CONSÓRCIO NORDESTE

Governadores do Nordeste criticam demissão de Nelson Teich do Ministério da Saúde

Os chefes do executivo afirmam que a saída de Teich, segunda baixa no comando do Ministério da Saúde, causa preocupação e insegurança diante da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 15/05/2020 às 14:59 | Atualizado em 17/05/2020 às 15:49
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Reunião de governadores do Nordeste com ex-ministro da Saúde, Nelson Teich - FOTO: DIVULGAÇÃO/SECOM

Atualizada às 17h19

A demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich, anunciada nesta sexta-feira (15),  causou reação entre os governadores do Nordeste, que criticaram mais uma vez a atuação do governo federal diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O ministro da saúde, iria completar um mês a frente da pasta neste sábado (16), e tinha sido escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta.

De acordo com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), a pandemia não pode ser enfrentada através de  pautas guiadas por ideologias e com descrença na ciência. Ele acusa Bolsonaro de não saber liderar o país neste momento de crise. "O presidente só investe em divisões internas e externas, a população sofre. Não se pode enfrentar uma pandemia pautado por ideologia, sem considerar ciência e realidade. Nossa única guerra é contra a Covid-19. Nela, infelizmente, o presidente é o comandante que não sabe liderar", declarou em seu perfil no Twitter. 


O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), foi um dos primeiros chefes do Executivo a se manifestar através do seu perfil no Twitter. Para o gestor, a saída de Teich traz “enorme insegurança e preocupação”. “É inadmissível que, diante da gravíssima crise sanitária que vivemos, o foco do Governo Federal continue sendo em torno de discussões políticas e ideológicas. Isso é uma afronta ao país”, disparou Camilo.

 

 

Para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o presidente da República precisa ser responsabilizado pela “produção de desastres”, citando a demissão dos dois ministros da saúde em meio a crise sanitária provocada pelo coronavírus. “A confusão que Bolsonaro cria é única no planeta. Espero que as instituições julguem o quanto antes a produção de tantos desastres, entre os quais a demissão de DOIS ministros da Saúde em meio a uma gigantesca crise sanitária”, declarou Dino.


"Sem rumo". Foi como o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), classificou a demissão do ministro Nelson Teich, em seu perfil no Twitter. De acordo com o gestor, as saídas dos titulares da pasta de saúde, ocorrem em meio a "um conjunto de medidas pactuadas com os estados, municípios, ciência, autorizando pesquisa, autorizando compra de equipamentos".  "Nós precisamos ter o Governo Federal apoiando quem assumir o cargo de ministro da saúde. Os estados, os municípios, o povo precisam nesse instante de estabilidade, de um poder central coordenando as ações de combate ao coronavírus no Brasil", declarou

 

 Do Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT), também considerou grave a saída de dois ministros em menos de um mês. "O que está acontecendo no Brasil não se vê em lugar nenhum do mundo: um governo mergulhado em uma crise política e que deixa em segundo plano, o que deveria ser seu principal dever no momento: o cuidado e a proteção com a saúde das pessoas", afirmou.

 

Presidente do Consórcio Nordeste, o governador da Bahia Rui Gosta (PT) considerou "inaceitável" a nova baixa no Ministério da Saúde. "Plena pandemia, em 30 dias, dois ministros da Saúde demitidos por não aceitarem seguir as orientações médicas de um presidente que nada entende de Saúde. O país exige respeito à vida, à medicina e à ciência", criticou. 

 

Para o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), este é mais um dia perdido na luta contra o coronavírus. "Independente de nome, o Brasil deve respeitar a vida, a ciência, as recomendações médicas e promover entendimento entre instituições para superar a pandemia", declarou.  Na Paraíba, o governador João Azevedo (Cidadania), o país deixa de avançar por mais um mês no combate a pandemia. "Infelizmente um mês sem avançarmos e agora mais um vácuo que será criado na Gestão da Saúde do país, no pior momento da Crise Sanitária vivida pelo Brasil. Onde iremos parar?", questiona o gestor. 

Encontros com o ministro 

Os governadores do Nordeste estiveram com o então ministro da Saúde, Nelson Teich, em dois momentos. No primeiro encontro, por videoconferência, no dia 20 de abril, os chefes do executivo fizeram um balanço sobre as medidas que estão sendo tomadas nos estados para enfrentar a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Também foram apresentadas algumas propostas, como a contratação de temporária de médicos brasileiros formados no exterior, a chamada Brigada SUS|NE do Consórcio Nordeste, para atuar na promoção da saúde e prevenção da covid-19.

Nelson Teich solicitou que cada estado encaminhasse suas demandas de forma detalhada ao Ministério da Saúde, e que em três dias, daria respostas. No entanto, o novo encontro por videoconferência só ocorreu no dia 29 de abril. O sentimento apresentado pelos gestores foi de frustração, já que não houve retorno concreto das demandas enviadas ao Ministério. 

O governador Paulo Câmara (PSB) pontuou nas duas ocasiões a necessidade de abertura de novos leitos de UTI, a urgência na compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e testes para detectar pessoas infectadas pela doença. “Nós tivemos mais uma reunião dos governadores do Nordeste com o ministro da Saúde, Nelson Teich. Infelizmente, ainda sem um horizonte de respostas às demandas apresentadas por Pernambuco, e outros estados da região, principalmente com a chegada de novos respiradores e os EPis. Esperamos, que o ministério possa reforçar de forma planejada e efetiva, as ações que estamos realizando no Estado de Pernambuco”, declarou o gestor em suas redes sociais, logo após o fim da videoconferência.

Críticas também do presidente do Consórcio Nordeste - que integra os nove estados da região - o governador da Bahia, Rui Costa (PT).“Não foi sinalizado nada de concreto, no curto prazo, de equipamentos, insumos e o principal item que hoje os governadores e prefeitos precisam, que são os respiradores. O sentimento geral é de frustração pela reunião. Nós esperamos conseguir reverter essa situação”, declarou durante uma live, também após o encontro com Teich. 

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