Eleições 2020

Em sabatina da Fiepe, candidatos à prefeitura do Recife falaram de temas de interesse do setor produtivo

Diálogo da Indústria com candidatos à Prefeitura do Recife aconteceu nesta segunda-feira (19), com a presença de sete prefeituráveis

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 19/10/2020 às 20:01
SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
CONTAS PÚBLICAS Prefeitura do Recife encerrou 2020 com prejuízo de R$ 69,3 milhões no resultado primário (diferença entre receitas e despesas) - FOTO: SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM
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Sete candidatos à Prefeitura do Recife tiveram encontro com o setor produtivo nesta segunda-feira (19). Foi a vez da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) sabatinar os prefeituráveis e endereçar a eles um documento com os pleitos do setor. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a sabatina foi transmitida ao vivo pelo Youtube da instituição. Na parte da manhã foram ouvidos os candidatos João Campos, Charbel Maroum e Marília Arraes, enquanto à tarde participaram Mendonça Filho, Carlos Andrade Lima, Alberto Feitosa e a Delegada Patrícia. 

Empresários gravaram perguntas em vídeo para questionar os candidatos sobre temas de interesse do setor. Os temas constam no documento intitulado "Diálogo da Indústria com os candidatos à Prefeitura do Recife", que também deu nome ao evento. O material de 13 páginas propõe o debate entre o setor produtivo e o poder público e propõe sugestões para os problemas dos grandes centros urbanos. 

A indústria é o segundo setor mais importante da economia pernambucana (atrás apenas dos serviços), com participação de 20,9% no Produto Interno Bruto (PIB). Pelo menos 50 setores produtivos fazem parte do parque industrial do Estado, distribuídos em 33 sindicatos. São 15 mil empresas, que fabricam de chocolates a veículos, e geram 286 mil empregos. Na discussão com os candidatos, os industriais destacam cinco temas principais: educação; saúde e saneamento; ambiente de negócios; mobilidade e infraestrutura; e meio ambiente. 

O presidente da Fiepe, Ricardo Essinger, destaca que a Federação vem buscando esse caminho democrático de discussão e aproximação da iniciativa privada com o governo. "Queremos colaborar com o processo democrático e participar ativamente da aguardada recuperação econômica. Estamos preocupados com vários temas, mas a mobilidade urbana é um dos que mais interfere no desempenho da indústria", observa. Tanto, que o governo estadual lançou nova licitação para realizar os estudos do Arco Metropolitano, uma via expressa que poderá ligar o Sul ao Norte da Região Metropolitana do Recife e acabar com o estrangulamento logístico enfrentado pelas empresas, que aumenta custos e reduz a eficiência. 

O documento da Fiepe cita pesquisa da Moovit, mostrando que Recife tem a sétima pior situação do mundo e a primeira do Brasil quando o assunto é tempo de deslocamento do passageiro para fazer uma viagem utilizando o transporte público, seja ônibus ou metrô. "De acordo com o estudo, na capital pernambucana, a média de tempo gasto com o deslocamento é de uma hora e dois minutos. Acrescente-se a esse resultado o tempo de espera em parada de cerca de 25 minutos com efeitos negativos sobre a nossa produtividade", afirma o documento. 

O setor também comenta sobre o ambiente de negócios, que poderia ser mais colaborativo sobretudo com os micro e pequenos empresários. "Sabemos que muitos dos problemas enfrentados pela indústria estão nos níveis estadual e federal,  por conta de legislação de cada entidade. Porém, no âmbito municipal, é preciso que os novos gestores trabalhem para considerar tributos mais condizentes, mais tolerantes e menos burocráticos, sobretudo para os pequenos empreendedores. Além de facilitar, agilizar, baratear e
desburocratizar a obtenção das licenças municipais necessárias para o funcionamento das indústrias localizadas no município, principalmente na questão ambiental e de vigilância sanitária", sugere Essinger.

HABITAÇÃO

O setor defende, ainda, que o setor industrial poderia contribuir para a redução do déficit habitacional no Recife, envolvendo a construção civil. "Estudos indicam que a capital pernambucana, por exemplo, tem um déficit habitacional de aproximadamente 70 mil unidades. Uma população desassistida que não tem acesso às condições básicas necessárias para sobreviver com dignidade. Um grande desafio do próximo prefeito, mas que pode ser apoiado pela indústria da construção civil, que vem sendo parceria do setor público com a construção de habitações populares e equipamentos comunitários", diz o texto. 

A expectativa do setor produtivo é encontrar condições para que a indústria possa de recuperar na pós-pandemia e, da sua parte, contribuir para o desenvolvimento da cidade. Mesmo com a pandemia o setor vem reagindo. Em agosto sobre igual mês de 2019, a produção industrial  cresceu 10%. No acumulado de janeiro a agosto comemora resultado positivo de 0,9% e ainda pode encerrar o traumático ano de 2020 com sinal positivo. 

