Eleições 2020

Eleição municipal no Cabo de Santo Agostinho deve ser acirrada, apontam cientistas políticos

Cientistas políticas avaliaram projeções entre candidatos que mostram acirramento na eleição cabense

Gabriela Carvalho
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Gabriela Carvalho
Publicado em 14/11/2020 às 13:00
Arte: JC
Eleições de 2020 - FOTO: Arte: JC
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Com três candidaturas indeferidas e duas renúncias, a eleição no município do Cabo de Santo Agostinho segue agora com seis postulantes na eleição majoritária da cidade. Vários candidatos abriram mão da disputa em favor do vice-prefeito e candidato Keko do Armazém (PL). Um deles foi o ex-prefeito Elias Gomes (MDB), junto do seu candidato a vice Vado da Farmácia (PRTB). Além de Elias, Keko recebeu apoio de Eduardo Cajueiro (PTB) e Chico PM (DC), que teve sua candidatura indeferida e resolveu se unir à frente de oposição.

Apesar da expectativa de vitória pender para Cabral, o levante da oposição com os recentes apoios adquiridos para o vice do município pode ter um peso importante nessas eleições. É o que diz a cientista política Priscila Lapa, que ao ser entrevistada pela reportagem do JC, explicou que a disputa pode ser acirrada entre o prefeito e seu vice.

“O apoio de Elias Gomes, simbolicamente, tem um peso muito grande. Mesmo que Elias não esteja bem pontuado nas pesquisas, ele ainda é uma liderança política de referência no município. Ele ter feito essa sinalização em prol da candidatura de Keko é uma forma de reforçar, mesmo que o apoio não tenha acontecido logo na largada. Existe o clima de vitória de Lula, mas também uma força de oposição”, pontuou.

Por outro lado, a cientista também ressaltou que o histórico político do prefeito, aliado ao fato dele estar do lado da máquina pública, pode lhe dar uma vantagem. “Lula é um político que tem as bases muito consolidadas no município e ainda tem o peso da máquina que nos municípios menores conta de maneira muito forte. No auge do desenvolvimento de Suape ele era o prefeito, e muito recurso foi alocado no município. Ele acaba sendo muito lembrado pelo seu histórico e se tornando uma força política importante”, explicou.

Porém, a prisão do prefeito em 2018 é um fator que pode pesar na hora do eleitor escolher em quem vai votar. A cientista política e criadora do Pernambuco Transparente, Raquel Lins, explicou que a pauta anticorrupção estará muito presente nas eleições municipais deste ano.

“Isso pode afetar a reeleição, não só na prefeitura, mas também na Câmara Municipal, também fortemente marcada por casos de corrupção. Lula passou quase um ano na prisão e isso é ainda algo muito recente e que marcou a população. Os cabenses também estão mais conscientes dos efeitos da corrupção no desenvolvimento da cidade e na vida de todos, além da pauta anticorrupção também ter sido um fator presente nos debates das últimas eleições para a presidência. A atuação mais forte dos órgãos de controle através de operações diversas no estado também tornou constante reflexões sobre o assunto”, ressaltou.

Lula Cabral foi preso pela Polícia Federal em outubro de 2018, na deflagração da Operação Abismo, que investigava esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores do Cabo de Santo Agostinho, o Caboprev. Enquanto esteve preso, o vice Keko assumiu a gestão. Com o retorno do prefeito quase um ano após a prisão, Keko resolveu romper politicamente com seu companheiro de chapa. Isso, de acordo com Patrícia, também pode contar pontos para o candidato de oposição.

“Essa figura do vice que rompe com a gestão é muito favorável a Keko. Isso acaba contando simbolicamente, principalmente em uma época que discutimos muito a questão da corrupção. Para o eleitor, isso passa a imagem de que ele teve coragem de romper com a estrutura. Essa ‘rebeldia’ de não ser mais aliado por não concordar com a postura acaba agradando o eleitor que é guiado por essa discussão de corrupção. Agora não se sabe o quanto isso será suficiente para fazê-lo ganhar”, alertou.

Patrícia ainda destacou a “forte guerra de narrativas” entre os dois candidatos da mesma chapa. “Temos a narrativa de Lula, que em seu discurso de retorno afirmou que tinha sido golpeado, tentando mostrar uma falta de legitimidade na gestão de Keko. É um que rompe com um processo político que ele não concordava e que vira o grande herói, e por outro lado, o outro com a narrativa da vítima, de dizer que há uma grande conspiração. É muito forte essa guerra de narrativas”, concluiu.

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PCDOB Tadeu Anjos tem apoio da vice-governadora, Luciana Santos - FOTO:DIVULGAÇÃO/ASSESSORIA

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