DESAFIOS URBANOS

Falta de orçamento e demandas acumuladas nos parques do Grande Recife

Além de ampliar a oferta de parques, desafio é manter a manutenção em dia do que já existe

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 25/10/2020 às 7:00
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
INICIATIVA Sem apoio da prefeitura, moradores de Candeias pedem verba para reparos - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Qualidade de vida passa pela oferta de espaços públicos adequados para a população. Mas nas cidades da Região Metropolitana do Recife faltam parques e equipamentos de lazer, principalmente para quem vive em situação de vulnerabilidade. O quadro é ainda mais desafiador porque os futuros prefeitos assumirão pendências com orçamentos reduzidos devido à pandemia da covid-19. Confira no sétimo domingo do especial Desafios Urbanos.

Equipamentos quebrados, pichados, com vegetação alta, mal iluminados e inseguros. Para além da ampliação dos parques e espaços de lazer, existe o desafio de manter as condições de funcionamento das estruturas. Em 2020, a pandemia do novo coronavírus fez com que muitas pastas realocassem recursos para o combate à doença, deixando em segundo plano outras questões. Quem assumir a prefeitura em 2021, precisará lidar com orçamento apertado e demandas acumuladas.

Para manter as mais de 600 áreas verdes da cidade, o Recife desembolsa anualmente cerca de R$ 5 milhões. Ao valor se somam R$ 2 milhões, que a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) destina a reparos e consertos causados por depredação ao patrimônio público. A capital ainda conta com 42 polos do Projeto Academia da Cidade e 21 Academias Recife, que custam anualmente R$ 1,5 milhão aos cofres municipais. Apesar de não detalhar valores, a gestão reconheceu que projetos de conservação de espaços de lazer foram comprometidos pela pandemia. Existem projetos em andamento em locais como a Praça Gregório Bezerra, na Torre; Praça da Rua Engenho Bulhões, no Ibura; Praça do CSU de Casa Amarela; uma quadra em Santo Amaro, na Avenida Agamenon Magalhães, sentido Recife-Olinda, além de duas pistas de cooper em canteiros centrais na mesma área.

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Os parques são poucos e a situação é precária, tanto de manutenção quanto de quantidade de equipamentos. Para ir a qualquer lugar, é preciso pegar condução e em alguns horários o pouco que tem de estrutura fica lotado", pontua a comerciante Maria Inalda da Silva, 59, moradora de Paulista - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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ESPECIAL MOBILIDADE URBANA (PARQUES E PRACAS DA REGIÃO METROPOLITANA - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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CONSERVAÇÃO Paulista gasta R$ 2 milhões para cuidar do único parque, localizado no Centro, e das 65 praças da cidade - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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ESPECIAL MOBILIDADE URBANA (PARQUES E PRACAS DA REGIÃO METROPOLITANA Veridiana Barreto (máscara preta) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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DESCUIDO Balanços quebrados mostram falta de manutenção em parque de Olinda - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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ESPECIAL MOBILIDADE URBANA (PARQUES E PRACAS DA REGIÃO METROPOLITANA - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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INICIATIVA Sem apoio da prefeitura, moradores de Candeias pedem verba para reparos - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
TVJC
ESPECIAL MOBILIDADE URBANA (PARQUES E PRACAS DA REGIÃO METROPOLITANA) (Candeias) - TVJC

Em Paulista, a gestão gasta R$ 2 milhões para manter o único parque da cidade e as 65 praças. O município tem cinco Academias da Saúde, com custo mensal de R$ 6 mil cada (sendo R$ 3 mil do Ministério da Saúde). A isso se somam R$ 2 mil mensais para o Programa Saúde em Movimento, que oferece aulas à população. A gestão, que explicou estar buscando parcerias com o governo federal para reforma ou construção de novos equipamentos, estima que, com a pandemia, perdeu cerca R$ 1,5 milhão destinados a esses fins. Em andamento, existe projeto para construir as 2ª e 3ª etapas da praça do Mangueirão, em Arthur Lundgren I, e projeto concluído da Praça Anibal Fernandes, em Jardim Paulista Baixo. 

Jaboatão dos Guararapes tem grandes promessas. A gestão quer inaugurar o maior complexo de lazer do Grande Recife, o Parque da Cidade, atrás do viaduto de Prazeres, até o fim do ano, em uma área de 87 mil metros quadrados. Além dos três parques e 57 praças, o município tem 66 campos de futebol, 11 quadras, uma academia da cidade e outra academia do idoso. Entre 2017 e 2020, essas estruturas custaram R$ 418 mil aos cofres municipais.

Apesar dos investimentos anunciados, muito é feito pela própria população. Em Candeias, bairro mais populoso da cidade, com mais de 70 mil moradores, a Praça Cabús, uma das poucas opções de lazer, é adotada por quem vive no entorno. Uma faixa fixada no local pede ajuda financeira para custear os reparos. Alguns equipamentos estão pichados e outros esburacados. “Precisamos de mais cuidados e mais espaços”, resume a funcionária pública Vânia Medeiros, 56. Jaboatão estima que, com os esforços voltados contra o novo coronavírus, a manutenção de espaços públicos perdeu cerca de R$ 100 mil.

Em Olinda, o único parque da cidade, no Carmo, coração do Sítio Histórico, também precisa de reparos. Na pracinha, balanços quebrados mostram a falta de manutenção. Segundo a gestão, para cuidar do Parque do Carmo e das 112 praças, além da orla, Vila Olímpica (Rio Doce), Espaço de Lazer do Caenga, Estádio Grito República e Estádio Olindão, são gastos anualmente R$ 1 milhão. A cidade tem 15 Academias do Bairro. O município não informou valores, mas admitiu ter realocado recursos das pastas de manutenção dos equipamentos para o combate à covid-19. Olinda tem projetos de construção de um parque urbano no Varadouro, uma arena na Vila Olímpica de Rio Doce, uma área de lazer em Fragoso e requalificação de quatro praças em Sapucaia e outra, com implantação de brinquedos em Aguazinha.

 

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