Confira o que disseram os candidatos a prefeito do Recife na Sabatina da Fiepe:

João Campos

Candidato a prefeito do Recife, o deputado João Campos, anunciou a criação de uma agência de fomento com objetivo de melhorar o ambiente de negócios na capital pernambucana e fornecer condições para a instalação de novos projetos na cidade. “Como existe a AD Diper no Estado, nós vamos criar a Invest in Recife. Com o papel de melhorar o ambiente de negócios e a relação com as empresas e indústrias que já existentes, mas também vamos criar um grande plano de captação no Brasil e no mundo para a apresentação do Recife”, afirmou Campos, ao participar do “Diálogo da Indústria com os candidatos à Prefeitura do Recife”, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe).

“Vamos poder mudar o conceito de esperar que as pessoas cheguem e ir atrás no que tem de oportunidade no Brasil e no mundo para trazer para a cidade do Recife”, completou o socialista. A agência de fomento - que não impactará em novos gastos, uma vez que deverá aproveitar a estruturas já existentes no Executivo municipal - irá trabalhar na aproximação das indústrias e empresas que desejarem se instalar no Recife com os fornecedores locais e os parques produtivos da cidade, além de acompanhar todo o processo de instalação e manutenção destes empreendimentos. “A burocracia ainda é um fator, infelizmente, considerável para aumentar o custo Brasil e a gente ter uma relativa perda de capacidade de produtividade comparado com outros países no mundo”, afirmou.

Durante a sabatina, o candidato a prefeito respondeu a questionamentos feito por empresários do setor industrial, envolvendo cinco temáticas: Meio Ambiente, Educação, Saúde, Mobilidade e Infraestrutura, e Ambiente de Negócios. A primeira pergunta feita a João Campos foi sobre qual seria o grau de comprometimento que sua gestão, caso seja eleito, teria com as empresas de médio e grande porte que seguem as diretrizes da Agenda 2030 da ONU e implementam o desenvolvimento sustentável em suas políticas de negócios.

"O Brasil erra, por muitas vezes, ao fazer o debate de que ou você é a favor do desenvolvimento ou é a favor da preservação. Ou você é a favor da indústria ou é a favor do meio ambiente. Não são ações excludentes, são ações que no mundo desenvolvido, principalmente, são vistos como complementares. Você produz, preservando o meio ambiente e distribuindo renda", destacou Campos.

Ele defendeu a construção de mecanismos que estimulem no Recife, empreendimentos com soluções energéticas, com reuso de água, e a modernização da legislação para a implementação de telhado verde. Ainda dentro dessa temática, João Campos aproveitou a ocasião para anunciar uma proposta de arborização alinhada a expansão da malha cicloviária da cidade.

"Onde a gente coloque ciclovia, que a gente coloque como opção do plantio de árvore para construir áreas de sombras para a cidade, que é muito importante", declarou o socialista, citando também a continuidade do Parque Capibaribe e a navegabilidade do rio, que em 2012 chegou a ter projeto anunciado pelo governo do Estado, mas até o momento ainda permanece travado.

Sobre a Educação, o candidato a prefeito reforçou a importância da valorização do ensino técnico. Uma das suas propostas de governo é que a prefeitura possa custear 500 bolsas de estudos em cursos de nível tecnólogo, principalmente na área de tecnologia que possui, só no ecossistema do Porto Digital, 1.500 vagas ociosas. "O fato é que o Brasil, durante muito tempo, teve uma certa negligência e até um certo "preconceito" com a formação técnica. Apenas 8% dos jovens que se formam no ensino médio também se forma de maneira simultânea com o ensino técnico", declarou o socialista, ressaltando que é necessário ter um alinhamento entre a formação e o currículo atualizado de acordo com as demandas do mercado.

Na saúde, João Campos falou sobre o investimento na prevenção, através da expansão da atenção primária. O candidato afirmou que irá construir em seu governo mais 10 UPAs, em áreas de maior vulnerabilidade social do Recife. Ele também pretende investir na melhoria da infraestrutura da rede municipal de saúde já existente e ampliar o número de profissionais.

No que tange a mobilidade e infraestrutura, em recente pesquisa divulgada pelo aplicativo Moovit, o Recife ocupa a 7º pior posição do ranking mundial, quando se trata de deslocamento de passageiros por transporte público. O candidato a prefeito do Recife pela Frente Popular reconheceu que existe um grande desafio na capital pernambucana e que deverá investir na priorização e fortalecimento do transporte público. Ele citou a Faixa Azul, implementada na gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB) e que deverá ser ampliada em outros pontos da cidade.

