Legislativo

Deputados e vereadores dividem opiniões sobre flexibilização da economia em Pernambuco

Deputados e vereadores dividem-se entre os que são a favor da medida, os que questionam a metodologia adotada pelo governo do estado e os que defendem que a reabertura é precoce

Alice Albuquerque Luisa Farias
Cadastrado por
Alice Albuquerque
Luisa Farias
Publicado em 01/06/2020 às 21:03 | Atualizado em 02/06/2020 às 16:25

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e na Câmara Municipal do Recife, a reabertura gradual da economia em Pernambuco, anunciada pelo governo estadual nesta segunda-feira (1º), não encontra unanimidade entre os parlamentares. Deputados e vereadores dividem-se entre os que são a favor da medida, os que questionam a metodologia adotada pelo governo do estado e os que defendem que a reabertura é precoce e pode aumentar a curva de contágio. 

>> Conheça as 11 etapas do plano para reabertura de 100% das atividades econômicas de Pernambuco

>> O direito de ir e vir em tempos de pandemia

Líder do governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB) considera a flexibilização gradual como uma medida prudente. “Esse processo todo foi desde o princípio um mérito do poder executivo de construir suas iniciativas ouvindo os demais poderes, seja o judiciário, o legislativo e os órgãos de controle, como o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), ouvindo também a equipe de cientistas que têm o domínio nessa área e setor produtivo”, afirmou.

Segundo argumenta Isaltino, o processo de reabertura precisa ser feito de forma gradual “para garantir a preservação da vida”. “Se nós tivéssemos tido uma posição mais forte da sociedade no princípio desse processo agora estamos com praticamente tudo funcionando. Certamente a curva de crescimento não seria do modo que foi”, disse o governista.

O deputado Erick Lessa (PP), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Alepe ressalta que a maior reivindicação do setor produtivo era de um planejamento do processo de flexibilização. “Ficamos satisfeitos com uma informação consolidada, o pior de tudo era a ausência disso. Havia as contribuições, a interlocução, mas não tinha uma definição precisa de datas”, disse. O colegiado tem discutido com secretários estaduais e o Movimento Pró-Pernambuco (MPP) - 20 entidades de representação comercial em Pernambuco - a retomada das atividades.

“O setor produtivo tinha aceitado as recomendações das atividades sanitárias, seguiram os encaminhamentos do poder público, mas queriam participar da retomada do grupo de trabalho e também queriam um planejamento de datas, prazos para que eles pudessem fazer uma programação de investimentos e programação inclusive com funcionários, atendimento aos clientes”, disse.

Já o líder da oposição na Alepe, Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), criticou o que chamou de falta de preparo do governo estadual para lidar com a pandemia em Pernambuco, que estaria se repetindo com a retomada da economia. “Eles não sabia o que estavam fazendo e agora tá comprovado que não se prepararam para a volta, ao fazer e se não der certo recuar. Teria que ter uma coisa mais programada, uma presença mais forte no estado no sentido de testar o povo”, disse.

O oposicionista questiona como será a adaptação dos estabelecimentos comerciais. “Como esses funcionários vão voltar? eles vão ser testados? O povo vai entrar nas lojas de todo jeito. Tem que ter um cuidado para a gente não ter uma segunda onda (de infecções)”, afirmou Marco Aurélio, que também traz a necessidade de um estímulo para que a população volte a consumir.

A deputada Priscila Krause considera a reabertura necessária e possível “desde que se cumpra os protocolos estabelecidos de segurança sanitária”. Segundo ela, isso demanda uma colaboração tanto do setor produtivo como a própria população. “Precisa se massificar um trabalho de conscientização muito forte da população, porque são mudanças de padrão comportamentais”, alerta.

Priscila acredita que o sucesso da reabertura está diretamente relacionado ao monitoramento dos dados epidemiológicos da doença no estado. “A gente já pagou um preço econômico, social, fez muitos sacrifícios, a gente não pode jogar esse preço fora. A grande questão vai ser o monitoramento muito eficaz, muito fiel ao que estiver acontecendo sem relaxar a questão da estrutura médica do sistema de saúde que precisa ser oferecido à população”, afirmou. Ela também chama atenção para a necessidade de ampliar a testagem. “Porque se não tiver essa testagem massificada, se não fizer o teste adequado no momento adequado vai ser muito difícil. É importante a gente ter essa ampliação para poder monitorar. E outra coisa a agilidade na entrega desses resultados”, diz a deputada.

CÂMARA

O líder do governo e presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara do Recife, Eriberto Rafael (PP), disse ter solicitado uma reunião com os secretários de Planejamento e Gestão, Jorge Vieira, e de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Calheiros à Comissão de Acompanhamento do Coronavírus. "Entendemos que o Governo do Estado está fazendo uma reabertura de forma prudente e baseada em critérios técnicos. Também foi importante o Governo já avisar que os dados serão revistos dia a dia e que podemos voltar para um isolamento mais rígido".

O presidente do Comitê de Combate ao Coronavírus do legislativo municipal, Luiz Eustáquio (PSB) afirmou que a reunião com secretários da PCR vai acontecer na próxima quarta-feira (3), "vamos continuar acompanhando" e defendeu que toda ação seja acompanhada de um programa de testagem em massa. "Como vereador, defendo que o governo tem razão para a questão da reabertura. Mas ao meu ver, quando você não faz isso com a segurança da testagem em massa, que é um alicerce importante, pode não dar certo. Não estou dizendo isso, é o que aconteceu na maioria dos Países que reabriram a economia, só deu certo com a testagem em massa".

O vereador Rinaldo Júnior (PSB) valorizou a vida da população e ressaltou que qualquer ação do governo deve ser acompanhada diretamente com "informações técnicas, a medicina e números de fatos que realmente valem a pena a reabertura". "Esse vírus ainda está muito forte e vivo. A gente espera que essa medida surta efeito, que a gente volte a economia, a produzir, mas tem que ser o certo”.

“O mais importante é a gente continuar salvando vidas. As medidas de higiene e segurança devem ser destacadas no meio do comércio, da construção civil, que sejam respeitados os decretos, mas que também se continuem a avaliação. Ainda vejo muito temerário abrir tudo nesse momento, porque os números ainda não mostram que a gente pode ter uma segurança", pontuou Rinaldo.

Já o vereador Ivan Moraes (PSOL) disse acreditar que o governo está "cedendo à pressão popular". "Acho prematuro estarmos falando em reabertura. O governo está cedendo a uma pressão do mercado e não está na hora de começar a ceder. Pela última fala do Prefeito, já se percebe isso. Tenho escutado muitos especialistas e enquanto a curva não começar a dar sinais indubitáveis de que está caindo, acho que a prioridade é precisar continuar a ficar em casa. Acho necessário que se planeje, mas não exatamente que se comece a executar".

O vereador Aerto Luna (PSB) colocou apenas a economia como prioridade e "salvadora" de vidas em meio a uma pandemia. "Essa avaliação tem que ser técnica dentro da perspectiva de como é que vai se comportar a questão da curva de contaminação. Óbvio que quanto mais cedo a economia retornar, menos impactos se tem da doença no dia a dia das pessoas, mas tudo tem que ser feito com muito critério e responsabilidade para que mais na frente não tenhamos que fazer novamente uma restrição. Se os técnicos estão achando que pode abrir os segmentos de forma controlada e equilibrada, sou a favor. Mas não pode ficar dentro dessa economia retraída, tudo tem que ser dentro de uma leitura técnica e responsável".

Covid-19 em Pernambuco

 

 

Comentários

Últimas notícias