Um tempo novo pede uma nova forma de enfrentar os problemas

DIA DO VOTO Relembre a trajetória do candidato do PSB

Publicado em 29/11/2020 às 2:00
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Filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e bisneto do também ex-governador do Estado Miguel Arraes, o candidato a prefeito do Recife João Campos (PSB), de 27 anos, transformou o discurso de que sua juventude e sua herança política podem ser fatores positivos, que agregariam à sua capacidade de tirar promessas do papel. "Estou pronto para ser prefeito do Recife", pontuou o socialista em diversas ocasiões durante sua campanha, corroborado por sua candidata a vice-prefeita Isabella de Roldão (PDT).

No entanto, diferentemente do primeiro turno das eleições, em que houve mais espaços para apresentar suas propostas e pretensões para os próximos quatro anos - com um apelo forte às grandes figuras políticas de sua família como uma forma de credenciá-lo em sua primeira disputa majoritária -, foi neste segundo turno de campanha que sua atuação como parlamentar na Câmara dos Deputados e sua postura de enfrentamento ao PT tornaram-se mais evidentes.

Ao declarar que o "Recife não vai andar para trás", João Campos partiu para um comparativo dos oitos anos de gestão do prefeito Geraldo Julio (PSB) em relação aos 12 anos de PT à frente da Prefeitura do Recife. Ele garante que dará continuidade a projetos que considera importantes para a capital pernambucana, a exemplo do Compaz e da Faixa Azul. A três dias da eleição, ele também havia declarado que que não "haverá indicação política do PT" em seu governo - cravando, ao menos no âmbito municipal, o distanciamento com a sigla petista.

Assim como fez seu pai e o apadrinhado político de Eduardo, Geraldo Julio, a promessa de um grande hospital também está entre as suas principais propostas nesta campanha. Em sua primeira disputa majoritária, João Campos prometeu que, se eleito, construirá o Hospital da Criança do Recife, na Zona Oeste da cidade. O carro-chefe de toda a campanha continuou sendo o Crédito Popular, benefício que irá conceder linha de crédito de R$ 3 mil, a juros de 0,99%, para empreendedores.

Entre as críticas e acusações de corrupção contra a sua adversária, Marília Arraes (PT), o currículo de parlamentar também foi bastante explorado como estratégia de ataque. O fato de ter sido criador da CPI do Óleo, coordenador da Comissão Externa de Acompanhamento dos Trabalhos Externos do Ministério da Educação (Comex/MEC) e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Renda Básica foi trazido para o debate. A narrativa era de que, mesmo com um ano e meio de mandato, João Campos possui uma trajetória competitiva, com capacidade de diálogo, inclusive com outros partidos.

Para os analistas políticos consultados pelo JC, é possível fazer algumas avaliações entre prós e contras que pesam para o candidato a prefeito do Recife pela coligação da Frente Popular (PSB,PDT,PP, PSD, PROS, Rede Sustentabilidade, Solidariedade, Republicanos, MDB, PSD e PCdoB).

Segundo o historiador e cientista político Alex Ribeiro, ter uma coligação robusta pode proporcionar uma sustentação considerável ao seu governo. "Na Câmara de Vereadores, seu partido elegeu 12 legisladores, quase um 1/3 da Casa José Mariano. O que o ajudará num possível governo. Outro ponto positivo é a estrutura partidária que o PSB tem no âmbito do Executivo. É uma legenda que já está à frente da Prefeitura e também no governo do Estado", avaliou.

A referência ao legado de Eduardo Campos também seria outra questão positiva para o socialista, segundo a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho) Priscila Lapa. "Muitas pessoas remetem a era Eduardo como sendo a melhor da história do Estado. Alguns temem romper com esse modelo", comenta Lapa.

Sobre as questões que pesam para o eleitor que é contra a escolha João Campos, de acordo com os observadores, podem estar as desavenças familiares, sua juventude e a fadiga da população com as gestões do PSB, no âmbito estadual e no municipal. "Fala-se que João representa a continuidade de um projeto de poder, que já dá sinais de cansaço e desgaste. Desvencilhar-se desse sentimento é um desafio para ele. O sentimento predominante é de mudança (vide a votação somada de todos seus opositores no primeiro turno, cerca de 70%). Como representar mudança sem protagonizar rompimento?", observa a docente.

Outro ponto poderia ser, para os eleitores contrários, um sentimento de falta de pulso para comandar a prefeitura de uma das principais capitais do País. "Que seria então comandada pela sua mãe (Renata Campos), que é uma personagem oculta e, ao mesmo tempo, presente na narrativa da campanha deste ano", complementa Lapa.

PROPOSTAS

As propostas de João passam pelas áreas da saúde, educação, saneamento básico, mobilidade, causa animal, emprego e renda e outros setores. Entre as promessas voltada para a primeira infância está aumentar em 50% o número de creches e criar o Praças da Infância, espaço para atividades físicas e recreativas, inclusive de crianças com deficiência.

Outro projeto, voltado para quem anda de bicicleta pela cidade, trata da ampliação da malha cicloviária em 100 km, ligando a Zona Sul à Zona Norte. Para o centro do Recife, uma das questões mais debatidas nesta eleição, o socialista promete criar um escritório de otimização para a gestão dos bairros centrais, requalificar as Avenidas Dantas Barreto e Guararapes para estimular a moradia, e transformar a Rua do Bom Jesus numa via exclusiva para pedestres e ciclistas.

Para estimular emprego e renda, consta entre os projetos do socialista o Embarque Digital, que irá disponibilizar 500 bolsas em cursos com formação tecnóloga para estudantes da rede municipal de ensino, para que possam atuar profissionalmente na área de tecnologia. Além disso terá a agência Desenvolve Recife, que será um centro de empreendedorismo reunindo Sala do Empreendedor, Agência do Trabalho, cursos de capacitação e Crédito Popular.

 

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