Outro ponto apresentado por João Campos é o investimento na Engenharia de Tráfego, para que soluções mais práticas sejam adotadas, antes de iniciar uma grande intervenção física. "Ela pode fortalecer desde a definição das rotas de ônibus na cidade, que podem ser revistas e otimizadas. Como a organização dos fluxos da cidade, construção de binários, otimização de sinais. Não existe nenhum grande obra de pedra e cal que possa resolver a situação do trânsito", afirmou.

Por fim, na última temática sobre Ambiente de Negócios, o presidente do Sistema Fiepe, Ricardo Essinger, questionou o candidato a prefeito sobre como a prefeitura poderá fazer a aproximação entre a área as pequenas e médias indústrias na cidade. "O cenário que eu vejo é que a gente vai passar por uma crise robusta, mas em diversas áreas a gente tem a oportunidade de largar na frente. Uma delas é unindo a P&D com a indústria e os serviços de tecnologia, com a Prefeitura agregando os setores", respondeu Campos.

Em suas considerações finais, o candidato a prefeito destacou o fato de possui uma das três maiores frentes partidárias do Brasil nas eleições de 2020. "Quem tiver a capacidade de unir no Brasil a partir de 2021 vai largar na frente e vai avançar muito. Nós construímos a Frente Popular do Brasil, uma das três maiores frentes do país com a capacidade de agregar", declarou.

MENDONÇA FILHO

Candidato a prefeito do Recife pelo DEM, Mendonça Filho afirmou que, caso seja eleito, irá "cobrar que a Compesa cumpra com as suas responsabilidades" na cidade com relação ao abastecimento de água e tratamento de esgoto. O democrata deu a declaração nesta segunda-feira (19), durante sabatina na Fiepe.

Questionado sobre suas propostas para o saneamento básico recifense, Mendonça classificou como "ridícula" a cobertura de coleta e tratamento de esgoto do Recife, e criticou as ações desenvolvidas pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) nos quase oito anos em que está à frente da prefeitura. "Cuidar do saneamento básico é cuidar da saúde, da qualidade de vida das pessoas. E houve, de fato, negligência por parte dos governos do PT e do PSB nessa área. No passado, quando fui governador e vice-governador, estabeleci parcerias com o governo municipal para coleta e tratamento de esgoto, no projeto Mustardinha/Mangueira, mas de lá pra cá quase nada foi feito, o sistema do Cordeiro está aí, parado. (...) Como esse pessoal diz que cuida das pessoas? Cuida coisa alguma", disparou.

Na ocasião, o candidato também chamou atenção para o fato de que muitas famílias da cidade sofrem com a falta de abastecimento de água, problema que tem ocorrido também agora, durante a pandemia provocada pelo coronavírus. "A responsabilidade direta por essa situação é também da Compesa, que está sob o comando do PSB. Estive na Várzea e ouvi dos moradores que, em plena pandemia, eles não tinham como tomar banho, lavar um prato, um cuidado básico de asseio por causa da falta d'água. Em Nova Descoberta é a mesma coisa, na Grande Casa Amarela e no Ibura, idem. Agora a continha chega todo mês, cara. A Compesa não cumpre a sua obrigação. (...) Vamos mudar isso e exigir da Compesa que cumpra com o seu dever e sua responsabilidade. E aquilo que for tarefa da prefeitura, eu tomarei conta como prefeito do Recife", prometeu Mendonça.

Quando detalhou suas ideias para melhorar a mobilidade na capital pernambucana, o ex-ministro da Educação disse ter interesse em reordenar a cidade, mas com o olhar voltado também para os trabalhadores informais e ambulantes. "O cuidado com a cidade é básico. Calçadas bem tratadas, limpas, iluminação pública bem cuidada, todas essas coisas são obrigações da prefeitura e nós vamos fazer isso. E vamos estabelecer canais de comunicação e cooperação com aqueles que vivem do comércio de rua para que a gente possa equilibrar a proteção do comércio formal, o espaço urbano, mas sem usar a teoria do chicote, sem usar a teoria da brutalidade como infelizmente temos hoje a marca do PSB", pontuou o postulante.

No evento promovido pela Fiepe, Mendonça também teve a oportunidade de apresentar suas principais propostas de governo durante 20 minutos. Com o tempo que tinha disponível, o candidato falou sobre diversos projetos nas áreas da educação (como a criação de 10 mil vagas em creche), saúde (investimentos na atenção básica), segurança pública (armamento da Guarda Municipal), requalificação do Centro do Recife e combate às drogas (Projeto Conte Comigo), por exemplo.

