DISPUTA

Para Santos Cruz, ex-ministro de Bolsonaro, compromisso das Forças Armadas é com a Nação e não com o governo

Em seu artigo recentemente publicado pelo Estadão, o general da reserva defende que as instituições militares não se deixarão atrair por disputas políticas, nem por objetivos pessoais

Vanessa Moura
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Vanessa Moura
Publicado em 29/05/2020 às 8:36 | Atualizado em 29/05/2020 às 8:52
Foto: Divulgação/Palácio da República
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz foi exonerado do cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República em junho de 2019 - FOTO: Foto: Divulgação/Palácio da República

O general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, que também é ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República e ex-secretário Nacional de Segurança Pública, publicou nessa quinta-feira (28), um artigo de opinião no Estadão onde defendeu que as Forças Armadas não devem fazer parte da dinâmica de assuntos de rotina política. Além disso, Santos Cruz salientou que o compromisso das Forças Armadas é somente com a Nação. "Na cultura militar, não existe propaganda nem discussão política sobre preferência de candidatos e partidos dentro dos quartéis. Quando o cidadão coloca a farda e representa a instituição, ele tem compromisso institucional e constitucional. Seu compromisso é com a Nação", escreveu em um trecho. 

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O general da reserva, que consolidou-se com grande prestígio nas Forças Armadas e comandou missões da própria Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e no Congo, têm tecido duras críticas sobre a postura de integrantes do governo federal, que por vezes, insinuam uma possível participação das Forças Armadas em disputas contra as instituições. Para ele, "as Forças Armadas são instituições permanentes do Estado brasileiro e não participam nem se confundem com governos, que são passageiros, com projetos de poder, com disputas partidárias, com discussões e disputas entre Poderes ou autoridades".

Com aproximadamente 47 anos de experiência no Exército, Santos Cruz garantiu em seu texto que as instituições militares são muito bem representadas por seus comandantes que são "seguramente escolhidos entre os melhores do seu universo de escolha". Segundo ele, a conduta disciplinar das Forças Armadas é bastante sólida, baseada "no exemplo, no respeito, na liberdade de expressão e na união de todos". 

Santos Cruz foi exonerado do cargo que ocupava no governo Bolsonaro por conta de supostas mensagens vazadas em que ele classificava o presidente como "imbecil", Carlos Bolsonaro como "desequilibrado" e Flávio Bolsonaro como "frouxo". Um tempo depois, a Polícia Federal acabou concluindo que as mensagens se tratavam de um conteúdo falso.

Após sua saída do governo, em 14 de junho de 2019, o general da reserva já fez inúmeras declarações a respeito do fanatismo político em que o Brasil vive atualmente. O ex-ministro acredita que tal fanatismo é responsável por situações de intolerância, tentativas de manipulação da opinião pública, propagação de notícias falsas e ataques coordenados de grupos políticos que perderam sua capacidade de análise. Para ele, é normal que as instituições entrem em conflito, mas "as disputas precisam ocorrer em regime de liberdade, de respeito e dentro da lei" respeitando sobretudo a Constituição Federal, que se sobrepõe aos três Poderes da República "para limitar seu emprego e disciplinar seu exercício". 

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Para Santos Cruz, no entanto, independente do cenário atual, as Forças Armadas não se deixarão atrair "por disputas políticas nem por objetivos pessoais, de grupos ou partidários".

"Acenos políticos não arranham esse bloco monolítico que é formado por pessoas esclarecidas e idealistas, comprometidas com o Estado e com a Nação, que integram uma das instituições mais admiradas pelo povo brasileiro", finalizou o ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência.

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