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"Caguei para a CPI. Não vou responder nada", diz Bolsonaro sobre carta enviada por senadores

Segundo o presidente, o colegiado é composto por picaretas e patifes que estão preocupados em desgastar o governo

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Estadão Conteúdo

Publicado em 08/07/2021 às 20:28 | Atualizado em 08/07/2021 às 22:09
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), usando palavrões, disse nesta quinta-feira (8) que não irá responder os questionamentos da CPI da Covid sobre as denúncias de corrupção no governo. Segundo o presidente, o colegiado é composto por picaretas e patifes que estão preocupados em desgastar o governo.

"Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei! Caguei para a CPI. Não vou responder nada. São sete pessoas que não estão preocupadas com a verdade", afirmou o presidente durante transmissão semanal ao vivo pelas redes sociais. Mais cedo, o colegiado enviou carta à Presidência da República cobrando uma resposta sobre as denúncias feitas pelos irmãos Miranda de irregularidades na contratação de vacinas contra a covid-19, as quais teriam sido relatadas a Bolsonaro, que não teria feito nada.

Segundo Bolsonaro, o relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL) é "aliadíssimo" do seu maior obstáculo para a reeleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo pesquisa XP/Ipespe desta quinta, Lula abriu 12 pontos porcentuais de vantagem em intenções de voto sobre Bolsonaro: 38% a 26%. "O cara Calheiros quer a volta do Lula a qualquer preço, então não vou responder questão de CPI para esses caras", completou Bolsonaro.

Entre soluços - que Bolsonaro alega ser efeito colateral de um tratamento dentário do último sábado (3) -, o presidente chamou Calheiros de "imbecil", o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), de "hipócrita" e o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), de "analfabeto". Ao fim, Bolsonaro disse que não tem paciência para ouvi-los e pediu desculpas pelos palavrões usados.

A carta enviada pela CPI da Covid

cúpula da comissão enviou uma carta a Bolsonaro nesta quinta-feira, 8, na qual cobra do presidente que confirme ou desminta as declarações feitas pelos irmãos Miranda sobre o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR). O deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, dizem que relataram suspeitas de irregularidade na compra da vacina indiana Covaxin ao presidente no dia 20 de março. Segundo eles, Bolsonaro teria atribuído as suspeitas a "um rolo" de Barros.

Bolsonaro se tornou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do episódio, que investiga se o chefe da nação teria cometido o crime de prevaricação no caso.

Na carta assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), os senadores pedem que Bolsonaro responda aos questionamentos em caráter de urgência, diante da "gravidade" das imputações feitas a uma "figura central" da administração pública. "Que vossa excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luis Miranda", cobram.

A cúpula descreve ainda que tomou essa iniciativa de maneira formal tendo em vista que, após 13 dias das declarações de Miranda, o presidente não teria feito qualquer manifestação "afastando, de forma categórica, pontual e esclarecedora" as graves afirmações atribuídas a ele, e que recaem ainda sobre o líder do governo na Câmara. O deputado nega envolvimento no caso

"Somente Vossa excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros, o qual serve seu governo em uma função proeminente", dizem.

Os senadores afirmam que o propósito da carta é de colaboração, esclarecimento e elucidação dos fatos, e que a manutenção do silêncio de Bolsonaro em relação a este fato específico cria uma situação "duplamente perturbadora".

"De um lado, contribui para a execração do deputado Ricardo Barros, ao não contar com desmentido firme e forte daquele que participou da conversa com os irmãos Miranda. Segundo, ao não desmentir o relato do deputado Luis Miranda, impede-se que, em não sendo verdadeiras as referenciadas informações, sejam tomadas medidas disciplinares pertinentes, porquanto é inadmissível que um parlamentar, no exercício do mandato, faça tal afirmação envolvendo o Presidente da República e Líder do governo, e sendo inverídica, não responda por este grave ato", afirmam os senadores.

A cúpula escreve ainda que caso Bolsonaro desminta de forma assertiva as palavras de Miranda, a CPI se compromete a solicitar do deputado esclarecimentos adicionais e provas do que disse, e, na hipótese de não haver provas, tornar claro que se trata apenas de um "conflito de versões".

Os senadores encerram a carta citando um versículo bíblico diversas vezes citado por Bolsonaro. "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". "Diante do exposto, rogamos a Vossa Excelência que se posicione, de maneira clara, cristalina, republicana e institucional, inspirando-se no Salmo tantas vezes citado em suas declarações em jornadas pelo País", conclui a cúpula da CPI.

 

 

 


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