O deputado federal e presidente do Cidadania em Pernambuco, Daniel Coelho, questionou o fato da trajetória do ex-presidente Getúlio Vargas não ser discutida no movimento atual de "revisões históricas", segundo ele. Em uma rede social nesta terça-feira (9), ele classificou Vargas como "facista".
"Estranho no movimento de revisões históricas o Brasil não começar pelo fascista Getúlio Vargas. Ditador que fechou o Congresso, revogou a Constituição, metralhou jornais, prendeu, torturou e matou. Defendeu o 'melhoramento da raça brasileira'! Apesar disso, é tratado como herói", afirmou Daniel Coelho em seu Twitter.
Estranho no movimento de revisões históricas, o Brasil não começar pelo fascista Getúlio Vargas. Ditador que fechou o Congresso, revogou a Constituição, metralhou jornais, prendeu, torturou e matou. Defendeu o “melhoramento da raça brasileira”!Apesar disso, é tratado como herói.
— Daniel Coelho (@DanielCoelho23) June 9, 2020
Ciro Gomes
Durante entrevista à Carta Capital publicada no último dia 2 de junho, o ex-ministro Ciro Gomes, citou Vargas ao falar sobre o seu livro "Projeto nacional: O dever da esperança", lançada neste ano.
"No dia que esse país encontrar um governante com a altura do Getúlio Vargas, do Juscelino Kubitschek, você vai ver o que vai acontecer nesse país”, afirmou Ciro. “Eu estou descrevendo no meu livro: a ideia de nação no Brasil foi destruída. Nós agora estamos induzidos pelos nossos governantes a sermos um grande acampamento sem identidade", completou o ex-ministro.
Um vídeo publicado em agosto de 2019, no Twitter do PDT, do qual Ciro é filiado, há uma fala do ex-ministro classificando Vargas como o "maior presidente da história do Brasil".
O maior presidente da história do Brasil. Getúlio Vargas é o responsável pela viabilização de políticas estruturais que deram origem ao Brasil moderno. pic.twitter.com/XOWhVFbtze
— PDT Nacional (@PDT_Nacional) August 24, 2019
Quem foi Getúlio Vargas
Getúlio Vargas foi presidente por duas vezes. A primeira entre 1930 e 1945, chamada de "Era Vargas", iniciou-se após a Revolução de 30, que destituiu o então presidente Washington Luís e impediu que o novo presidente eleito - e vencedor da eleição contra o próprio Vargas, Júlio Prestes - tomasse posse.
Esse período foi marcado pela centralização do poder de Vargas, pela política trabalhista e voltada para as massas, com a criação do Ministério do Trabalho em 1931. A fase ditatorial da Eras Vargas, o Estado Novo, ocorreu entre 1937 e 1945. Durante esse período ele instituiu a censura e cerceou liberdades individuais, além de ter fechado o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais. Paralelo a isso, a política trabalhista foi consolidada através da criação do salário mínimo, em 1940, e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943.
>> Cai Getúlio Vargas. Deposto pelo Exército, há 70 anos acaba o Estado Novo
Vargas foi deposto em 1945 pelos militares com o apoio dos conservadores da União Democrática Nacional (UDN), do PSD e do Exército que desconfiavam de que ele preparava um novo golpe para permanecer no poder, apesar dele ter convocado novas eleições para aquele ano, entre outros gestos de reabertura política.
O segundo governo de Getúlio Vargas iniciou-se em 1951, após ele ter sido eleito democraticamente, e foi marcado por uma crise política e econômica, provocada em grande parte pela alta inflação, forte oposição protagonizada pela UDN e de tensão social, com as greves dos sindicatos pleiteando aumento salarial. Pressionado, ele cometeu suicídio em agosto de 1954.
Em entrevista ao JC em 2014, o jornalista, historiador e escritor Lira Neto, autor de uma trilogia da biografia de Getúlio Vargas, falou da necessidade de compreender o seu papel histórico "em todas as suas dimensões".
"O professor Boris Fausto, um dos maiores historiadores brasileiros, diz isso de uma forma precisa: Getúlio para o bem e para o mal foi o personagem mais importante da história brasileira. De um lado ele modernizou o país e de outro governou com mão de ferro, torturou, perseguiu. É preciso analisa-lo não só com devoção, mas também não apenas com negação", disse Lira, na época.
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