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'Vamos destruir o vírus, e não atacar o governo', diz Bolsonaro

Diante da pressão para o combate à covid-19, o presidente pediu nesta segunda-feira (22) que o novo coronavírus seja o foco do "ataques" e não o seu governo

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Estadão Conteúdo

Publicado em 22/03/2021 às 20:02
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Diante da pressão para o combate à pandemia da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro pediu nesta segunda-feira (22) que o novo coronavírus seja o foco do "ataques" e não o seu governo. O chefe do Executivo reforçou ser contra uma política de lockdown e pediu para que a covid-19 não seja politizada.

O apelo ocorre após pesquisas de opinião mostrarem queda na avaliação do governo quanto à atuação durante a crise sanitária. "Vamos destruir o vírus, e não atacar o governo. Não pode essa questão continuar sendo politizada em nosso Brasil", disse em evento do Palácio do Planalto nesta tarde.

Com ironia, o presidente chegou a dizer que adotaria a política de lockdown por 30 dias, caso esta de fato funcionasse. "Se ficar em lockdown 30 dias e acabar com o vírus eu topo, mas sabemos que não vai acabar", declarou. "Pesquisas sérias dos Estados Unidos mostram que a maior parte da população contraiu o vírus em casa", disse sem citar fontes.

Em seguida, o chefe do Executivo afirmou que só mudaria o seu discurso contra políticas de isolamento e de restrição de circulação caso fosse convencido da eficácia dessas ações. "Eu devo mudar meu discurso? Eu devo me tornar mais maleável? Eu devo ceder? Fazer igual a grande maioria está fazendo? Se me convenceram do contrário, faço, mas não me convenceram ainda. Devemos lutar é contra o vírus, e não contra o presidente", acrescentou.

A política de isolamento é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que a avalia como a melhor alternativa para conter a propagação do vírus. No seu discurso, contudo, Bolsonaro usou a instituição para embasar a sua defesa pessoal contra o isolamento.

Ele citou fala de David Nabarro, enviado especial da OMS, durante uma entrevista para a revista britânica The Spectator. Na entrevista original, Nabarro diz que é preciso encontrar uma forma de retomar a vida social e a atividade econômica sem que isso signifique aumento no número de casos e mortes pela covid-19.

O enviado cita que uma consequência dos fechamentos é "tornar pobres mais pobres", mas, em nenhum momento, diz para governantes não confiaram nas políticas de fechamento. "Diz então a OMS que a única consequência do lockdown é transformar as pessoas pobres em mais pobres. E alguns no Brasil querem que eu decrete lockdown, me chamam de negacionista, ou de ter um discurso agressivo", comentou Bolsonaro depois de citar a entrevista.

Apesar de o País passar pelo momento mais grave da pandemia e avançar de forma lenta na vacinação, Bolsonaro elogiou o trabalho desempenhado pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Orgulho em ter o ministro Pazuello, o trabalho que fez no tocante à vacina", disse. O chefe do Executivo citou que Marcelo Queiroga, indicado para suceder Pazuello, é um "médico experiente" e dará continuidade ao trabalho desempenhado até então na pasta agora "muito mais voltada para a questão da medicina".

O presidente ressaltou ainda as negociações do governo para a compra de imunizantes e justificou que outros países no mundo também enfrentam problemas quanto à vacinação. "Está faltando vacina? Queríamos mais, mas dentro da disponibilidade do mundo, somos realmente algo excepcional. Qual país do mundo não tem problema com vacina? Contratamos até o final do corrente ano 500 milhões de doses de vacina", disse. Ele prometeu que "daqui poucos meses" o País irá fabricar e exportar imunizantes, uma vez que tenha condições de produzir o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) das imunizações.

Na tarde de hoje, Bolsonaro assinou decreto que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). O presidente também sancionou projeto de lei em prol de portadores de visão monocular (cegueira de um dos olhos). A cerimônia para as assinaturas de projeto considerado positivos para a imagem do governo foi fechada à imprensa, mas transmitida ao vivo - fato que desagradou Bolsonaro.

Com a popularidade abalada por conta das críticas quanto ao enfrentamento da crise sanitária, o presidente deu "uma bronca pública" direcionado a sua assessoria. "Num momento como esse não pode minha assessora deixar a imprensa lá fora. É inadmissível isso daí, é uma bronca, uma bronca pública. Isso é inadmissível", disse.

Militares

Bolsonaro também disse nesta segunda que recorrerá ao Ministério da Defesa para tentar reforçar a campanha de vacinação no País. Porém, o presidente não entrou em detalhes se a demanda foi solicitada pelo Ministério da Saúde. A ideia faz parte de uma recente mudança no tom do presidente em favor dos imunizantes.

"Vou levar hoje à Defesa a possibilidade dos batalhões nossos ajudarem na vacinação", disse Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada. O chefe do Executivo citou ainda que o Brasil poderá "daqui alguns meses" vender vacinas. A proposta já havia sido mencionada pelo mandatário antes. "Hoje, só lá embaixo na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), são 5 milhões (de doses da vacina produzidas) por semana. Já começamos a produção", afirmou

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