Nove partidos se reúnem para buscar alternativa a Lula e Bolsonaro nas eleições de 2022
Em almoço na sede do PSDB em Brasília, siglas debateram a próxima eleição presidencial
Na tentativa de construir uma alternativa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2022, lideranças de nove partidos fizeram, nesta quarta-feira (18) mais uma reunião para alinhar ideias. Em um almoço realizado em Brasília, na sede do PSDB, presidentes de seis partidos - PSDB, DEM, MDB, Cidadania, Podemos e PV - debateram sobre os rumos do pleito do ano que vem. O fato é que seguem sem encaminhar nenhuma posição.
O encontro teve a presença do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, pré-candidato ao Planalto pelo DEM, e líderes partidários, como o deputado Efraim Filho (DEM-PB) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Ao sair do almoço, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), reconheceu a dificuldade apontada pelas pesquisas eleitorais, hoje polarizadas entre Lula e Bolsonaro, mas adotou um tom otimista e avaliou que o cenário pode mudar.
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"Isso (pesquisas eleitorais) é um reflexo do momento. Temos essa consciência que hoje temos uma visão muito extremada da sociedade e da própria disputa política, dos dois extremos que contrapondo", declarou Rossi.
O dirigente partidário afirmou que a meta é que os partidos se unam e formem apenas uma candidatura de consenso. "Se dividir o centro democrático, você perde competitividade. Em contrapartida, se nós estivermos unidos, podemos oferecer uma boa opção para a população", afirmou.
Dispersos em várias possibilidades de candidaturas, nenhum nome da chamada terceira via conseguiu marcar mais de dez pontos porcentuais na última pesquisa XP/Ipespe. Apesar disso, ainda há uma profusão de nomes que são apontados com candidatos dentro dos nove partidos: os governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), a senadora Simone Tebet (MDB), o apresentador José Luiz Datena (PSL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), Mandetta e o ex-ministro Sergio Moro.
"Cada reunião que a gente faz, a gente fortalece esse vínculo. O mais importante é mostrar que esses partidos estão discutindo uma pauta para o País, um projeto para o País e buscando uma identidade para que a gente possa fazer nos próximos meses uma discussão já com nomes que cada partido colocará", avaliou Baleia.
O grupo de partidos ainda tem a participação do Novo, PSL e Solidariedade. Representantes dos nove partidos têm um grupo no WhatsApp onde debatem sobre a disputa de 2022.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, minimizou a grande quantidade de nomes e disse que os debates entre os partidos sinalizam que haverá unidade entre eles no próximo pleito e que muitos dos postulantes hoje colocados podem desistir de tentar o Planalto.
"Os candidatos que porventura sejam desses partidos sabem que os presidentes desses partidos estão discutindo e não ficam imaginando que vão ser candidatos de qualquer jeito. Não é assim", declarou.
Pesquisa XP-Ipespe divulgada ontem, 17, deixa claro as dificuldades que o campo de terceira via ainda enfrenta. Lula pontuou 40% das intenções de voto em uma simulação de primeiro turno, Bolsonaro marcou 24% e Ciro Gomes (PDT), 10%. O pedetista também quer construir uma alternativa aos dois primeiros colocados, mas não está alinhado com o bloco de nove partidos.
Representantes da terceira via almejada pelos nove partidos não chegaram a dois dígitos. Sérgio Moro, que flerta com o Podemos sobre uma possível candidatura, tem 9%; e Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Leite, 4% cada.
Em um segundo cenário pesquisado, com o governador de São Paulo, João Doria, o apresentador de TV José Luiz Datena e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a diferença entre Lula e Bolsonaro cai para 9 pontos porcentuais. Neste cenário, Lula registra 37% das intenções de voto, e Bolsonaro 28%. Na sequência, Ciro tem 11%, Mandetta, Doria e Datena aparecem com 5% cada um, e Pacheco com 1%.
No almoço, os presidentes partidários também debateram sobre a análise pela Câmara da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, usada por Bolsonaro para questionar a legitimidade da eleição de 2022. A avaliação geral foi de surpresa pela quantidade de votos favoráveis que Bolsonaro conseguiu, mas que foi bem-sucedida a articulação feita pelos dirigentes contra aprovação da medida.