Marília defende candidatura do PT, mesmo que PSB apoie Lula
Ela também cobrou uma autocrítica dos socialistas sobre as eleições de 2020 no Recife
Adversária do PSB no plano local, a deputada federal Marília Arraes (PT) defende que o PT lance um candidato próprio ao Governo de Pernambuco mesmo que o PSB declare apoio ao ex-presidente Lula (PT) na corrida presidencial. Ela também cobrou uma autocrítica dos socialistas sobre as eleições de 2020 no Recife.
A fala de Marília, ao jornal O Globo, ocorre após o encerramento do giro de Lula pelo Nordeste, que começou literalmente com um jantar no Palácio do Campo das Princesas com o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, João Campos, ambos do PSB. Entre os socialistas, outras hipóteses são apoiar Ciro Gomes (PDT) ou lançar candidatura própria à Presidência.
Pouco antes do encontro no Palácio, o PT de Pernambuco disse a Lula que está disposto a abrir mão de uma candidatura estadual se essa for a melhor estratégia para a sigla retornar ao Palácio do Planalto. Marília também teve um encontro reservado com Lula neste dia. Procurada pelo JC, através de sua assessoria, a deputada não retornou ao pedido de entrevista.
"A conversa com o PSB é, antes de tudo, nacional. Eu defendo que o presidente Lula busque alianças não só do PSB, mas de partidos de centro que apoiem a democracia. Em Pernambuco, defendo uma candidatura própria, mesmo que o PSB decida apoiar Lula. Já me coloquei mais de uma vez à disposição. A prioridade é a eleição de Lula para presidente", disse Marília, ao Globo.
Questionada se poderia disputar o governo, a petista disse que se colocou à disposição do partido "não só por ler análises de pesquisa". "Acredito que o PT no meu estado tem o potencial maior do que é aproveitado", justificou.
Marília teve uma candidatura ao governo rifada em 2018, quando o PT decidiu apoiar a reeleição de Câmara em troca do apoio nacional do PSB. Em 2020, porém, o partido permitiu que ela disputasse a Prefeitura do Recife. Ela chegou ao segundo turno contra o primo, João, que fez uma campanha fortemente marcada pelo antipetismo. Ele é um dos principais nomes no PSB contra o apoio a Lula.
"É preciso disputar com respeito, coisa que não aconteceu aqui no Recife no segundo turno. Foi uma baixaria como nunca se viu. Tem que haver diálogo com respeito e civilidade", criticou a deputada, na entrevista.
Ela também disse não ter nenhuma relação com João Campos após a eleição. "É algo que pode ser alvo de diálogo tendo em vista o cenário nacional. Essa eleição foi dura, mas quando a gente sofre ataques dessa forma faz a gente crescer e amadurecer. Levo como aprendizado. Não podemos fazer política olhando para o retrovisor, mas é preciso memória e mostrar que disputa política não se faz desse jeito. Cobram tanto autocrítica do PT, mas é preciso que o PSB faça uma autocrítica sobre o que foi feito para podermos olhar pra frente", disse.