O ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin (PSDB) virou réu por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral (caixa 2), nesta quarta-feira (29), após o juiz Marco Antonio Martin Vargas aceitar denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral na quinta-feira passada. Com a decisão, o tucano passa a responder a ação penal eleitoral por suposto caixa 2 de R$ 11,9 milhões pagos pela Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014.
A decisão também coloca no banco dos réus o então tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014, Marcos Monteiro, e o ex-assessor do governo Sebastião Eduardo Alves de Castro. Ambos teriam recebido os repasses ilegais da empreiteira em nome do tucano. De acordo com o juiz eleitoral, o Ministério Público Eleitoral apresentou indícios suficientes de materialidade dos crimes supostamente cometidos pelo tucano.
Entre as provas apresentadas pela Promotoria, no que ficou conhecido como "Lava Jato Eleitoral", estão depoimentos de delatores da Odebrecht, registros de pagamentos, e-mails e planilhas com codinomes relacionados a Marcos Monteiro e até mensagens trocadas por funcionários do doleiro Alvaro José Gallies Novis, que teria operacionalizado o pagamento de R$ 9,3 milhões em propinas a Sebastião Alves de Castro.
O cunhado do ex-governador, Adhemar Ribeiro, o "Belém" do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, teria recebido R$ 2 milhões em 2010, mas o Ministério Público apontou que os crimes já prescreveram - entendimento mantido pela Justiça Eleitoral.
"Os depoimentos dos colaboradores e das testemunhas, somados aos elementos de corroboração acostados nos autos, em tese, perfazem conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvido dos denunciados no complexo esquema de solicitação e recebimento de vantagens indevidas em razão de função política, omissão de dados à Justiça Eleitoral e lavagem de capitais, supostamente erigido para dissimular os fins ilícitos dos grupos políticos e empresariais apontados", afirmou o juiz Marco Antonio Martin Vargas.
O magistrado também autorizou o compartilhamento dos autos da ação contra o tucano com a 9.ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, que move ação de improbidade administrativa contra Alckmin pelo mesmo episódio.
O ex-governador tem 10 dias para apresentar defesa nos autos. "A denúncia ora recebida pelo Poder Judiciário dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador Geraldo Alckmin de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência", afirmou a defesa de Alckmin.
O Diretório Estadual do PSDB de São Paulo afirmou que reitera sua confiança na idoneidade do ex-governador. "Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público", diz texto assinado pelo presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi.
A reportagem não localizou a defesa dos demais citados.