O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou a formação de um bloco amplo, com a participação de partidos de oposição e de centro, para lançar um candidato único à eleição da Casa, em 1º de fevereiro. Ao todo, o grupo soma 11 partidos - PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede -, com 281 deputados. O candidato, no entanto, ainda não foi escolhido.
Maia disse que esse bloco vai dialogar nos próximos dias para construção de um nome de centro-direta, mas não descartou a possibilidade de que ele saia, inclusive, do campo da esquerda. Os preferidos de Maia, no entanto, são Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
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"Este grupo que hoje se apresenta tem muitas diferenças, sim. Porque, diferente daqueles que não suportam viver no marco das leis e das instituições e que não suportam o contraditório, nós nos fortalecemos nas divergências, no respeito, na civilidade e nas regras do jogo democrático", disse.
Ao lado de lideranças dos 11 partidos do bloco, Maia leu uma carta em defesa da democracia. Segundo ele, a Câmara ganhou projeção nos últimos anos por ter se tornado a "fortaleza da democracia no Brasil; o território da liberdade; exemplo de respeito e empatia com milhões de cidadãos brasileiros".
Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que não esconde a preferência por Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara acusou o governo de autoritarismo e citou Ulysses Guimarães, que presidiu a Casa em duas ocasiões: antes da ditadura militar, entre 1956 e 1958, e na redemocratização, entre 1985 e 1989. Lira afirma ter o apoio de dez partidos, com 200 deputados.
"Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz", disse. "Certamente, Ulysses Guimarães estaria deste lado aqui e talvez repetira em alto e bom som: eu tenho ódio e nojo das ditaduras".
A carta do bloco de Maia ressalta a diferença entre os partidos do grupo e sustenta que ele é mais forte em razão dessas divergências. "Esta não é uma eleição entre candidato A ou candidato B. Esta é a eleição entre ser livre ou subserviente; ser fiel à democracia ou ser capacho do autoritarismo; ser parceiro da ciência ou ser conivente com o negacionismo; ser fiel aos fatos ou ser devoto de fake news", diz.
Nos últimos dias, Maia já havia formado o "núcleo duro" desse bloco, mas hoje, após decisão do PT, o grupo ganhou apoio de partidos da oposição.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que a adesão do partido ao bloco não significa apoio imediato às candidaturas preferidas por Maia. "Temos muito respeito pelos companheiros Aguinaldo e Baleia, mas a oposição construirá um nome para apresentar ao bloco também como alternativa", disse.
Ela reconheceu que o bloco reúne partidos que divergem sobre várias pautas, sobretudo a agenda econômica. "Temos muitas diferenças e já travamos muitos embates nessa casa, mas temos uma pauta que nos une, a defesa da democracia, das instituições e da liberdade dessa Casa", acrescentou, ressaltando que o bloco espera ainda contar com o apoio do PSOL.
Presidente do PSL e que deu guarida ao presidente Jair Bolsonaro e seus filhos na campanha de 2018, o deputado Luciano Bivar (PE) disse que o partido tem responsabilidade com as instituições e a democracia.
"Somos contra o radicalismo, mas somos absolutamente intransigentes aos princípios que nos levaram aqui. Embora divergentes, temos pauta comum: o respeito às instituições, à liberdade e a uma sociedade livre", afirmou.
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