Essa é uma dívida que todo o povo brasileiro vai pagar nos próximos anos, mas é uma dívida justa.O que nós temos que tomar cuidado é que não haja desperdício, que os gastos sejam efetivamente apenas para o combate do coronavirus e seus efeitos e que não se tornem, a posteriori, um custo permanente, porque esse é o grande desastre", detalhou Mourão.

Durante a entrevista o vice de Bolsonaro, que tem 66 anos e está no grupo de risco da covid-19, também informou que não está tomando nenhuma medida para se proteger do vírus, por, segundo ele, já viver "em confinamento" por conta do cargo que ocupa. Apesar disso, Mourão mais uma vez foi na contramão do que defende o presidente e recomendou que as pessoas mantenham o isolamento social.

"O presidente quando fez seu pronunciamento na terça-feira se referiu a essa pandemia como o maior desafio dessa geração, a geração dos baby boomers. (...) O que tem que ficar claro é que nós vamos superar isso. Esse é um discurso conjunto, a palavra-chave aqui é cooperação. Cooperação com o familiar, aquelas pessoas que podem produzir, continuar produzindo, quem não pode, permanecer isolado, respeitando a distância das pessoas, não nos aglomerarmos, não ficarmos irritados porque não estamos indo a festas, a bailes cinemas, vamos entender que esse é um momento e que tudo na vida passa. daqui a 30, 60 dias, logo logo a vida retornará ao normal e, a partir daí, nós temos que fazer um trabalho, um esforço conjunto de reerguer as empresas e recuperar empregos", gravou o vice-presidente.

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