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Gilmar Mendes critica Moro, diz que Lava Jato apoiou Bolsonaro e tentou derrubar Temer

"Eles não só apoiaram como depois passam a integrar o governo Bolsonaro", afirmou o ministro em referência ao ex-juiz Sérgio Moro

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De O Povo para a Rede Nordeste

Publicado em 16/02/2021 às 16:24
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou em entrevista à BBC News Brasil na segunda-feira, 15, que “a [Operação] Lava Jato tinha candidato e tinha programa no processo eleitoral” de 2018, e que “eles não só apoiaram como depois passam a integrar o governo” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em referência à atuação de Sérgio Moro como ministro da Justiça.

“Se nós olharmos, a Lava Jato tinha candidato e tinha programa no processo eleitoral. E atuou, inclusive, para perturbar o Brasil em termos institucionais. [...] Depois a Lava Jato atua na prisão do Lula. Depois, prestes à eleição, divulga o chamado depoimento ou delação do Palocci, tentando influenciar o processo eleitoral, depois o Moro vai para o governo Bolsonaro? Portanto eles não só apoiaram como depois passam a integrar o governo Bolsonaro. Tudo isso indica uma identidade programática entre o movimento e o bolsonarismo”, apontou o ministro.


Mendes também declarou que a Lava Jato atuou para derrubar o governo do presidente Michel Temer: “Ali se via que era não só uma ação policial, mas uma ação política”. Gilmar não poupou Moro, e classificou a relação do juiz com o então promotor da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, como “tudo o que não condiz com a relação entre promotor e juiz”.

O STF se prepara para, em breve, julgar um pedido da defesa do ex-presidente Lula para anular a condenação no caso do tríplex do Guarujá, pelo qual o petista foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão por Moro, em 2017. A pena, posteriormente, foi ampliada para 12 anos e 1 mês pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).

No pedido de anulação, a defesa sustenta que Moro não foi imparcial. Entre as provas citadas, está o aceite do ex-juiz para integrar o governo de Jair Bolsonaro, então maior adversário político de Lula. A tese também ganhou força após a divulgação das mensagens entre Moro e a equipe da Lava Jato, nas quais o então magistrado orientava como os procuradores deveriam agir.

“Há muita discussão sobre uma atividade de promotor do juiz Moro. E a atividade de cooperação entre ele e a força-tarefa, a condução proativa que ele fazia do processo, os limites que ele impunha à defesa. E a defesa está tentando caracterizar tudo isso como elementos de suspeição, a inexistência de um juiz imparcial. É isso que vamos examinar”, explicou o ministro.

O julgamento de Lula está no STF desde dezembro de 2018. À época, foi pedido um habeas corpus para evitar a prisão do ex-presidente, o que foi negado pelo relator do caso, o ministro Edson Fachin. O julgamento em si do caso, que visa a anulação da condenação, também é de relatoria de Fachin, mas foi adiado por um pedido de vistas de Gilmar Mendes. Agora, deve ser retomado.

Ainda sobre a Lava Jato, a despeito das críticas que tece à operação, Mendes acredita que a força-tarefa “sem dúvida nenhuma é uma iniciativa importante num contexto de grave corrupção política”, mas que pretendeu se tornar algo além de uma operação, “pretendeu se tornar um movimento político, senão até um partido político”.

Mendes também declarou que a Lava Jato atuou para derrubar o governo do presidente Michel Temer: “Ali se via que era não só uma ação policial, mas uma ação política”. Gilmar não poupou Moro, e classificou a relação do juiz com o então promotor da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, como “tudo o que não condiz com a relação entre promotor e juiz”.

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