Nesta terça-feira (26), o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) afirmou, por meio de nota, que já adotou as "medidas necessárias e suficientes" para garantir a segurança dos jornalistas que atuam no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e que "criou as melhores condições possíveis" para isso. O pronunciamento veio após quatro empresas de comunicação terem informado a decisão de suspender a cobertura jornalística por questão de segurança.
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"O GSI entende e respeita os princípios de liberdade de expressão garantidos pela legislação vigente. Assim sendo, criou as melhores condições possíveis para o trabalho dos profissionais de imprensa e, também, um espaço reservado aos apoiadores do presidente", diz um trecho do comunicado.
Na nota, o GSI ainda cita quatro medidas: separação física, por meio de grades, das áreas destinadas ao público em geral e aos repórteres; registro e inspeção de todos os presentes, inclusive com passagem por detector de metal; orientação quanto à utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e manutenção de distanciamento; e alocação de efetivo de agentes de segurança "condizente com o público presente".
No entanto, a "separação física" citada pelo GSI acontece apenas no local onde há contato com o presidente Jair Bolsonaro. A entrada e a saída são comuns aos dois grupos, o que facilita hostilidades.
Imprensa x apoiadores
Nessa segunda-feira (25), após Bolsonaro deixar o Alvorada, um grupo de apoiadores começou a xingar os repórteres. Após alguns minutos, a segurança dispersou os apoiadores.
Os bolsonaristas usaram gestos e gritaram palavras como "lixo", "escória" e "safados" para hostilizarem os profissionais. No mesmo dia, Bolsonaro se recusou a falar com os jornalistas. "No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo”, disse o presidente, recebendo o apoio de alguns simpatizantes. Diante disso, as empresas de comunicação UOL, Folha de S. Paulo, Globo e Band suspenderam suas atividades no local.
Não é a primeira vez, durante o governo Bolsonaro, que jornalistas sofrem hostilizações de apoiadores e do próprio chefe do executivo. O presidente já deu banana (gesto) aos jornalistas, contratou um humorista para distribui bananas (fruta) para a imprensa e, ao ser questionado sobre a interferência na PF, gritou para os profissionais calarem a boca.
Neste ano, o País caiu duas posições no ranking mundial de liberdade de imprensa e ocupa, agora, o 107º lugar.
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