PRISÃO

Quem é Steve Bannon e qual a sua relação com o governo brasileiro

O norte-americano atuou como estrategista na Casa Branca e foi um dos principais assessores de Donald Trump. Desde 2018, mantém relações de amizade com a família Bolsonaro

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Publicado em 20/08/2020 às 15:55 | Atualizado em 20/08/2020 às 16:39
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Bannon ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro - FOTO: REPRODUÇÃO/TWITTER

com informações do jornal Estado de S. Paulo 

Nesta quinta-feira (20) Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente norte-americano, Donald Trump, e guru de extrema direita, foi preso em Nova York, nos Estados Unidos, acusado de fraude contra cidadãos que doaram dinheiro para a construção de um muro na fronteira com o México. Em 2016, Bannon foi um dos principais assessores de Trump na corrida presidencial e, após as eleições, atuou como estrategista na Casa Branca, ficando até 2017. Além da acusação de Bannon recair diretamente sobre Donald Trump, que já afirmou não "saber nada sobre este projeto", se referindo a campanha online para financiar o muro, a prisão também tem efeitos no governo brasileiro. Desde 2018, Bannon e a família Bolsonaro mantém relações de amizade. 

Desde 2018, quando Bolsonaro se tornou o favorito à Presidência da República, Bannon vem apoiando e aconselhando a família do presidente. Naquele mesmo ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro teve encontros com o norte-americano. 

Em fevereiro de 2019, Steve chegou a afirmar, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, que Bolsonaro "é a chance de espalhar o movimento de direita pela América do Sul". O responsável por apresentar Bannon à família Bolsonaro é Gerald Brant, integrante do mercado financeiro de Nova York.

Ainda em 2019, o filho do presidente Jair Bolsonaro foi convidado a ser líder do The Moviment na América Latina, um movimento criado por Bannon após deixar o governo de Donald Trump, e que apoia o nacionalismo populista rejeitando a influência do globalismo.

O ex-assessor de Trump se reuniu com Bolsonaro e a comitiva presidencial que viajou até os Estados Unidos em março de 2019 na casa do então embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral. Entre os convidados também estava o filósofo Olavo de Carvalho.

Bannon também comemorou, mais de uma vez, a ideia de Eduardo Bolsonaro ser indicado pelo presidente da República para ser embaixador do Brasil dos Estados Unidos. "Eduardo pega o Trump e o movimento Trump", comentou. Ele avaliou como "muito inteligente" a possível indicação de Eduardo. "Ele vai chegar ao posto já sabendo os atores, as questões e as oportunidades", afirmou.

Prisão de Steve Bannon nos EUA

Steve Bannon, ex-conselheiro do presidente americano Donald Trump, foi detido nesta quinta-feira (20) e acusado de fraude contra cidadãos que doaram dinheiro para a construção de um muro na fronteira com o México, anunciou a Procuradoria de Nova York.

A procuradora interina do distrito sul de Nova York, Audrey Strauss, disse que Bannon e outros três acusados "cometeram uma frande de centenas de milhares de dólares, capitalizando seu interesse de financiar um muro na fronteira para arrecadar milhões de dólares, sob o falso pretexto de que todo o dinheiro seria gasto na construção", quando na verdade ficaram com parte da quantia para uso pessoal.

A campanha online arrecadou mais de 25 milhões de dólares, de acordo com os promotores.

Bannon, 66 anos, e outro acusado, Brian Kolfage, 38, fundador da campanha "We Build the Wall" ("Nós Construímos o Muro"), asseguraram aos doadores que 100% do dinheiro seria utilizado para a construção e que Kolfage não obteria um centavo do que foi arrecadado como salário ou compensação. 

Mas de acordo com a acusação, Kolfage ficou com 350.000 dólares para financiar seu "luxuoso estilo de vida" e Bannon desviou um milhão de dólares para uma organização sem fins lucrativos que pagou secretamente a Kolfage "e cobriu centenas de milhares de dólares de gastos pessoais de Bannon".

Ao lado de mais dois acusados, Timothy Shea e Andrew Badolato, Bannon e Kolfage montaram um esquema para desviar o dinheiro e ocultar a fraude, afirma a acusação.

Os quatro detidos foram acusados de dois crimes, fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Cada delito pode resultar em uma pena máxima de 20 anos de prisão.

Bannon deve comparecer nas próximas horas a uma audiência com um juiz federal de Nova York para a leitura das acusações.

 

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