Saúde

Nelson Teich defende reavaliação de estratégia contra a covid-19

Ex-ministro da Saúde, Nelson Teich também disse que o general Eduardo Pazuello, interino na pasta, deve se cercar de pessoas competentes para garantir uma boa gestão

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 13/07/2020 às 12:33 | Atualizado em 17/07/2020 às 12:46
EVARISTO SÁ/AFP
Nelson Teich fez uma breve passagem pelo Ministério da Saúde - FOTO: EVARISTO SÁ/AFP

A 58 dias sem que haja um titular no Ministério da Saúde, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich defendeu a necessidade de rever a estratégia adotada pelo governo federal até então no combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19), considerando inclusive como as pessoas irão sair gradualmente do isolamento social. Ele concedeu entrevista ao programa Passando a Limpo da Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (13). 

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"O distanciamento naturalmente controla a doença, porque impede que as pessoas tenham contato com outras e deixem de transmitir. Mas o que a gente tem que se preocupar hoje é como é que a gente vai sair do isolamento, porque falar para ficar no isolamento é óbvio, porque quanto mais o tempo passar, mais difícil vai ser para a sociedade conviver. Porque a covid hoje tem um impacto enorme na saúde, na economia e comportamento. Você vai ter economia cada vez mais pressionada, o problema da falta de dinheiro para as famílias, você vai ter a fome, a ansiedade, a depressão, e a gente hoje precisa focar na solução", afirmou o ex-ministro. 

Diversos estados brasileiros estão implantando planos de reabertura gradual da economia por setor econômico, levando em consideração o controle da doença por cada região. Em Pernambuco, a partir desta segunda-feira (13) está autorizada a reabertura de clubes para prática esportiva, em todas as cidades, a retomada de aulas práticas e de estágio curricular presencial nas instituições de ensino superior e a abertura de templos religiosos e do comércio, no Agreste.

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Nelson Teich ponderou que a melhor estratégia ainda é algo a ser constantemente buscado, uma vez que não o Brasil, mas todos os países estão aprendendo a lidar com a doença que é relativamente nova. "A gente conhece muito pouco da doença, a gente não tem uma história natural dela, como evoluiu, como é a parte de contágio, imunidade, o que fez diferença. Por exemplo, acho que uma das coisas que pode ter feito diferença lá atrás foi a gente ter por exemplo o carnaval. A gente teve uma aglomeração enorme. O primeiro teste no Brasil foi diagnosticado da quarta-feira para a quinta, você fez um teste em um dia e confirmou no outro, a gente pode ter fechado tardiamente as fronteiras", pontuou. 

Teich permaneceu no comando do Ministério da Saúde por menos de um mês, até anunciar a sua saída, no dia 15 de maio. Ele foi o segundo ministro à frente da pasta no período da pandemia no Brasil, e sucedeu Luiz Henrique Mandetta. Ambos enfrentaram divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas adotadas contra a doença, sobretudo a respeito da alteração do protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS) para autorizar o uso da hidroxicloroquina no início dos sintomas da covid, defendida por Bolsonaro.  

Ministro interino

Apesar de considerar como algo negativo a falta de um ministro efetivo na Saúde, Teich reconheceu o trabalho feito pelo secretário-executivo Eduardo Pazuello, que ocupava o mesmo cargo na sua gestão, e comanda interinamente a pasta desde a sua saída.   

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"Eu acho ruim não ter um ministro da Saúde efetivado, porque isso passa uma sensação ruim para as outras instituições, para a sociedade. No período que eu trabalhei com Eduardo, era uma pessoa que tinha uma atuação muito intensa, que me ajudava como secretário executivo de toda a parte de logística, de compras, de acompanhamento do que estava sendo gasto. A atuação dele foi muito boa. na minha saída ele deu uma continuidade. Eu acho que nessas situações o certo é você cobrar o resultado. Pré-julgamento para mim é uma coisa ruim", disse Nelson Teich. 

Para Teich, uma das funções mais importantes do ministro é formar um time de pessoas competentes nas diversas áreas do ministério. "A saúde é uma área muito grande, então é impossível você imaginar que o ministro vai pegar cada coisa e definir. Ele precisa de especialistas nas diferentes áreas, nas secretarias, tem atenção primária, atenção especializada, você tem a parte indígenas, de recursos humanos, ciência e tecnologia. É importante que ele defina uma estratégia, defina um norte, e acompanhe isso, dê condição das pessoas trabalharem e o que tem que fazer á acompanhar para ver o que vai acontecer com a saúde", afirmou. 

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