MINUTA

Governo prepara decreto para proibir redes sociais de apagarem posts, após Bolsonaro ter vídeos retirados do ar

Em evento no Ministério das Comunicações, no começo de maio, Bolsonaro já tinha dito que estava prestes a editar um decreto para garantir a liberdade nas redes

Imagem do autor
Cadastrado por

Marcelo Aprígio

Publicado em 20/05/2021 às 11:38 | Atualizado em 20/05/2021 às 11:48
Notícia
X

O governo Bolsonaro está preparando um decreto para limitar a atuação de redes sociais no Brasil e proibir que sites e plataformas apaguem publicações ou suspendam usuários. O texto, que altera o decreto já existente e que hoje regula o Marco Civil da Internet, foi elaborado nas últimas semanas pela Secretaria Especial de Cultura, sob comando do ator Mario Frias, e recebeu parecer favorável da Advocacia-Geral da União (AGU).

Se aprovado pelo Palácio do Planalto, o decreto será editado após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ter tido, nos últimos meses, publicações e vídeos retirados do ar pelo Facebook e pelo Google sob a alegação de que propagavam informações falsas ou sem comprovação. Além disso, nos bastidores, interlocutores do governo afirma que as medidas visam impedir que o chefe do Executivo Federal seja expulso das plataformas como aconteceu com o ex-presidente americano Donald Trump.

Recentemente, expoentes do bolsonarismo tiveram suas contas bloqueadas ou limitadas. Além disso, publicações propagando o uso de tratamentos contra a covid-19 sem comprovação científica foram tirados do ar.

Em evento no Ministério das Comunicações, no começo de maio, Bolsonaro já tinha dito que estava prestes a editar um decreto para garantir a liberdade nas redes.O controle sobre as plataformas é uma das bandeiras encampadas pela ala mais radical do governo, que vê na política atual dos provedores uma forma de censura.

 

Em abril deste ano, o Facebook classificou uma publicação do presidente Jair Bolsonaro como “informação falsa”. No mesmo mês, o YouTube removeu um vídeo de Bolsonaro em que o presidente defendia tratamento sem eficácia contra a covid-19.

Regras do decreto

Segundo o decreto, os provedores de serviço só poderão agir por determinação da Justiça ou para suspender perfis falsos, automatizados ou inadimplentes. O bloqueio de conteúdos sem decisão judicial também só poderá ocorrer em casos específicos, como nudez, apologia ao crime, apoio a organizações criminosas ou terroristas, violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente e incitação de atos de ameaça ou violência. 

Outra mudança prevista na minuta do decreto, que foi encaminhada para o Planalto e outros ministérios na semana passada, é a transferência da responsabilidade pela fiscalização do cumprimento da lei, que hoje é da Anatel e Secretaria do Direito do Consumidor, para o Ministério do Turismo, que abriga a Secretaria Nacional de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual. A pena para quem não cumprir o decreto vai de multa de 10% do faturamento até suspensão de atividades.

A medida afeta não apenas grandes sites, mas também os de menor porte, como páginas de vaquinha virtual, por exemplo.

Discussão no Congresso

Atualmente, o Congresso Nacional já discute a questão da moderação das redes sociais. Uma das propostas exigiria que as empresas apresentassem relatórios de transparência indicando que tipo de conteúdo retiraram do ar.

Embora temas polêmicos, como a defesa do uso da cloroquina ou a propagação de notícias falsas ganhem destaque, a moderação de conteúdo por parte dessas plataformas é um dos pilares da internet atualmente. As redes sociais, por exemplo, possuem sistemas automáticos que tentam evitar a propagação de conteúdo criminoso, como fraudes ou golpes.

O projeto em análise na Câmara prevê a elaboração de um código de regulação das redes pelo Conselho de Transparência e Responsabilidade na Internet, que será instituído pelo Congresso, com participação dos setores públicos, privado, da sociedade civil e da academia.

Com informações de O Globo e Veja.

Tags

Autor