Propostas para melhorar o ambiente econômico da capital também foram mencionadas pelo democrata na sabatina. "Infelizmente a gente tem um ambiente hostil para a geração de empregos em Pernambuco e no Recife. A cultura do PSB é perseguir quem produz e quem trabalha na nossa cidade. Quantos empresários não têm base na Paraíba, para que a nota fiscal seja emitida a partir de lá? Quantos cidadãos e empresas emplacam carro na Paraíba para fugir de um dos IPVAs mais caros do Brasil? A gente tem a maior carga de impostos per capita das capitais do Norte/Nordeste do Brasil. Estamos muito à frente de Fortaleza e de salvador. E é por isso que lançamos a ideia do congelamento por dois anos do IPTU e da taxa de lixo", detalhou.

MARÍLIA ARRAES

Durante a sua participação na sabatina promovida pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) na manhã desta segunda-feira (19), a candidata a prefeita do Recife Marília Arraes (PT) defendeu a atração de indústrias para a periferia da capital pernambucana.

Segundo Marília, o estímulo para que as indústrias se estabeleçam no Recife vai fomentar não só na geração de emprego, mas a qualidade de vida dos trabalhadores que serão eventualmente contratados. "Isso) impacta na mobilidade, na forma como as pessoas vão se deslocar até seus empregos e que isso pode ser muito mais facilitado se a gente atrai esses locais que geram postos de trabalho próximo de onde as pessoas moram", pontuou a candidata.

A candidata elencou os números relacionados à indústria: Recife sedia 20% das indústrias do estado de Pernambuco. São mais de 1700 estabelecimentos industriais, em sua maiores pequenas indústrias, que empregam quase 30 mil pessoas.

Marília também falou da necessidade de direcionar os programas de qualificação oferecidos com as demandas do mercado de trabalho, ação não é efetiva na gestão municipal, de acordo com a candidata. Ela apresenta como exemplo o Programa Universidade para Todos (Prouni) Recife, programa que oferece bolsas de estudo gratuitas em instituições privadas de ensino superior exclusivamente para os recifenses.

"A gente tem que fazer com que esse investimento retorne para a prefeitura. Por exemplo direcionando os cursos que são oferecidos para as vagas que são ofertadas no mercado de trabalho. Hoje somente no Porto Digital existem 1500 vagas ociosas, porque não tem gente suficiente, qualificada, direcionada para aquela demanda que o mercado tem. Enquanto isso o Prouni Municipal está custeando vagas de cursos que muitas vezes não têm empregabilidade da mesma maneira e que pessoas estão cursando ali determinadas carreiras quando na verdade queriam estar cursando outras", afirmou Marília.

A candidata também falou sobre uma parceria com o setor empresarial para estimular a recuperação econômica e lembrou da sua proposta de microcrédito para empreendedores. De acordo com essa proposta, será criado um fundo gerido pela prefeitura do Recife com recursos serão oriundos de uma reserva anual de 1% da Receita Corrente Líquida (RCL) do município, equivalente a R$ 50 milhões.

"A gente já fez um estudo orçamentário e dá para destinar 1% da Receita Corrente Líquida para que a gente possa ajudar esses microempresários, essas pessoas que empreendem, esses empreendedores individuais, os trabalhadores informais também para que eles possam ser inseridos no mercado de trabalho, no processo de geração de renda", afirmou Marília.

A prefeitura vai subsidiar 50% do crédito, segundo explicou a petista na sabatina. "Esse dinheiro vai retornar para a gente. Metade a prefeitura vai oferecer como benefício, como forma de um auxílio e a outra metade esses trabalhadores vão retornar, vão pagar em 24 meses sem juros, porque não faz sentido cobrar juros de pessoas que já foram tão massacradas pela crise", disse.

Marília também voltou a criticar a proposta de Crédito Popular apresentada pelo seu adversário João Campos (PSB), que propõe linhas de crédito de R$ 3 mil e taxas de juros reduzidas. A meta inicial é de realizar 10 mil operações por ano, totalizando um investimento de R$ 23 milhões em quatro anos de gestão.

"Pelos números que ele oferece beneficiaria cerca de 1600 pessoas por ano. Qual é o impacto que vai gerar para a nossa sociedade? O Recife tem 150 mil desempregados, ou seja, isso não vai impactar diretamente na economia e fora que vai emprestar dinheiro a juros para as pessoas que estão em uma situação gravíssima de crise", pontuou a candidata.

Outro ponto levantado pela candidata foi a proposta do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) Verde, com o oferecimento de benefícios fiscais como estímulo à coleta seletiva, aliado a uma moeda social que circule entre os bairros.

