Presidente da Câmara

Maia sai em defesa de Dilma e diz que Bolsonaro ''não tem dimensão humana''

Bolsonaro disse esperar um raio-X de Dilma para acreditar na tortura sofrida durante ditadura

Cássio Oliveira
Cadastrado por
Cássio Oliveira
Publicado em 29/12/2020 às 11:11 | Atualizado em 12/01/2021 às 12:02
BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM
Rodrigo Maia foi sucedido por Arthur Lira na Presidência da Câmara - FOTO: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou Jair Bolsonaro (sem partido), na manhã desta terça-feira (29), após ironias à tortura sofrida pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no período em que foi presa, em 1970, durante a ditadura militar. A apoiadores, Bolsonaro cobrou que lhe mostrassem um raio X da petista para provar uma fratura na mandíbula.

>> Bolsonaro diz que aguarda raio X de Dilma após tortura durante ditadura

>> Dilma: Bolsonaro age como fascista e escolhe ser cúmplice da tortura e da morte

"Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana", escreveu Maia no Twitter.

"Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X", afirmou Bolsonaro.

Cesar Maia

O pai de Rodrigo Maia é o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, exilado no Chile durante a ditadura militar. Ele exilou-se logo depois de sair da cadeia em São Paulo

Cesar fora preso no dia 13 de outubro de 1968 em Ibiúna (SP), junto com centenas de jovens que participavam do clandestino XXX Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Estudante de engenharia em Ouro Preto (MG), Cesar atuava no movimento estudantil e estava em Ibiúna como delegado representante dos colegas universitários.

Em decorrência desse encontro, ele foi condenado a 6 meses de reclusão pela 2ª Auditoria Militar. A perseguição aos militantes contra a ditadura nas universidades foi intensificada depois do congresso.

Dilma

A própria Dilma Rousseff já havia rebatido Bolsonaro e disse que o presidente da República não tem respeito pela vida. "A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram", relatou Dilma em nota.

Para Dilma, Bolsonaro mostra, "com a torpeza do deboche e as gargalhadas de escárnio, a índole própria de um torturador" e "ao desrespeitar quem foi torturado quando estava sob a custódia do Estado, escolhe ser cúmplice da tortura e da morte."

Comentários

Últimas notícias