Investigação

Laranja movimentou mais de R$ 5 milhões para grupo que desviava recursos de Agrestina, diz PF; prefeito e vice foram presos

Operação Pescaria investiga a prática criminosa de peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro

JC
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Publicado em 10/09/2020 às 13:14 | Atualizado em 10/09/2020 às 19:19
Reprodução/TV Jornal Interior
Prefeito de Agrestina, Thiago Nunes, chega à Penitenciária Juiz Plácido de Souza - FOTO: Reprodução/TV Jornal Interior

A Polícia Federal afirmou, nesta quinta-feira (10), que pelo menos R$ 5 milhões foram movimentados na conta de um "laranja" da organização criminosa que estaria desviando recursos públicos na Prefeitura de Agrestina, no Agreste de Pernambuco. As informações foram divulgadas em coletiva para detalhar a terceira fase da Operação Pescaria, que prendeu, hoje, o prefeito da cidade, Thiago Nunes (MDB), o seu vice, José Pedro da Silva, conhecido como Zito da Barra (PSDB), dois empresários e um funcionário da prefeitura. 

"Além da prisão, eles foram afastados das funções públicas por 120 dias. É um prazo que consideramos razoável para que as investigações dessa etapa sejam concluídas e as informações sejam enviadas ao Ministério Público. Com o levantamento de dados das duas primeiras fases, conseguimos chegar nesta terceira fase, que consideramos exitosa e tiramos de circulação os principais envolvidos. Esperamos que eles sejam mantidos encarcerados para que haja, para a população de Agrestina, alguma chance de renovar o futuro do município", afirmou o delegado da PF Márcio Tenório. Os presos foram encaminhados à Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, também no Agreste.

Confira as imagens da operação:

 

DIVULGAÇÃO/PF
Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF
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Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF
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Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF
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Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF
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Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF
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Operação Pescaria da Polícia Federal investiga crimes de lavagem de dinheiro e peculato em Agrestina - DIVULGAÇÃO/PF

Thiago e Zito já tinham sido afastados dos cargos quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) cassou a chapa por abuso de poder político decorrente de contratações ilícitas realizadas. No entanto, os gestores municipais voltaram para a prefeitura em julho passado, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Thiago já estava no segundo mandato e não poderia concorrer à reeleição no pleito deste ano.

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Esquema

A polícia explicou que a lavagem dos lucros ilícitos seria realizada por meio da utilização da conta bancária de um "laranja" vinculado ao grupo. Ela servia aos investigados para o recebimento de transferências bancárias e depósitos em espécie, sendo a maioria em valores baixos e sem a identificação. Também eram utilizados cheques assinados em branco, tudo com o propósito de dificultar a identificação da origem do dinheiro.

"Esta fase da operação apurou uma modalidade de lavagem de dinheiro, com provas irrefutáveis. Esta foi apenas uma das modalidades, temos suspeitas de outras e as buscas e apreensões de hoje nos ajudarão a investigar em que outras áreas isto pode estar ocorrendo", afirmou o delegado.

Além das prisões, foram cumpridos treze mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais e o afastamento de sigilos bancário e fiscal dos investigados. De acordo com a PF, R$ 110 mil em espécie foram encontrados no cofre na casa de um dos suspeitos, além de R$ 100 mil em cheques. Todos os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. As investigações contam com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).

Resposta

A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura de Agrestina e aguarda o envio de um posicionamento sobre a prisão do prefeito e do vice-prefeito.

Licitações

Segundo a PF, as vantagens ilícitas eram obtidas por meio da contratação fraudulenta de empresa de "fachada", com recursos federais, impedindo o caráter competitivo do processo licitatório. Assim, os contratos eram executados por meio de terceiros desqualificados.

"Os empresários tinham um esquema da lavagem pela troca de cheques, o laranja que sedia a conta e as pessoas recebiam esses cheques. Verificamos desde a última fase que as empresas não existiam, ou existiam de fachada, e as obras eram executadas por terceiros sem nenhuma qualificação", disse Tenório.

Os crimes investigados na atual fase da operação são de organização criminosa, peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A ação contou com o emprego de 70 policiais federais, além de servidores da CGU. As duas fases que antecederam a Operação Pescaria III foram deflagradas respectivamente em 21/02/2019 e 28/03/2019. 

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