"Cerca de 98% do lixo do Recife não é reaproveitado, então nós temos a proposta de vincular o estímulo a essa coleta seletiva, tanto a benefícios no IPTU quanto a também a uma moeda social. A periferia pode contribuir e muito com a coleta seletiva, agora com estímulo por meio da coleta social, para que esse recurso que a prefeitura vai economizar por haver uma coleta seletiva que funcione de verdade, retorne para aquelas pessoas que são de áreas mais populares, mais carentes e que esse dinheiro passe a circular ali na própria região", completou a candidata.

Uma da série de perguntas de empresários do setor industrial feitas à candidata foi sobre o que faria para garantir o cumprimento da diretriz do Plano Nacional de Educação (PNE) que prevê que até 2024, 50% das crianças de até três anos e 11 meses estejam matriculadas em creches.

Marília ressaltou a sua promessa de zerar a fila nas creches municipais, uma das prioridades do seu plano de governo, além de zerar as palafitas e erradicação de um terço dos pontos de risco dos morros do Recife. Segundo Marília, o programa voltado para as creches começaria com um diagnóstico do déficit de vagas.

A ideia é criar creches comunitárias com imóveis adaptados nas comunidades, próximas as famílias, e gestão da prefeitura em parceria com as próprias mães. "Isso vai aumentar a arrecadação do Fundeb, é perfeitamente possível implementar, com orientação pedagógica e nutricional desses espaços, mas que as mães atuem colocando em prática essa política", explicou Marília.

Ainda de acordo com a proposta da candidata, serão dois turnos de seis horas nas creches e um pelo período de 12 horas. Marília ressaltou que o programa vai integrar ações das Secretarias de Educação e Assistência Social. "Essas mães vão ter uma rede de apoio seja para inserção de programas sociais, seja para o combate à violência contra a mulher, vão passar por todo um diagnóstico da situação social de cada família, de cada criança, de cada mulher que está ali deixando o seu filho, para que a gente possa ter uma assistência maior da prefeitura", completou.

DELEGADA PATRÍCIA

A candidata a prefeita do Recife Delegada Patrícia (Podemos) fez um aceno ao empresariado pernambucano durante sua sabatina na Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), nesta segunda-feira (19). Segundo a postulante, a gestão precisa ser "amiga" da iniciativa privada com parcerias para a geração de emprego e renda na capital.

Segundo a delegada, a Prefeitura do Recife precisa parar de tratar o empreendedor como "um inimigo". Ao falar de saneamento e urbanização, ela destacou que parcerias com a iniciativa privada poderão ajudar no desenvolvimento da cidade.

"Não se pensa em sustentabilidade sem política de desenvolvimento socioeconômico para a população. É utópico pensar nisso com pessoas morando na lama, sem coleta de resíduo sólido regular, pessoas que pagam conta de serviço de esgoto que não é prestado e falar disso é falar de urbanização, é fazer com que o saneamento chegue nesses locais. Para isso, falaremos com o setor empresarial, vemos o empresariado, o empreendedor, sendo um braço amigo da prefeitura. Queremos canais com a iniciativa privada para gerar emprego e renda para as pessoas, que terão independência financeira, não precisarão implorar por esmola do poder público. Isso só é possível quando a prefeitura parar de tratar empreendedor como inimigo. Na pandemia, lojas fecharam as portas e a prefeitura e a Câmara se negaram a suspender IPTU e fazer parcelamento. Na minha gestão, o empreendedor terá vez", disse.

Patrícia vê a cidade "vocação para tecnologia", mas enxerga que uma parte da população ainda está na "idade média". "Pessoas carregando água em balde, sem água na torneira, o quanto a tecnologia pode ajudar? No saneamento, na saúde, na empregabilidade, na nossa gestão, as parcerias serão realidade, pois há 20 anos a cidade vê o empreendedor como inimigo, faz com que a iniciativa privada não tenha espaço, incham a administração, são 4.250 comissionados, é fazer loteamento de cargos para amigos e familiares, a máquina invade espaços e que deveriam ser da iniciativa privada e acaba prestando serviço de má qualidade. Nosso projeto de segurança conta com software de reconhecimento facial, a tecnologia a serviço da população e será desenvolvida por setores privados", disse.

Por quase uma hora, Patrícia falou de propostas para a mobilidade, saúde, sustentabilidade, ambiente de negócios e outros temas. Em sua apresentação inicial - que durou 20 minutos - ela lembrou de seu trabalho na antiga Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp), apontou ter "zelo pela coisa pública", por ser servidora há 20 anos, e afirmou que, mesmo sendo do Rio de Janeiro, é "recifense de coração".

