Ontem, quando aguardava o desenlace da novela das constantes desavenças entre o presidente Jair Bolsonaro e o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, eu comecei a ler um artigo científico assinado pelo pesquisador chileno Humberto Maturana quando ele começa analisando uma frase do censo comum que diz que a primeira impressão é a que fica. Segundo o neurocientista Humberto Maturana, “os primeiros encontros são marcados muito mais pelas aparências do que por aquilo que de fato somos”.
E por que eu fui atrás desse estudo do cientista chileno? Por que eu tinha lido o currículo do doutor Nelson Teich momentos antes de ter o nome confirmado para novo ministro da Saúde e queria me preparar para a primeira impressão do substituto de Luiz Henrique Mandetta.
No quesito conteúdo, Nelson Teich é preparado. Estudou fora, defendeu conceitos os mais variados possíveis, alguns questionados por cientistas, outros compartilhados, mas sempre causando boa impressão naquilo que defende como cientista.
Foi de Nelson Teich que eu ouvi, pela primeira vez, desde o início da crise do coronavírus, que o governo deveria manter o isolamento estratégico. Primeiro liberam apenas os serviços essenciais, em seguida, e aos poucos, algumas atividades da economia vão sendo colocadas para funcionar, não sem antes exigir dos estabelecimentos rigor na segurança dos colaboradores e dos clientes. Portanto, um pensamento totalmente divergente do que vem pregando o presidente da República.
Acontece que ontem, já nomeado ministro da Saúde, Nelson Teich mostrou total desconhecimento da máquina que vai comandar e justamente no momento que se compara e um maquinista que assume o comando de locomotiva, com o trem em movimento. Não tem muito tempo a aprender, não.
Teich defendeu o isolamento e a testagem em massa. Questionado como seria isso, como seriam feitos os testes quando se sabe que o Brasil não tem condições de fazer o experimento, o novo ministro disse apenas, vamos ver.
Ainda é cedo para sentir como será o desempenho de Nelson Teich à frente do Ministério da Saúde, mas entre as teses que defendeu como pesquisador e o primeiro discurso que fez ao lado do presidente da República, o ministro está disposto a tocar afinado com Jair Bolsonaro.
Pense nisso!
romoaldodesouza@radiojornal.com.br
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