Kit intubação

Priscila Krause questiona envio de medicamentos de Pernambuco para outros Estados: "contribuinte recifense pagará por isso?"

De acordo com o Governo de Pernambuco, seis estados do Nordeste e um da região Norte receberam fármaco que integra kit intubação proveniente de lote adquirido pela Prefeitura do Recife

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Renata Monteiro, Ana Maria Miranda

Publicado em 21/04/2021 às 9:54 | Atualizado em 21/04/2021 às 10:15
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Após o Governo de Pernambuco informar que cerca de 36% do Propofol comprado pelo Recife em 2020 foi encaminhado a sete estados, portanto, não foi utilizado por pacientes pernambucanos, a deputada estadual Priscila Krause (DEM) cobrou documentação que oficialize a operação e questionou se os valores envolvidos serão custeados pelos contribuintes da capital pernambucana.

O Propofol é um fármaco que compõe o "kit intubação", utilizado em pacientes com a forma grave da covid-19 e que está em falta em vários estados do País. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), parte dos produtos adquiridos pela Prefeitura do Recife, que venceriam no próximo dia 30, foram encaminhados há cerca de duas semanas para seis estados do Nordeste e um da região Norte.

Neste período, a deputada havia denunciado que os produtos estariam sem uso em um estoque da Secretaria de Saúde do Recife. A gestão municipal afirma que os itens teriam sido disponibilizados para uso do Sistema Único de Saúde (SUS) desde dezembro de 2020.

"Apesar da declaração do secretário de Saúde, dr. André Longo, em resposta a uma pergunta minha, merecer credibilidade, aguardamos toda a documentação que oficialize essa operação. Para quais estados? Quantos? Foi doação ou se repassou com custo para os estados beneficiados? O contribuinte recifense pagará por isso", questionou a deputada, em uma postagem no Instagram.

Priscila Krause destacou ainda que, caso os fármacos realmente tenham sido repassados a tempo (antes de vencer), fica "aliviada" de ter feito a parte dela "em defesa de tantos pacientes Brasil afora".

No início da noite de terça-feira (20), a SES informou que os estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe, na região Nordeste, além do Amapá, no Norte, receberam 215.400 ampolas do sedativo Propofol que faziam parte de um lote com 591 mil unidades do produto adquiridas pela Prefeitura do Recife em abril de 2020 (o que representa 36% do total).

Na postagem, Priscila Krause afirmou que "o que ocorreu na Secretaria de Saúde do Recife na gestão Geraldo Julio não foi algo compatível com as práticas republicanas e corretas que devem guiar a administração pública" e elencou "compras gigantescas, milionárias, suficientes para anos e anos de uso. Do Recife, de Pernambuco, do Nordeste inteiro. Adquiridas sem licitação, através de processos cheio de irregularidades".

A deputada finaliza o texto dizendo que seguirá firme e confiante nos órgãos de controle: "O cidadão pernambucano não será vítima duas vezes: da pandemia e da corrupção".

Na terça (20), o secretário estadual de Saúde, André Longo, participou de uma reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e teria confirmado que o Estado recebeu 434 mil ampolas de Propofol da PCR, tendo distribuído parte desse montante para seis estados nordestinos para "nem deixar faltar nem deixar vencer". O auxiliar do governador Paulo Câmara (PSB) não especificou quando esses medicamentos chegaram ao Estado.

"No cenário de grande escassez dos medicamentos do chamado kit intubação no mercado brasileiro, a remessa tem tido papel fundamental para a garantia da assistência adequada aos usuários do SUS em Pernambuco. Além disso, o abastecimento regular da medicação no estoque estadual ainda possibilitou a cessão de 215.400 ampolas do sedativo para os Estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe, que integram o Consórcio Nordeste. O envio do fármaco aos Estados ocorreu na primeira semana de abril, após solicitação das secretarias estaduais de Saúde. Uma remessa também foi encaminhada para o Amapá diante da escassez e dificuldade na aquisição do medicamento. A solicitação ocorreu por meio do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)", afirmou a SES, em seguida, através de nota.

No texto, a pasta diz que o empréstimo de medicamentos e insumos entre os entes federados que integram o SUS é de responsabilidade solidária, especialmente diante de uma pandemia como a que estamos atravessando.

A SES reforça, ainda, que tem conseguido manter os estoques de medicamentos para garantir o pleno funcionamento de toda a rede estadual e a assistência aos pacientes. "O monitoramento é realizado permanentemente por meio do Comitê de Enfrentamento à Covid-19. Atualmente, a rede pública de saúde conta com estoque garantidor dos suprimentos e paralelamente, a SES-PE também está agilizando processos de aquisição e realizando compras para evitar a falta de medicamentos e materiais. Para evitar o desabastecimento também ocorre, em todas as unidades da rede, o estímulo ao uso racional e adequado dos insumos já em estoque", garante o Executivo estadual.

A DENÚNCIA

No dia 6 de abril, Priscila Krause esteve no almoxarifado central da Secretaria de Saúde do Recife para verificar se milhares de equipamentos, insumos e medicamentos adquiridos pela Prefeitura do Recife em 2020 para o combate à pandemia estavam sendo utilizados, pois análises do Relatório de Estoque de Material de Consumo entregue pelo ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) à nova gestão, em dezembro de 2020, apontavam que não. Segundo a deputada, a sua entrada no imóvel foi barrada por funcionários da administração municipal.

No mesmo dia, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE) enviou um alerta de responsabilização à secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque, para que todo o estoque fosse posto em utilização imediatamente. Na época, a prefeitura afirmou que, em parceria com o Governo do Estado, "distribuiu 434 mil unidades do seu estoque (de Propofol) para atender aos pacientes com covid-19 pelo SUS ainda em dezembro de 2020" e que "o recebimento do medicamento se deu pelo Termo de Cooperação para o enfrentamento da pandemia, celebrado entre PCR e Governo".

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