REAÇÃO

Paulo Câmara declara que Bolsonaro "não sabe liderar o país" ao demitir o segundo ministro da Saúde em meio a pandemia

O governador de Pernambuco afirma que o presidente "só investe em divisões internas e externas" e que gestores locais é que têm adotado um caminho para combater a crise do coronavírus

Mirella Araújo
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Mirella Araújo
Publicado em 15/05/2020 às 16:57
Divulgação/Governo do Estado
O governador Paulo Câmara (PSB) e o secretário estadual da Saúde, André Longo, estão com a covid-19 - FOTO: Divulgação/Governo do Estado

O governador Paulo Câmara (PSB) criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pela demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich, anunciada nesta sexta-feira (15). Para o gestor, o presidente tem investido em divisões externas e internas e a população é que sofrendo com a pandemia provocada pelo novo coronavírus (covid-19). “Não se pode enfrentar uma pandemia pautado por ideologia, sem considerar ciência e realidade. Nossa única guerra é contra a Covid-19”, declarou, afirmando ainda que o presidente da República, não sabe liderar o país diante da crise sanitária.

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“Em menos de 30 dias, em uma fase crítica da pandemia, o Brasil perde o segundo ministro da Saúde. Gestores locais têm adotado um caminho para combater a crise, ouvindo a ciência, o país parece não ter encontrado um. E milhares de vidas seguem”, afirmou o chefe do Executivo.

 

Assim como Paulo Câmara, outros governadores têm sido duramente criticados pelo presidente Jair Bolsonaro por adotarem medidas mais rígidas em relação ao isolamento social - principal recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para combater a disseminação do coronavírus. Em um encontro com um grupo de empresários, nesta quinta-feira (14), Bolsonaro incitou a pressão em cima dos governadores para a reabertura do comercio, segundo o jornal Folha de S. Paulo. O setor teria que “jogar pesado” com os chefes de governos estaduais.

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Nesta sexta-feira, o governador prorrogou o fechamento dos estabelecimentos comerciais, industriais e prestadores de serviço no Estado até o dia 31 de maio. A exceção fica para as atividades consideradas essenciais, previstas no decreto estadual nº 49.024/2020, que estabelece o período de quarentena em cinco municípios da Região Metropolitana do Recife, entre os dias 16 e 31 de maio.

Entre as medidas mais rígidas, que passa a vigorá em Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e São Lourenço da Mata, está o rodízio de veículos - cuja punicação para quem descumprir as determinações foi aprovada na Assembleia Legislativa de Pernamubuco, nesta quinta-feira (14). Os carros só podem circular nestas cidades em dias alternados, de acordo com o último numeral da placa (par ou ímpar).

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A restrição à circulação de veículos e o fortalecimento da fiscalização nas ruas e em estabelecimentos comerciais são medidas que visam coibir ao máximo a circulação de pessoas nessas cinco cidades, que concentram mais de 70% das notificações de contaminação pela Covid-19 no Estado.

A Secretaria de Saúde do Estado (SES-PE) confirmou, nesta sexta-feira (15), mais 621 casos do novo coronavírus e 83 novos óbitos em decorrência da covid-19. Com isso, Pernambuco agora totaliza 16.209 casos da doença, com 1.381 mortes.

ENCONTRO FRUSTRADO

No último encontro com o ministro da Saúde, Nelson Teich, no dia 29 de abril, o governador Paulo Câmara reforçou as demandas do estado para o enfrentamento da covid-19. Na ocasião, o gestor afirmou que era preciso reforço para abertura de novos leitos de UTI, a urgência na compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e testes para detectar pessoas infectadas pela doença.

“Nós tivemos mais uma reunião dos governadores do Nordeste com o ministro da Saúde, Nelson Teich. Infelizmente, ainda sem um horizonte de respostas às demandas apresentadas por Pernambuco, e outros estados da região, principalmente com a chegada de novos respiradores e os EPis. Esperamos, que o ministério possa reforçar de forma planejada e efetiva, as ações que estamos realizando no Estado de Pernambuco”, declarou o gestor em suas redes sociais, logo após o fim da videoconferência.

 

 

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