Como vem fazendo em suas últimas sabatinas, Delegada Patrícia enfatiza que a candidatura não é um projeto pessoal. "É a indignação com problemas que ninguém resolve, querem empregar amigos, parentes, encher o pote até a tampa, o que me traz não é projeto projeto familiar, como o das famílias que querem se eternizar no poder com filhos e netos. É para honrar o dinheiro das pessoas", afirmou.

Questionada sobre suas propostas para a educação e qualificação de jovens no Recife, a candidata a prefeita disse que, hoje, jovens e crianças saem do ensino fundamental sem saber ler, escrever e fazer contas adequadamente e, assim, não conseguirão ocupar postos no mercado de trabalho.

"Estabeleceremos métricas para avaliar o aluno, acabar com a aprovação automática e vamos valorizar os profissionais da educação, que foram esquecidos. Eles serão bonificados de acordo com metas de aprendizado. Teremos alunos com excelente formação para ocupar vagas de trabalho. Outro projeto é ter a mão amiga do empreendedor e estabelecer parcerias público-privadas para qualificar os jovens no ensino técnico. Existem 1500 vagas em aberto no Porto Digital para Tecnologia da Informação e falamos de um quantitativo gigante de jovens desempregados, muitos cooptados pelo crime, sem perspectiva. Então pensamos em formá-los para o emprego do futuro, que é o emprego do presente", disse.

Ao falar sobre a saúde pública no Recife, a candidata criticou a falta de parcerias para a informatização do atendimento. Patrícia defende o uso da tecnologia para monitoramento dos pacientes e lembrou que, segundo o DataSus, várias pessoas morrem de causas evitáveis. A postulante também afirmou que deve firmar parcerias com a iniciativa privada para realização de exames e ampliar o atendimento de médico especialista.

"É a crise de uma saúde que está doente há muitos anos. A ideia é tecnologia voltada à atenção básica, valorizar profissionais da Saúde da Família, que estão sobrecarregados por conta de um sistema arcaico, onde equipes atendem mais de mil famílias. Vamos trabalhar com prevenção, aumentar esse quantitativo e ampliar a oferta de exames da rede municipal de saúde. São 230 mil aguardando exame, vamos zerar a fila, pois a verba da saúde, é 15%, neste ano são 900 milhões, e não vemos como foi gasto a não ser estampando capas de matérias nacionais com escândalos", disse a candidata.

CORONEL FEITOSA

Candidato a prefeito do Recife pelo PSC, o Coronel Feitosa foi sabatinado pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), na tarde desta segunda-feira (19), e disse que pretende fazer um diagnóstico das empresas e indústrias em cada bairro da cidade para capacitar melhor os jovens que moram nas proximidades. Ele também quer diálogo com o governo Jair Bolsonaro e parcerias com as igrejas, principalmente, para apoio aos jovens.

"Se em um bairro tem uma indústria, padaria, oficina, precisamos qualificar essa mão de obra e podemos usar escolas, que depois das dezoito horas estão fechadas. O jovem pode ir a pé ou de bicicleta ou estudar em espaços ociosos de instituições religiosas. Com a participação do comércio local, eles serão inseridos no mercado de trabalho, faremos acompanhamento usando a tecnologia, precisamos analisar se essa qualificação dá resultado ou não, faremos parceria com o Porto Digital e quem tiver alguma deficiência tem de corrigir de imediato. Faremos cruzamento da vocação com o local e colocá-lo como estagiário ali mesmo", disse Feitosa. O candidato ainda disse que esses jovens terão apoio psicológico, além de aula moral e cívica.

Feitosa, que tem como vice o Pastor Wellington Carneiro (Patriota), ainda disse que, se eleito, a igreja terá "vez e voz" em sua gestão. "Vou tirar um comunista da vice (Luciano Siqueira do PCdoB é o atual vice-prefeito do Recife) e colocar um pastor, um homem humano. A igreja terá vez e voz, ela sempre foi usada como massa de manobra, vamos dar oportunidade para a igreja, seja católica, evangélica, espírita, retirar o jovem das drogas, da prostituição, do álcool", disse.

Durante a sabatina, o candidato ressaltou em vários momentos sua experiência, seja como militar ou como participante da gestão, visto que ele já foi secretário de Turismo de Pernambuco e de Saneamento no Recife. Inclusive, questionado sobre a dificuldade financeira da prefeitura para quem assumir em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), Feitosa disse que sabe buscar recursos.

