Entrevista

''Tenho plena confiança em João Campos'', diz Carreras após permanência de petista na Prefeitura do Recife

Após prometer não nomear petistas, João Campos manteve Marcelo Santa Cruz em cargo na prefeitura

Cássio Oliveira Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 26/01/2021 às 10:41
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O CESAR, principal ICT de Pernambuco, teria que se mudar para Manaus para conseguir manter suas atividades como estão hoje. Precisamos mudar isso na Câmara", disse Felipe Carreras - FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
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O deputado federal Felipe Carreras (PSB) disse ter plena confiança no trabalho de João Campos (PSB) e que o fato de o prefeito do Recife ter mantido o ex-vereador de Olinda pelo PT, Marcelo Santa Cruz, no comando da Gerência de Articulação em Direitos Humanos/Memória, Verdade e Justiça, não o incomodou. Enquanto candidato, João foi enfático ao afirmar que não haveria indicação política do Partido dos Trabalhadores no seu governo.

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"Tenho plena confiança em João Campos, conheço sua história, sua forma de fazer política. Ele nomeou Marcelo Santa Cruz, que é um nome nacional em defesa dos direitos humanos. E pelo que li, não é um quadro do PT, não é cota do PT, é uma cota pessoal de João. Acho que ele (João) vai seguir cumprindo o que ele falou e Marcelo é uma pessoa que poderá colaborar com a gestão, não é secretário, vai colaborar pela sua militância em direitos humanos", afirmou Carreras em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta terça-feira (26). 

O próprio Marcelo Santa Cruz disse ao JC que sua manutenção do cargo, ocupado desde 2019 à convite do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB), não ocorreu por indicação política. Ele havia se desfiliado do PT em 2017, mas retornou ao partido em 2020 para tentar fazer parte da chapa de João Paulo (PCdoB) como candidato a vice-prefeito em Olinda. O plano, no entanto, não deu certo, pois a Executiva Nacional petista acabou indicando Vivian Farias para o posto.

Apesar de continuar nas hostes petistas, Marcelo explica que não ocupa nenhum cargo na executiva e nem participa de reuniões deliberativas. “Não é uma indicação do PT, mas dos movimentos sociais. A Comissão da Memória, Verdade e Justiça, em seu relatório, estabelece que o município e as prefeituras precisam contribuir com a preservação desse trabalho e eu fui escolhido para fazer parte”, afirmou.

João Campos

A Prefeitura do Recife também se manifestou sobre o assunto, afirmando que “a tentativa de associar qualquer conotação política-partidária à nomeação” de Marcelo Santa Cruz “soa como um grande desrespeito à história de uma pessoa que dedica sua vida à luta por liberdade, pela democracia e pela garantia de direitos humanos”. De acordo com a nota encaminhada pelo Executivo municipal, “o ingresso a gestão é fruto de indicação pessoal por parte do prefeito João Campos”.

Impeachment

Durante a entrevista, Carreras ainda reafirmou seu posicionamento contrário ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que, apesar de toda a pressão que está havendo pela abertura do processo, é preciso lembrar que apenas o presidente da Câmara dos Deputados tem a prerrogativa de levar um impedimento adiante. "Por mais que haja falas inconsequentes, erros na condução da pandemia, falta de integração com governadores e aprovação em queda, o clima de impeachment quem coloca é a eleição do Parlamento. Isso pode esquentar através de imprensa e de setores da esquerda, mas a população precisa saber que quem tem poder de começar o impeachment é o presidente da Câmara, e Rodrigo Maia (DEM) tem 61 pedidos na gaveta e não iniciou nenhum", declarou o deputado.

Felipe Carreras disse, também, que Maia está mais preocupado atualmente com a sua sucessão na Casa e que o Brasil precisa concentrar seus esforços na campanha de vacinação contra a covid-19. "Ele (Maia) está coordenando o processo sucessório com Baleia (Rossi, MDB), escolhido por ele e apoiado por PT, PDT e parte do PSB. A política quer enrolar o povo, mas o povo não é besta. Seria cômodo dizer que é importante o impeachment, posso perder voto pela minha posição, mas não se não fizesse assim não teria coerência. O Brasil passa por um momento difícil, delicado e a prioridade é a vacinação. Começar um impeachment e derreter a economia é um castigo que se daria ao presidente, mas maior o penalizado seria o povo", pontuou.

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