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''É impossível'', diz Lula sobre a formação de uma frente de partidos de esquerda contra Bolsonaro

Declaração do ex-presidente foi dada durante entrevista coletiva transmitida através do canal oficial do petista no Youtube

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 11/06/2020 às 17:35 | Atualizado em 12/06/2020 às 11:26
Nelson Almeida/AFP
Lula fez várias críticas ao ex-governador Ciro Gomes durante a live em seu canal - FOTO: Nelson Almeida/AFP

Em entrevista coletiva transmitida ao vivo em seu canal no Youtube na tarde desta quinta-feira (11), o ex-presidente Lula (PT) explicou a resistência do PT em participar em uma ampla frente de partidos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), movimento que já está sendo desenvolvido por partidos como PDT e PSB, por exemplo. De acordo com o petista, conceitualmente falando, é "impossível" haver uma coalizão do gênero, uma vez que a cultura política brasileira não permitiria isso.

"Quando eu deixei a Presidência da República eu imaginei a criação de uma frente com os partidos de esquerda no Brasil. Fui até o Uruguai, porque ele é o único exemplo de país que possui uma frente que funciona organicamente, uma frente considerada um super partido. Cada organização de esquerda tem um representante na direção e ela decide coisas para que os partidos possam cumprir sem que abram mão da sua autonomia. Não é possível criar isso aqui. A nossa cultura política não permite. É possível construir uma frente eleitoral", explicou o ex-presidente.

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Lula também afirmou que tem resistências em relação à articulação das siglas de esquerda porque, segundo ele, parte dos participantes do grupo não seria favorável à saída de Jair Bolsonaro do poder, fato que impediria essas pessoas de trabalharem pela efetivação de um processo de impedimento contra o presidente. "Sobre essa frente ampla contra o Bolsonaro, eu creio que só é possível fazer isso agora em cima de um programa de governo, porque muita gente que faz parte dessa frente é contra o impeachment. Se a pessoa não quer o impeachment nem mudança na política econômica, vai fazer uma frente em torno do que? Vai tirar Bolsonaro e colocar o (vice-presidente Hamilton) Mourão? Vai tirar o Mourão e colocar o (ministro da Economia Paulo) Guedes? O ideal era que você tivesse uma frente que conseguisse fazer o impeachment do Bolsonaro e depois você tivesse uma eleição direta para presidente da República, concorrendo quem quisesse concorrer", cravou.

Ciro Gomes

Um dos maiores entusiastas da aliança da esquerda, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) tem feito sucessivas críticas ao PT devido ao seu posicionamento com relação ao movimento. Em entrevista à Rádio Jornal na última quarta-feira (10), por exemplo, o pedetista disse que "falta juízo e humildade" do PT para dialogar com outras forças políticas no País.

Sobre o ex-aliado, Lula afirmou já ter feito tentativas de aproximação, mas disse que fala "bem dele uma hora, e ele ataca o PT do outro lado". "Eu fiz um acordo com o Eduardo Campos para filiar o Ciro, pra trazer ele para São Paulo e fazê-lo candidato a governador em 2010. Ele se filiou ao PSB de São Paulo pra ser candidato e a primeira coisa que ele faz, ainda no aeroporto, é dar um cacete no PT. Então não dá, é impossível. Não é falta de tentativa. O PT, o PCdoB, o PSOL, o PSB e o PDT tentam trabalhar, mas a gente tá percebendo que cada um está com o horizonte para 2022", disparou.

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