"Vamos, primeiro, acabar com qualquer tipo de desvio, isso não devia ser pauta de campanha, é dever do gestor, o que for gasto ruim, vamos retirar. Depois disso, vamos ficar de frente ao governo federal, Paulo Câmara e Geraldo Julio impedem o diálogo, tem secretário que ataca o presidente e depois bate na porta de ministro atrás de recurso, isso é inadmissível. No Nordeste se formou um mini Foro de São Paulo com o Consórcio Nordeste e se partiu a atacar o governo federal. Ficaram de costas para quem tem como investir. Vou mostrar que Recife está de portas abertas para captar o recurso, vamos buscar recursos internacionais, dessa forma faremos revolução no Recife, fazendo requalificação na mão de obra e atraindo empresas, gerando emprego e renda. Vamos instalar empresas que geram impostos, que serão bem aplicados, e, assim, ampliar a receita", disse.

Tema da sabatina, a saúde pública no Recife deve ser humanizada, segundo Coronel Feitosa. Ele explicou que as pessoas que se dirigem a um posto de saúde não vão "passear", estão precisando de atendimento. "Também vamos dotar a rede de médicos e enfermeiros, vamos dotar de medicamentos e equipamentos de exame. Faremos nossa parceria com o Porto Digital e criar aplicativo para marcação de fichas e consultas, se marca em casa e manda para uma central na Secretaria de Saúde, após a consulta vai a uma farmácia que não seja do outro lado da cidade", disse.

O candidato ainda afirmou que vai buscar parcerias com a iniciativa privada para realização de exames e cirurgias em horários que o polo médico possua salas ociosas. Segundo ele, isso beneficiaria, ainda, a classe médica que quer uma remuneração a mais.

Questionado sobre a questão das calçadas no Recife e a situação dos ambulantes, Feitosa iniciou sua fala criticando a situação de uma vendedora ambulante que teve sua mercadoria apreendida pelo Controle Urbano no Centro do Recife, nesta segunda-feira. Ele disse que, pela experiência, no ordenamento do comércio em frente ao Centro de Convenções, quando secretário, ele pode fazer um diagnóstico correto da situação.

"Vamos ver bairro por bairro o que cabe de comércio, é preciso de diagnóstico, fiz isso no Centro de Convenções. Vimos onde ficar sem atrapalhar acesso, sem botijão de gás, depois qualificamos e demos incentivo. Hoje, em frente ao Parque da Jaqueira está uma bagunça, uma sujeira. Em Bogotá, na Colômbia, partiram para uma lógica vendo espaço por espaço, bairro por bairro, ampliaram as vias, ciclovias e calçadas, ordenando e qualificando as pessoas, vendo que tipo de comércio cabia e fomentando aquilo", explicou.

O candidato concluiu sua participação na sabatina afirmando que é um "um homem com vontade" e que diz a verdade "como o presidente Jair Bolsonaro". Ele ainda apontou ser "inadmissível" a situação das pessoas em palafitas, nos morros e disse que "qualquer lugar do Recife fede".

"Tem candidato ficha limpa, mas é fácil quando nunca administraram nada, passaram bilhões nas minhas mãos com obra de aeroporto, construí casas, serviço de drenagem e estou sem nenhuma notificação no TCE ou TCU, não uso fundo eleitoral, se quero fazer campanha como Bolsonaro fez não posso usar", concluiu Feitosa.

CHARBEL

O candidato a prefeito do Recife Charbel (Novo) apresentou as suas propostas de diminuição da burocracia para beneficiar os empreendedores da capital pernambucana nesta segunda-feira (19) na série de sabatinas promovidas pela Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) com postulantes à Prefeitura do Recife.

Tais propostas de Charbel convergem com os pilares do Partido Novo, do qual é filiado: Liberdade econômica e redução de carga tributária. "Nós queremos entregar Recife com a menor carga tributária entre as capitais do Brasil. Queremos igualar a alíquota de IPTU por exemplo à alíquota de imóveis residenciais. Por que essa diferenciação? Ela vem do desconhecimento de que é através do setor empresarial, do empreendedor, é que a gente gera emprego e melhora a qualidade de vida das pessoas", afirmou o candidato.

O candidato falou da intenção de, caso eleito prefeito do Recife, segmentar os empreendimentos de acordo com os impactos ambientais causados para determinar que tipo de licença ele deverá ter, independentemente do capital da empresa. Segundo a proposta de Charbel, os de baixo impacto - com possibilidade de reversão desse impacto - não precisarão de licença ou alvará para funcionar.

"Por que eu caracterizo de baixo impacto? Porque não é de micro e pequeno só não, é pelo impacto que causa. Se é uma startup, uma pequena startup no início da sua vida, não causa impacto nenhum, vai estar em uma salinha no Porto Digital, para que que ela precisa de alvará e licença de funcionamento? Agora, se é uma startup que já tem um R$ 1 bilhão de investimentos, que causa o mesmo impacto da outra, para quê ela vai precisar de licença de alvará? A gente tem que premiar quem cresce, não é punir", afirmou Charbel.

