Mini reforma

Geraldo Julio e Marcelo Barros são empossados secretarios estaduais pelo governador Paulo Câmara

O agora ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) assume a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o economista e ex-secretário da Fazenda de Pernambuco Marcelo Barros passará a comandar a Secretaria de Educação e Esportes

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Luisa Farias

Publicado em 02/01/2021 às 8:57 | Atualizado em 02/01/2021 às 9:05
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O governador Paulo Câmara empossou na noite da sexta-feira (1º) os novos secretários estaduais que devem atuar nos seus dois últimos anos de governo. O agora ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) assume a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o economista e ex-secretário da Fazenda de Pernambuco Marcelo Barros passará a comandar a Secretaria de Educação e Esportes. A cerimônia ocorreu após a transmissão de cargo de Geraldo Julio (PSB) para o novo prefeito do Recife João Campos (PSB). 

Geraldo sai da Prefeitura do Recife direto para a secretaria, substituindo o agora ex-secretário,
Bruno Schwambach, que em 2021 vai fazer um curso de alto nível na London Business School, na Inglaterra. Já Marcelo Barros substitui Fred Amâncio, que vai para a Secretaria de Educação do Recife, anunciado pelo prefeito João Campos (PSB). Ele é um dos nomes aproveitados no primeiro e segundo escalão do governo Paulo pelo prefeito. A posse dos novos secretários municipais da capital pernambucana está marcada para este sábado às 10h. 

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"Marcelo Barros tem experiência em gestão e vai dar continuidade a um trabalho importante, que fez com que Pernambuco atingisse a melhor educação pública no Ensino Médio do Brasil. Geraldo Julio, mesmo enfrentando tempos difíceis, fez do Recife uma cidade melhor para se viver. Isso o credencia novamente para ajudar Pernambuco a continuar atraindo empresas, gerando emprego e renda e, acima de tudo, a ser esse Estado da confiança", afirmou o governador.

Geraldo já foi secretário da mesma pasta de Desenvolvimento Econômico e também de Planejamento no governo de Eduardo Campos. Formado em administração e servidor concursado do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), ele concluiu agora oito anos à frente da Prefeitura do Recife. "A pandemia abalou a economia no mundo inteiro e o desafio é sempre muito grande. Precisamos fazer a economia girar, crescer, para poder gerar renda, oportunidade de negócios e emprego para as pessoas”, pontuou. 

Marcelo Barros era diretor-presidente da Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE), antiga Agefepe e já atuou em diversos cargos da administração estadual. Foi secretário de Finanças do Recife entre 2009 e 2010, secretário de Finanças de Ipojuca entre 2013 e 2015, gestor da Pernambuco Participações e Investimentos S.A (Perpart), entre 2015 e 2016 e secretário da Fazenda de Pernambuco (Sefaz-PE), entre 2016 e 2018. 

A pasta de educação é uma das pastas estratégicas apontadas pelo governador e que terá um grande desafio em 2021 com a evasão escolar provocada pela suspensão das aulas presenciais e com a eventual retomada do ensino no pós-pandemia. "Como professor universitário e agora secretário, espero, em 2021, mesmo com a pandemia, que a Educação avance cada vez mais no nosso Estado", afirmou Marcelo Barros.

Geraldo mira 2022

Geraldo Julio ocupará um importante cargo em uma pasta responsável por muitas entregas e com capilaridade em todos os municípios pernambucanos. A sua ida para a gestão estadual possibilita um maior diálogo tanto com os prefeitos com o conjunto do seu partido, o que pode alavancar um eventual projeto para 2022, já que ele é apontado como principal nome para disputar a sucessão de Paulo nas próximas eleições.

Os socialistas negam uma relação direta entre a nomeação e uma candidatura a governador. "Hoje ele já é alguém que é um dos nomes considerados a ser o nosso candidato a governador, não lhe faltam atributos para isso. Se a passagem para a secretaria fortalece essa possibilidade, isso não é o objetivo nem do governador nem dele. Acho que a gente tem que viver os momentos eleitorais, como vivemos agora há pouco com intensidade, a energia própria do momento, mas nem tudo é eleição nem projeto eleitoral", afirmou o deputado federal Tadeu Alencar (PSB).

O líder da bancada de governo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Isaltino Nascimento (PSB) não fala em candidatura, mas coloca o futuro cargo como necessário para a articulação política do PSB no estado nos próximos anos. "O trabalho da gestão do grupo político capitaneado pelo PSB a partir de 2007 se mostrou eficiente e eficaz nas suas propostas e nos resultados, tanto na gestão do recife, nas gestões das alianças municipais como nas entregas. O trabalho de Geraldo Julio será importante nesse processo de aliança e cumprimento dos acordos não só internos do partido como partidos aliados e segmentos com relação política com o PSB", projetou Isaltino.

Mas da oposição, vem as críticas. Oposicionistas dizem ver com estranheza a saída imediata da prefeitura e entrada em uma secretaria estadual. Geraldo deve tomar posse como secretário em janeiro.

A deputada estadual Priscila Krause (DEM) fez uma postagem nas redes sociais em que diz que a nomeação de Geraldo "parece uma operação emergencial" para não deixar o prefeito sem cargo.

"Chama o Bessias! Nem 1 minuto sem cargo público. Parecendo operação emergencial, Geraldo Julio desce às 23h59 do 9º andar da Prefeitura e assume imediatamente, às 0h desta sexta, o cargo de secretário de Estado. É 'pegado no serviço' que eles chamam, né? Aviso aos navegantes: tb (sic) seguimos trabalhando e fiscalizando", afirmou Priscila.

Priscila Krause faz referência a Jorge Bessias, apontado pela então presidente Dilma Roussef (PT) - em telefonema interceptado pela Operação Lava Jato entre ela e o ex-presidente Lula (PT) - como portador do termo de posse de ministro da Casa Civil para ser utilizado pelo petista "em caso de necessidade".

Lula chegou a ser anunciado como ministro da Casa Civil do governo Dilma em 2016, mas a nomeação foi vetada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, ele alegou que o ex-presidente teria intenção de fraudar investigações da Lava Jato sobre ele. Caso se tornasse ministro, ele passaria a ter foro privilegiado, e todas os processos contra ele seguiriam para o STF.

>> Confira outras operações que investigaram supostas irregularidades de contratos na prefeitura do Recife

No ano de 2020, a Prefeitura do Recife foi alvo de sete operações da Polícia Federal que investigam supostas irregularidades na compra de equipamentos e insumos para o combate a pandemia da covid-19.

O ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) também fez uma crítica nesta linha. Ele diz que a nomeação traz estranheza pela "conveniência" em não ficar sem cargo público. "Além do projeto de perpetuação no poder, fica a pergunta: será que Geraldo quer se manter com foro privilegiado? É bom não esquecer as sete operações da Polícia Federal na Prefeitura do Recife durante gestão Geraldo Júlio/PSB para apurar denúncias de corrupção com dinheiro da saúde", disse Mendonça.

 

Ele lembra que o campo político da esquerda vai completar 24 anos no comando da Prefeitura do Recife, somando-se as gestões petistas de João Paulo (PCdoB; prefeito pelo PT) e João da Costa (PT) e socialistas de Geraldo Julio e contando também com o primeiro mandato de João Campos (PSB), que só deve se encerrar em 2024. "No Governo do Estado serão 16 anos. Um projeto de domínio do Estado por um grupo político a serviço de uma família. Continuamos vigilantes defendendo os interesses do Recife e de Pernambuco", completou Mendonça.

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