No caso dos empreendimentos de médio impacto, não será necessário uma licença prévia, pois haverá um mecanismo chamado de declaração vinculativa, diz Charbel. "O empresário declarou que preenche todas as normas, pronto, está aceito. A fiscalização chegou lá e viu que não preenche, advertência. Segunda vez, advertência, terceira, multa. Aí sim. Mas o empresário não vai esperar meses, anos, para iniciar uma atividade de médio impacto", explicou o candidato.

Já as de alto impacto - quando há dificuldades em reverter esse impacto gerado - será implantar a aprovação tácita, segundo Charbel, prática adotada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Neste caso, a prefeitura deve estabelecer um prazo para dar a resposta sobre a solicitação de abertura da empresa, e caso ele não seja cumprida, a autorização torna-se automática.

Esse mecanismo deverá ser adotado para quaisquer outras áreas que precisam de aprovação da gestão municipal, incluindo licença de construção. "Nós vamos inverter essa lógica do cidadão trabalhando para o governo e sim o governo trabalhando para o cidadão. Vamos inverter quem deverá trabalhar, mostrar resultado é a prefeitura, são os fiscais", completou.

Charbel respondeu perguntas de empresários do setor industriais sobre cinco áreas temáticas. No quesito meio ambiente, ele disse ser necessário tratar a questão ambiental sob a ótica da área urbana, com o saneamento básico como norte.

"O município é o maior poluidor aqui no Recife por omissão, que não cuida e nem melhora a coleta no saneamento básico. Nós vamos implantar o novo marco do saneamento já no próximo ano, vamos contratar uma nova empresa. Podendo concorrer empresas públicas ou privadas, até mesmo a Compesa. Mas vai ganhar aquela que se comprometer com as metas e com recursos”, afirmou Charbel.

Na área da educação, uma das propostas de Charbel é oferecer pagamento de mensalidades em escolas privadas para crianças de famílias de baixa renda. "Recife gasta R$ 900,00 (por mês) por aluno. Eu consigo, com menos do que isso, colocar um aluno na rede privada. Outra questão são as escolas da rede pública. Vamos transformá-las em ensino integral. A gestão das escolas públicas será feita por gestores qualificados, através de parcerias com instituições da rede privada de ensino", disse.

Sobre a iluminação pública, uma das ações das prefeituras que tem relação direta com a segurança pública, Charbel propõe que ela seja gerida por uma empresa privada no Recife. "Já vi uma iniciativa que assume a gestão da iluminação pública, que é remunerada apenas pela contribuição de iluminação pública que já é paga pela população junto com a conta de energia. Assim o gasto fica com a empresa, que utiliza seus funcionários para a manutenção. O compromisso da empresa é colocar lâmpadas que custam menos e iluminam mais. A iluminação é importante, pois reduz a criminalidade. Essas empresas têm metas para trocar as lâmpadas. Se demorar, é multa", pontuou o candidato.

CARLOS

Durante a sabatina na Fiepe, o candidato do PSL à Prefeitura do Recife, Carlos Andrade Lima, prometeu nivelar a qualidade de ensino público da capital pernambucana. O projeto passa pela reestruturação das instituições da rede municipal para desenvolver o trabalho realizado. Durante o processo de reformulação, os alunos deverão receber um voucher da Prefeitura para que possam estudar em colégios particulares até que a sua instituição volte a funcionar.

“O gestor público tem a obrigação de investir, no mínimo, 25% do que arrecada em educação. Portanto, dinheiro tem. E a nossa proposta é nivelar por cima a qualidade das escolas do Recife. Reformular os colégios fisicamente, requalificar o corpo docente e deixar tudo pronto para os alunos. Para isso, vamos criar vouchers para que, durante o período em que este trabalho seja feito, os alunos irem para escolas particulares com custo bancado pela Prefeitura. Ao longo do tempo, faremos com todas as instituições de ensino municipais”, destacou o candidato do PSL.

O postulante ainda disse querer melhorar a condição dos estudantes para que eles tenham aulas de reforço em casa, retomando o projeto da entrega de tablets para todos os alunos da rede pública.

“Em 2013, o atual prefeito começou a entregar tablets para os alunos da rede municipal. Mas este projeto não teve sequência. Vamos investir para que os equipamentos sejam entregues a todos. Assim, o aluno que tem aula pela manhã pode fazer o reforço à tarde ou o que estuda à tarde fazer o reforço pela manhã. Isso é possível porque no nosso governo a internet será um serviço essencial como água, luz e esgoto”, concluiu.

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VOTO No próximo domingo, eleitores vão às urnas escolher o próximo comandante da Prefeitura do Recife - FOTO:SÉRGIO BERNARDO/ACERVO JC IMAGEM

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